Aumenta o pessimismo entre os micro e pequenos industriais
Pesquisa do Simpi mostra que a preocupação com a inflação e dificuldade para contratar profissionais qualificados estão entre os problemas desses empresários
O pessimismo parece caracterizar o momento atual dos micro e pequenos industriais, segundo números de pesquisa nacional encomendada ao Datafolha pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria (Simpi).
O único dado relativamente positivo capturado nas 707 entrevistas realizadas entre os dias 11 e 31 de setembro foi o que aponta que o nível de inadimplência dos clientes dessas empresas atingiu o menor índice do ano, com uma queda expressiva de 35% para 29% em relação ao bimestre anterior.
Ainda assim, a queda no índice é concentrada apenas entre as micro indústrias, grupo no qual a inadimplência dos clientes caiu de 33% para 25% no período. Por outro lado, as pequenas indústrias registraram aumento de 1%, alcançando 50% de clientes inadimplentes.
Mesmo com mais dinheiro entrando no caixa, e na contramão das previsões do mercado, as expectativas dos micro e pequenos industriais são negativas com relação à inflação. Para a maioria deles (44%), haverá aumento da inflação até o final do ano. Na pesquisa anterior, feita no bimestre junho/julho, 34% esperavam mais pressão de preços.
Por segmento, no grupo das micro indústrias os que esperam alta dos preços passaram de 35%, no bimestre anterior, para 44%. Entre as pequenas indústrias o pessimismo cresceu ainda mais, passando de 27% para 43%.
A percepção negativa em relação à economia afetou os investimentos dessas empresas. Segundo o levantamento do Simpi, houve uma redução de 17% para 13% no volume de investimento nos meses de agosto e setembro, marcando o menor índice da série.
A compra de máquinas e equipamentos foi o que puxou a queda do índice, com redução de 11% para 7%.
Com relação ao emprego, mesmo com a proximidade do final do ano, quando a economia costuma aquecer, o índice de Contratação e Demissão permaneceu estável, aos 100 pontos, mantendo os empregos atuais.
Nesse ponto, um dos problemas apontados pelos micro e pequenos industriais é encontrar profissionais qualificados. A pesquisa mostra que 21% das empresas analisadas têm vagas de emprego abertas, mas não conseguem preencher.
A qualificação da mão de obra disponível foi citada por 56% como o principal obstáculo para a contratação de novos funcionários.
Quando perguntados sobre como os líderes das micro e pequenas indústrias definiriam o grau de planejamento que a empresa adota hoje para os negócios, 45% delas afirmaram que adotam estratégias de curto prazo, enquanto 34% optam pelo médio prazo e 17% pelo longo prazo.
"Esses números refletem os desafios da sobrevivência em um ambiente econômico volátil. No entanto, é muito importante encontrarmos um equilíbrio entre a sobrevivência e os desafios, e uma visão estratégica a longo prazo para garantir o crescimento sustentável das empresas", diz Joseph Couri, presidente do Simpi.
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