Vendas de veículos novos têm o pior resultado desde 2006

Recessão levou o setor a fechar o ano em queda de 20,19%, afirma a Fenabrave. Perspectiva para 2017 continua pessimista

Estadão Conteúdo
04/Jan/2017
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Vendas de veículos novos têm o pior resultado desde 2006

Com o aprofundamento da recessão e a piora das condições de emprego e crédito, a venda de veículos novos no Brasil caiu 20,19% em 2016 na comparação com 2015, chegando a 2.050.327 unidades.

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (04/01) pela Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que informou que esse é o menor volume desde 2006, e da quarta retração anual seguida do setor.

Em dezembro, mês que faltava ser apurado para o resultado final do ano, as vendas somaram 204.397 unidades - um recuo de 10,24% em comparação a dezembro de 2015, mas também um crescimento de 14,73% ante as vendas registradas em novembro de 2016.

Parte do avanço, segundo a Fenabrave, é explicado pelo tradicional aquecimento do consumo no fim do ano, e do maior número de dias úteis em dezembro.

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O mercado de veículos começou a cair em 2013, após uma sequência de nove anos seguidos de alta, com o ano de 2012 marcado por um recorde de 3,8 milhões de unidades vendidas.

O boom das vendas, no entanto, resultou em um alto nível de inadimplência, o que fez com que o mercado passasse a recuar a partir do ano seguinte.

Em 2015, com o estouro da crise e o aumento do desemprego, a situação se agravou, e as vendas caíram 26,5% - o maior tombo em 27 anos. Com o resultado de 2016, o setor acumula retração de quase 50% em quatro anos.

Por segmento, as vendas de automóveis e comerciais leves, que representam a maior fatia do mercado, somaram 1.986.389 unidades no ano passado, um recuo de 19,8% em relação ao volume de 2015.

Só em dezembro, foram 199.024 emplacamentos nos dois segmentos, uma queda de 9,78% ante o resultado de dezembro do ano passado, mas alta de 14,66% na comparação com novembro.

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Entre os pesados, o mercado de caminhões teve contração de 29,92% em 2016, para 50.292 unidades. No último mês do ano, foram 4.446 caminhões vendidos, recuo de 20,29% ante o nível de igual mês de 2015, porém avanço de 17,68% sobre o volume de novembro.

No caso dos ônibus, o ano terminou com queda de 32,92%, para 13.646 unidades.

Em dezembro, as concessionárias venderam um total de 927 ônibus, queda de 40,42% em relação a dezembro de 2015, mas expansão de 15,44% na comparação com novembro.  

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Apenas os dois últimos meses de 2016 salvaram o mercado de veículos usados de mais um ano de queda nas vendas, segundo a Fenabrave.

O ano terminou com 10,381 milhões de usados vendidos, um crescimento de 0,21% em relação ao volume de 2015.

O resultado se deve às altas expressivas nos meses de novembro e dezembro, que fizeram com o que acumulado do ano virasse do sinal negativo para o positivo na reta final.

De janeiro a outubro, as vendas de usados acumulavam retração de 1,94% em relação a igual período do ano anterior.

Em novembro e dezembro, no entanto, as vendas cresceram 10,64% e 10,46%, respectivamente, na comparação com iguais meses de 2015. No ano anterior, a contração do mercado havia sido de 0,75%.

QUEDA NA VENDA A CONSUMIDOR É 5 VEZES MAIS INTENSA

Em 2016, a queda na venda de carros foi cinco vezes mais intensa para pessoas físicas do que para pessoas jurídicas.

Enquanto a demanda do consumidor tradicional pelos segmentos de automóveis e comerciais leves caiu 25,9% em relação a 2015, as compras feitas pelas empresas recuaram 4,8%, de acordo com levantamento feito a partir dos dados divulgados nesta quarta-feira pela Fenabrave.

O recuo foi menor para as empresas porque, como se trata de uma venda mais negociada, as montadoras fizeram preços mais baixos ao longo do ano para eliminar seus estoques.

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Antes, eles estavam mais altos porque as montadoras previam uma demanda maior por parte do consumidor tradicional, e acabaram produzindo mais veículos do que o necessário.

Com um tombo maior nas vendas para pessoas físicas do que para pessoas jurídicas, a participação das pessoas físicas nos segmentos de automóveis e comerciais leves foi reduzida de 71,2% em 2015, para 65,9% em 2016.

Enquanto isso, as vendas para pessoas jurídicas passaram a representar 34,1% desse mercado em 2016, ante 28,8% no ano anterior.

PERSPECTIVAS PARA 2017

A Fenabrave informou que espera crescimento de 2,4% nas vendas de automóveis e comerciais leves em 2017 (2,034 milhões de unidades), e avanço de 3,15% na soma dos segmentos de caminhões e ônibus - expansão de 2,8% para os caminhões e de 4,4% para ônibus.

As projeções representam um maior pessimismo da associação de concessionárias para este ano. No fim do ano passado, o presidente Alarico Assumpção Jr. havia dito que esperava crescimento em torno de 5% nas vendas de automóveis e comerciais leves, e de "7% a 8%" para os caminhões.

Imagem: Thinkstock

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