Bolsa de Nova York tem maior queda em sete anos

Bolsas da Ásia e Europa amanhecem com forte queda nesta terça-feira (6/02)

Estadão Conteúdo
06/Fev/2018
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Bolsa de Nova York tem maior queda em sete anos

Após a Bolsa de Nova York registrar a maior queda desde agosto de 2011, os mercados asiático e europeu também tiveram uma forte retração nesta terça-feira (6/02).

Na Europa, a abertura das bolsas está sendo considerada a pior desde junho de 2016, segundo a agência especializada em mercado Bloomberg.

Em Frankfurt, a Bolsa abriu com desvalorização de 3,58%; Paris registrou retração de 3,43% e Londres de 3%. Milão também teve um péssimo início, com queda de 3,6%.

O mesmo movimento negativo foi visto em todas as bolsas asiáticas, que já encerraram as negociações do dia. Enquanto em Tóquio o índice Nikkei despencou 4,7%, as bolsas chinesas também apresentaram forte queda: Shenzhen caiu 4,4% e a de Xangai despencou 3,3%.

A Bolsa de Sydney registrou desvalorização de 3,2% e a sul-coreana de Seul teve uma diminuição menor, de 1,5%.

O temor de que a economia americana entre em uma fase de superaquecimento provocou pânico nesta segunda-feira (5/02), no mercado acionário dos EUA, que fechou com a maior queda em pontos da história.

O movimento de venda acentuou perdas registradas na sexta-feira e se espalhou por Bolsas na Europa, Ásia e América Latina.

Sob esse efeito, em São Paulo, o Ibovespa - com as principais ações em negociação na B3 - acompanhou a queda de seus pares em Nova York, porém, em ritmo um pouco mais contido. O índice fechou em baixa de 2,59%, aos 81.861,08 mil pontos.

Em termos percentuais, o tombo no exterior foi o maior desde 2011 e anulou os ganhos obtidos pelos investidores em 2018.

O índice Dow Jones sofreu a maior perda diária em pontos da história, ao ceder 4,60%, aos 24.345,75 pontos. O S&P 500 recuou 4,10% e o Nasdaq fechou em baixa de 3,78%. Ao longo do pregão, o Dow Jones chegou a despencar mais de 6%.

O grande temor do mercado é que a maior economia do mundo enfrente pressões inflacionárias que levem o Federal Reserve a aumentar a taxa de juros em ritmo mais acelerado que o gradualismo projetado por Janet Yellen e seu sucessor, Jerome Powell, que tomou posse ontem.

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Dados sobre emprego divulgados na sexta-feira (2/02), pelo governo mostraram uma alta de 2,9% no salário-hora pago aos trabalhadores americanos, impulsionada pela queda do desemprego a 4,1% e um aperto do mercado laboral.

Em dezembro, o Congresso aprovou corte de impostos de US$ 1,5 trilhão, que equivale a um estímulo fiscal no momento em que a economia está com pleno emprego e crescimento superior a 2,5% anualizados.

“É possível que a reforma tributária leve a um superaquecimento. A economia está crescendo a um ritmo próximo de sua capacidade e o desemprego está em 4,1%”, disse Michelle Meyer, economista-chefe do Bank of America Merrill Lynch. Segundo ela, esse é o cenário que os investidores passaram a contemplar a partir de sexta-feira.

Até então, a narrativa predominante era a de que o corte de impostos levaria ao aumento de investimentos e produtividade, o que garantiria um longo período de crescimento sustentável sem pressão inflacionária, observou Meyer.

“Nós ainda não sabemos qual será o impacto da reforma tributária e qual dessas duas possibilidades vai se concretizar.” A economista ressaltou que não há indícios de que a inflação sairá de controle e manteve sua previsão de que haverá três altas de juros neste ano, cada uma de 0,25 ponto porcentual. Sua estimativa é de que o PIB crescerá 2,7%.

Julia Coronado, fundadora da MacroPolicy Perspectives, também não vê ameaças inflacionárias no horizonte. “Não acredito que a pressão de preços vá colocar em xeque a alta gradual de juros”, avaliou.

