Varejo segue em retomada em outubro com perspectiva de alta
Impacto positivo do auxílio emergencial, flexibilização das medidas restritivas e tendência de alta na confiança do consumidor justificam ciclo até o fim de 2020, avaliam os economistas da ACSP
Em outubro, o varejo seguiu em trajetória de recuperação, embora com comportamento heterogêneo entre os diferentes segmentos: no âmbito restrito, o setor cresceu 8,3% sobre igual mês de 2019, segundo o IBGE.
Esse resultado, mesmo contando com dois dias úteis a mais, veio acima das expectativas de mercado (6,7%), e superou a alta de setembro. Já o varejo amplo (que inclui todos os setores), mostrou elevação de 6,0%.
A projeção para as vendas do varejo restrito, realizada pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), construída com base nos dados de juros, crédito à pessoa física, massa salarial ampliada disponível e Índice Nacional de Confiança do Consumidor, assim como a análise acima, indica manutenção da retomada em novembro e dezembro, terminando 2020 com crescimento ao redor de 2,7%.
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Nos acumulados de janeiro a outubro e em 12 meses, houve crescimento de 0,9% e 1,3%, no varejo restrito, enquanto no ampliado, se registraram quedas de 2,6% e 1,4%, respectivamente.
No comparativo anual, o isolamento social e o home office continuaram a impulsionar as vendas de móveis e eletrodomésticos, artigos farmacêuticos, bens de uso doméstico e supermercados.
Por outro lado, o recuo no ramo de artigos de escritório e de informática reflete os impactos negativos da maior cotação do dólar, enquanto a diminuição do recuo no segmento de tecidos, vestuários e calçados parece estar associada à flexibilização do isolamento social, e, portanto, ao maior afluxo de consumidores nas lojas físicas.
No caso do varejo ampliado, enquanto o volume comercializado de veículos ainda apresentou retração, as vendas de materiais de construção seguiram em alta, também influenciadas pela maior permanência das famílias nos lares.
Esse ciclo de recuperação do varejo pode ser explicado fundamentalmente pelo impacto positivo do auxílio emergencial que, mesmo menor, continuou responsável por elevar rendimentos auferidos no mercado de trabalho.
Também contribuíram as menores taxas de juros, a flexibilização das medidas de isolamento social e a tendência de aumento da confiança do consumidor, de acordo com o Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC),
medido pela pesquisa realizada em conjunto pela pela Associação Comercial de São Paulo e a startup Behup
Essa tendência deve ser mantida durante os dois últimos meses do ano, com a continuidade da concessão do auxílio
emergencial, a proximidade do início da vacinação e a manutenção da taxa Selic no reduzido patamar atual.
FOTO: Agência Brasil