Vendas no varejo recuam 4,5% em março
Das oito atividades pesquisadas pelo IBGE, cinco ficaram negativas, com destaque para hiper e supermercados. Para Associação Comercial de São Paulo (ACSP), desempenho será melhor nos próximos meses

Já comparado a março do ano passado, as vendas em março caíram 4,5%, interrompendo sete meses de alta com a variação negativa mais acentuada desde dezembro de 2016, quando registrou queda de 4,9%.
Em relação ao dado mensal, a alta de 0,3% veio dentro do intervalo das expectativas da pesquisa do Projeções Broadcast, de queda de 1,1% a elevação de 2,2%, mas aquém da mediana, positiva de 1,0%. Na comparação com março do ano passado, o resultado de -4,5% veio igual ao piso; o teto era de alta de 2,7% e mediana de -2,7%.
Quanto ao trimestre, a taxa de 0,2% veio pior que a mediana de 0,37% (intervalo de -0,40% a +1,00%). Em relação ao primeiro trimestre de 2018, a elevação de 0,3%, também ficou aquém da mediana de 0,90% das projeções (de -4,00% a +2,80%).
Nos últimos doze meses, a alta foi de 1,3%, registrando uma desaceleração em relação a fevereiro, quando obteve avanço de 2,3%. Essa taxa se mantém decrescente desde agosto de 2108, informou o IBGE.
Das oito atividades pesquisadas, cinco ficaram negativas, com destaque para hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, em queda de 0,4%, e combustíveis e lubrificantes, com recuo de venda de 0,8%.
Em relação a março de 2018, as vendas do varejo ampliado despencaram 3,4%, interrompendo uma série de 22 taxas positivas.
No primeiro trimestre, o varejo ampliado acumulou alta de 2,3% na comparação com igual trimestre de 2018 e cresceu 0,3% ante o quarto trimestre do ano passado 2018. Ainda, acumulou ganho de 3,9% nos últimos doze meses.
No comércio varejista ampliado, a venda de veículos, motos, partes e peças subiu 4,5% e a de material de construção teve alta de 2,1%, na comparação de março contra o mês anterior.
Frente a março de 2018, a venda de veículos, motos, partes e peças caiu 1,2% e a de material de construção permaneceu estável.
“Nosso Balanço de Vendas da capital já havia registrado queda de 4,4% em março, ou seja, já imaginávamos que o fato de o Carnaval ter caído nesse mês provocaria uma retração no setor. Mas os problemas do varejo vão além do Carnaval. Há questões estruturais da econômica que vêm restringindo a capacidade do comércio de crescer, como o desemprego alto, a queda na confiança do consumidor em março e os salários que cresceram pouco”, diz Marcel Solimeo, economista chefe da ACSP.
Ele chama atenção para o recuo no ramo supermercadista, que apresentou queda de 5,7%, devido à alta pontual no preço dos alimentos.
“Os próximos meses, porém, devem ter resultados positivos. Nosso Balanço de abril já mostrou uma alta de 3,7% e, em maio, haverá um efeito-calendário positivo, em decorrência de um dia útil a mais, além da greve dos caminhoneiros do ano passado, que reprimiu a base de comparação”, conclui.