Vamos falar de futebol?

Vamos torcer por nossos times e dar atenção à seleção quando ela voltar a merecer nosso respeito

Paulo Saab
13/Jun/2016
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No início de minha carreira como jornalista tive oportunidade de atuar como repórter de campo (rádio) e narrador de futebol (televisão). Optei na sequência por me dedicar à área política uma vez que me formei em Direito, na São Francisco, com especialização em Direito Político. 

Mas segui acompanhando, como o faço até hoje, não só pela paixão pelo São Paulo, mas porque também tinha orgulho da seleção. Mantenho contato com muitos jornalistas que cobrem o futebol no país e tenho opinião formada sobre os bons e os maus profissionais, como muitos devem ter a meu respeito também. Espero que como bom colunista.

Toda essa digressão para chegar ao ponto que desejo: assim como o Brasil regrediu em tudo na última década e meia, igualmente no futebol, e por certo pela associação de mentalidade, o futebol brasileiro, como o Estadão apontou em manchete, chegou ao fundo do poço.

Vale observar os diversos ângulos que comportam essa definição, mas vou ser objetivo. Concordo, sem ideologizar como fazem os jornalistas de esquerda, que a direção do futebol brasileiro (CBF) de há muito tempo nada tem a ver com o futebol brasileiro, a não ser na questão do balcão de negócios em que a seleção se transformou. As denúncias de corrupção estão aí para todos acompanharem na própria mídia.

A questão dos jogadores é mais complexa. Seria radicalizar demais sugerir que não se convoquem mais jogadores já milionários e consagrados especialmente no futebol europeu. Eu faria uma experiência montando uma seleção só com atletas que atuam nos clubes brasileiros. Não se trata de saudosismo ou volta ao passado. Mas, de praticidade. Mesmo que o objetivo dos convocados que aqui atuam seja usar a seleção como vitrine, certamente, se aplicaram mais e com menos salto alto, do que a maioria dos que são convocados e atuam como se fizesse favor ao futebol pátrio. A displicência de muitos jogadores é notória. Enquanto no banco ficam muitos que renderiam mais.

Aí se fala do técnico. Não vou comentar Dunga. Ele pode ter boas intenções e ser um profissional dedicado. Mas é limitado na grandeza da função.  Não falo só por deixar no banco jogadores como Ganso e Lucas Moura quando o time estava naufragando nas costas do Peru. E nem por serem ambos ligados ao tricolor do Morumbi. Havia outros no banco de igual potencial. Falo pelo conjunto da obra.

Dunga, capitão do Tetra deve figurar na Galeria da Fama do futebol e receber as homenagens como tal. Não como técnico. Não acredito que haja ligação, mas ele é muito pouco menos tosco do que  o petismo que destruiu o país. Nosso futebol também está destruído. 

Como não sou radical não deixaria de considerar a convocação de jogadores que atuaram no vexame da Copa de 14 e agora, na nova humilhação da Copa América. Dá para salvar um ou dois. Mas a renovação, repito, deveria começar pelos que atuam no Brasil e por um técnico altamente competitivo e conhecedor do futebol como hoje ele é.

Muitos falam em Tite. Pode ser. Muricy por problemas de saúde está deixando de ser treinador. Cuca tem despontado. Pode haver mais meia dúzia de nomes capazes de treinar o time brasileiro.  É preciso, primeiro, mudar a cúpula, por um grupo também competitivo, afinado com a modernidade das gestões e do esporte, além de honesto, claro.

É uma opinião simplista, porque comportaria horas de discussão. Parte da culpa cabe também a Globo que por ter pagado zilhões pelas transmissões pela TV da seleção, precisa de audiência para atrair patrocinadores bilionários.  E exalta, enaltece, promove em excesso, tudo que se relaciona com a seleção, deixando de mostrar ao torcedor que nosso futebol perdeu o esplendor, deixou de ser o melhor do mundo há décadas e hoje é mero competidor de segunda linha.

E, há ainda, os jornalistas que utilizam dos meios de comunicação para promover suas causas ideológicas, notadamente quando são de esquerda, mesmo trabalhando e recebendo e bem de veículos capitalistas, que contribuem apenas para aumentar a confusão. Assim como os sensacionalistas.
Tem muita gente séria e competente na mídia esportiva, como em todos os setores, mas igualmente há muito oportunista falastrão. 

Sugestão: vamos torcer por nossos times e dar atenção à seleção quando ela voltar a merecer nosso respeito. Hoje em dia é um circo mambembe como leões desdentados correndo mundo de forma vexatória, ainda que muitos ganhem milhões de moedas à sua custa. E deixar de dar audiência ou leitura aos que tentam manipular nossa emoção e usam, por questões comerciais ou de ideologia, de má-fé com o pobre torcedor brasileiro.

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