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Coronado disse que o mercado acionário estava movido por expectativas não realistas em relação ao impacto do corte de impostos e que uma correção era necessária.

A economista, que trabalhou durante oito anos para o board de governadores do Fed, também vê a possibilidade de que a reforma tributária provoque superaquecimento da economia, mas observou que ainda é muito cedo para chegar a uma conclusão definitiva sobre seu impacto. Mas alguns analistas já deram seu veredicto:

“Nós estamos colocando tremenda quantidade de gasolina no fogo”, disse ao New York Times Rick Rieder, da gestora de investimentos BlackRock.

Em entrevista que concedeu na sexta-feira à CNBC, Yellen afirmou que a cotação das ações estava “alta” e manifestou preocupação com preços no mercado imobiliário. “É uma bolha ou está muito alto? Isso é muito difícil dizer. Mas é uma fonte de certa preocupação que a valorização de ativos esteja tão alta”, disse a ex-presidente do Fed em seu último dia no cargo.

Juros em ascensão encarecem o preço do dinheiro para empresas e aumentam o que os consumidores têm de desembolsar por financiamentos, com potencial impacto negativo sobre a expansão econômica.

Além de inflação, os investidores estão preocupados com o aperto de liquidez promovido pelo Fed depois dos anos de expansão monetária que se seguiram à crise global de 2008. O banco central americano está reduzindo a quantidade de bônus do Tesouro dos EUA que tem em carteira.

Por aqui, segundo analistas, a correção dos ganhos acumulados no primeiro mês de 2018 é menos acentuada porque ainda há motivos que dão sustentação às perspectivas mais otimistas na cena doméstica, muito embora assuntos como a reforma da Previdência estejam parcialmente precificados.

Perto do fechamento da sessão, o índice à vista da Bolsa brasileira acompanhou uma sequência forte de mínimas em Wall Street e perdeu, inclusive, o patamar dos 82 mil pontos.

O índice fechou em baixa de 2,59%, aos 81.861,08 mil pontos, na mínima do dia. Ainda assim, neste ano, o Ibovespa acumula ganhos de 7,15%.

"Vamos acompanhar a tendência das bolsas americanas, em baixa ou alta, mas a magnitude vai ser diferente", disse Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial. Segundo ele, o mercado acionário dos Estados Unidos passa por um processo de desalavancagem (de redução de endividamento) e isso acaba contaminando globalmente.

Para o Brasil, no entanto, ele diz que esse efeito é menor uma vez que o Ibovespa não acompanhou todo o ciclo de alta do mercado americano e, também agora, não deve seguir em todo o ajuste.

Fabricio Estagliano, analista-chefe da Walpires Corretora, complementa afirmando que o recuo é limitado também pela expectativa sobre a cena doméstica, que ainda é positiva e diante da safra de bons resultados nos balanços que estão sendo divulgados.

Para os dois analistas, a cena doméstica contou pouco hoje. Com a agenda vazia de notícias mais relevantes, as declarações de integrantes do governo e de políticos em torno do andamento da Reforma da Previdência foram monitorados. 

"Ainda estamos diante das mesmas notícias e essa falta de novidade corrobora para um cenário negativo", ressaltou Figueredo, que acredita que o tema ganhe fôlego e impacto no mercado após o Carnaval, para quando foi marcada a discussão na Câmara da proposta.

Da carteira de ações mais negociadas da bolsa, chamadas por blue chips, as preferidas dos estrangeiros no Brasil sofreram na sessão desta segunda. As ações ON e PN da Petrobrás foram impactadas pela forte queda das cotações do petróleo no mercado futuro e encerraram em baixa de 4,50% e 4,66%, respectivamente. No setor financeiro, os recuos mais fortes foram notados nas units do Santander (4,07%), Itaú Unibanco PN (3,51%) e Banco do Brasil (2,98%). 

*Com agência Ansa

FOTO: Thinkstock

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