A exegese do PT

O PT não é o que parece ser. O PT não diz diretamente o que pretende fazer. Usa de metalinguagem e escreve suas intenções usando palavras que parecem ter um significado, mas têm outro. Normalmente, o oposto.

Paulo Saab
10/Nov/2014
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“Significado de Exegese no Dicionário Online de Português. O que é exegese: s.f. Análise, explicação e/ou interpretação de um texto”.

O PT não é o que parece ser. O PT não diz diretamente o que pretende fazer. Usa de metalinguagem e escreve suas intenções usando palavras que parecem ter um significado, mas têm outro. Normalmente, o oposto.

Vale-se da técnica da linguagem e do método de Gramsci (de dentro para fora, para dominar e mudar sem revolução armada) conquistando eternamente o poder.

A “Resolução Política” que o partido soltou semana passada, fazendo a “análise” da vitória de Dilma, é uma carta de intenções que contém tudo isso, alardeando suas intenções totalitárias, escondendo-se atrás de uma linguagem em que fala o que imagina que o leitor quer ler, sabendo que na verdade vai fazer como quer, e buscar dominar a sociedade como um todo. Em nome da liberdade e se utilizando de seus mecanismos, busca suprimi-la.

Em razão disso é preciso tirar a máscara de algumas frases, para que, ao menos o meu leitor, saiba quais são de fato os planos de dominação do povo brasileiro pelo petismo recalcado.

Um festival de bobagens. Vejam este parágrafo:

“Foi uma disputa duríssima, contra adversários apoiados pela direita, pelo oligopólio da mídia, pelo grande capital e seus aliados internacionais. Vencemos graças à consciência política de importantes parcelas de nosso povo (sic), da mobilização da antiga e da nova militância de esquerda, da participação de partidos de esquerda e da dedicação e liderança do ex-presidente Lula e da presidenta” Dilma. A oposição encabeçada por Aécio Neves, além de representar o retrocesso neoliberal ,incorreu nas piores práticas políticas: o machismo, o racismo, o preconceito, o ódio, a intolerância, a nostalgia da ditadura militar”.

Agora a tradução: o candidato de oposição Aécio Neves teve mais de 51 milhões de votos. Contra cerca de 54 milhões de Dilma. Ou seja, os 51 milhões de Aécio são machistas, racistas, preconceituosos, odeiam ,são intolerantes, sentem saudades da ditadura militar. Os 54 milhões que votaram em Dilma, não são machistas, não são racistas, não trem preconceito, não odeiam, não são intolerantes e não sentem saudades da ditadura militar.

Assim, simples. Uma idiotice total.

Mas isto é aperitivo. Vejam esta:

“Cabe, desde já, analisar os resultados das eleições estaduais, majoritárias e proporcionais; o comportamento das classes e setores sociais na campanha; o papel dos movimentos sociais; a atuação dos partidos políticos; inclusive a dos aliados; a movimentação do campo democrático-popular (sic); a batalha da cultura e da comunicação; a mídia e as redes sociais - enfim, variáveis importantes não apenas para avaliar o resultado eleitoral, mas, sobretudo, para construir uma estratégia e um novo padrão de organização-atuação, necessários para seguir governando, indispensáveis para continuar transformando o Brasil. É urgente construir a hegemonia na sociedade, promover reformas estruturais, com destaque para a reforma política e a democratização da mídia”...

O tom de donos do país aparece esfuziante. Vou traduzir, por ocioso, aqui, só três afirmações:

“construir a hegemonia”. Significa acabar com a diversidade de pensamento e hábitos. Todos os brasileiros deverão seguir uma cartilha a ser feita pelo PT, que indicará, inclusive, a cor preferida, a roupa a ser usada e o que pensar  cada brasileiro, etc.

“promover reformas estruturais”. Significa fazer uma reforma constitucional que acabe com as eleições livres, diretas e permita ao PT eleger-se ou nomear-se para sempre como condutor do povo brasileiro. Mesmo que as urnas tenham dito que 51 milhões de eleitores brasileiros, apenas três a menos do que Dilma teve, não querem o PT.

“democratização da mídia”. Eufemismo (como “controle social da mídia”, ou” controle econômico da mídia”) tocado como samba de uma nota só que comporta apenas uma tradução: só é permitido divulgar publicamente aquilo que o PT aprovar. Censura total e eliminação das vozes que ousam discordar da cartilha petista.

Vai longe o documento.

Não prossigo por falta de espaço e estomago para tanta desfaçatez. Achar que com 54 milhões de votos podem falar em nome dos 51 que votaram contra o PT é entender que esse formidável montante vai comungar das aleivosias e falácias que o partido pratica em sua vocação totalitária. Sem considerar  que quem deles discorda é “golpista”.

E o que chamam de “Brasil democrático-popular” é ditadura. Todo país onde impera a ditadura de esquerda se diz democrático.

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