Varejo cresce, mas vendas continuam a perder fôlego

Com o fim da influência positiva da base menor de comparação do período de medidas restritivas, a tendência para o ano depende do emprego e da trajetória da inflação, analisam os economistas da ACSP

Instituto Gastão Vidigal
19/Abr/2022
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Em fevereiro, o varejo cresceu, mas continuou perdendo fôlego com o fim da influência positiva da base menor de comparação ao ano passado. As vendas do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) e do ampliado (que consideram todos os segmentos) apresentaram alta de 1,3% e 0,3%, respectivamente, em relação ao igual mês de 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (ver tabela abaixo).

No acumulado em 12 meses, os volumes comercializados também mostraram aumentos de 1,7% e 4,8%, respectivamente, superiores aos observados na leitura anterior (ver tabela abaixo).

A tendência para o restante do ano dependerá da situação do emprego e da trajetória da inflação que, além de afetar a renda disponível para o consumo, determina a evolução das condições do crédito, de acordo com análise dos economistas do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).  

Também é importante mencionar o impacto positivo sobre o varejo que deverá trazer a injeção de recursos oriundos  do saque do FGTS, da antecipação do 13o salário de aposentados e pensionistas, e da ampliação do crédito consignado para a população de baixa renda.

Em todo caso, a confiança do consumidor, que sinaliza a intenção de compra das famílias durante os próximos meses, segue em trajetória de recuperação devido fundamentalmente à melhora das expectativas futuras sobre sua
situação financeira, de acordo com o Índice Nacional de Confiança (INC) da ACSP. 

Contudo, os economistas avaliam que esses resultados positivos parecem estar bastante inflados pela menor base de comparação, quando vigoravam as medidas de isolamento social que reduziram o funcionamento do comércio. 

Na comparação com fevereiro de 2020, porém, quando essas medidas de isolamento social ainda não haviam sido aplicadas, observa-se recuo de 2,6%. De maneira geral, excluindo-se o efeito de redução da base de comparação provocado pela pandemia, observa-se uma tendência decrescente, iniciada em agosto de 2021, num contexto de menor poder aquisitivo das famílias, corroído pela inflação, encarecimento do crédito e elevado desemprego. 

 

IMAGEM: Leandro Moraes/DC

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