Um app de moda que vende tecnologia para varejistas

Idealizado pela empresária americana Katrina Lake quando era estudante em Harvard, o Stitch fix é um serviço de recomendação de roupa que considera faixa de preço, preferências de tamanho e estilo... mas não é só isso

Mariana Missiaggia
18/Jul/2023
  • btn-whatsapp
Um app de moda que vende tecnologia para varejistas

À primeira vista, o aplicativo Stitch Fix pode parecer um serviço de recomendação de roupas, mas, explorando um pouquinho mais as funções da plataforma, o que se encontra é uma megaloja de departamentos na palma da mão.

Tecnicamente, trata-se de um serviço de tecnologia para varejistas de moda. É dessa forma que Eduardo Yamashita, COO da Gouvêa Ecosystem, descreve o Stitch Fix, serviço de estilo pessoal on-line disponível nos Estados Unidos e Reino Unido. No ar desde 2011, a ferramenta já possui mais de 30 milhões de usuários ativos, que recebem opções de peças e dicas sobre como compor um visual.

Funciona da seguinte forma: ao baixar o aplicativo e pagar a chamada "taxa de estilo" no valor de US$ 20, o usuário preenche um questionário com especificações de seu perfil. A partir desse material, um dos estilistas pessoais inscritos na plataforma escolherá, de forma individualizada, itens que se adequam ao gosto e orçamento do usuário do aplicativo. 

São perguntas sobre tamanhos, orçamento e os estilos de que gosta. Eventos como um casamento, primeiro emprego ou outra ocasião podem pautar as escolhas dos profissionais. É possível até vincular painéis do Pinterest. Isso dá ao estilista uma visão ainda mais profunda dos estilos esperados.

Cada rodada pode gerar mais de dez sugestões. E o usuário tem 30 horas para escolher cinco artigos preferidos, podendo, claro, realizar a compra pelo próprio app ou ficar somente na inspiração.

Se escolher menos de cinco itens, o estilista escolherá novos itens para completar o kit. O usuário pode também optar por não ver essa lista e receber uma surpresa. Ao receber a caixa, o cliente tem a oportunidade de experimentar tudo em casa e tem sete dias para escolher o que quer guardar e o que quer enviar de volta.

Uma vez decidido, o cliente registra no aplicativo os itens que pretende ficar, devolve o restante e já faz uma avaliação sobre as peças. Se comprar as cinco peças, pode receber um desconto de até 25%.

Mesmo se tratando de peças variadas, de lojas totalmente diferentes, podem ser devolvidas em um único pacote para o mesmo destinatário postado nos correios ou entregue em lojas parceiras, como é o caso da Hermes, no Reino Unido.

Caso não goste de nada, a única cobrança será pela taxa inicial de estilo. Com peças de vestuário que variam entre US$ 25 e US$ 500, o cliente só recebe artigos com valores que estejam próximos do orçamento que selecionou.

QUEM É O CLIENTE?

Olhando por esse lado, fica realmente claro de que se trata de algo específico para um consumidor final. Mas, não é bem assim. Bem robusta e com uma infinidade de possibilidades, Yamashita explica que por ser "abastecida" por diferentes marcas, a plataforma é também uma opção de tecnologia especializada para grandes varejistas - ou seja, mais um canal de vendas. 

Apesar de terem seu próprio e-commerce, marcas como Zara, Macys, Michael Kors e outras grandes varejistas têm encontrado muito valor nesse tipo de proposta. A disponibilidade dessas peças para tantos estilistas e a facilidade com que tudo pode ser comprado, devolvido e trocado torna esse meio muito atraente e vantajoso para clientes e lojistas.

O consumidor encontra tudo em um só lugar e o lojista não precisa se preocupar com o pós-venda. Além disso, o aplicativo se torna uma fonte de dados para as marcas.

O grande número de medições e correções feitas pela equipe de estilo gera um algoritmo de correspondência de inventário que torna as indicações personalizadas mais rápidas e precisas. Um exemplo disso é que mesmo sem a intervenção de um estilista, a ferramenta apresenta de tempos em tempos peças relacionadas às compras anteriores.

Uma das maneiras pelas quais o cliente recebe esse contato é pela aba “comprar novas cores”, na qual ele é incentivado a escolher entre diferentes versões de cores de um produto que já comprou. Outra opção é “compre seu estilo”, na qual o cliente recebe itens complementares a outros que já comprou.

"É um negócio muito bem planejado, focado no cliente e que sabe trabalhar fundamentado em desejo versus necessidade, e isso faz com que, além do aplicativo, as lojas de departamento também funcionem bem”, diz Yamashita.

O COMEÇO DE TUDO

Fundada em 2011 por Katrina Lake, quando era estudante em Harvard, a Stitch Fix foi crescendo aos poucos no mercado e adicionou roupas masculinas em 2016, além de estender as seleções femininas para tamanhos diversos em 2017.

A empresária vive um período de ascensão. A Stitch Fix apresenta uma alta expressiva em suas ações desde dezembro de 2020. A variação de US$ 35 para US$ 100 nos valores dos papéis da empresa tornou a fundadora uma bilionária por conseguir elevar as vendas durante a pandemia.

Entre as razões estão melhorias no sistema de dados para oferecer um serviço personalizado aos clientes que não podiam sair de casa, a renovação do estoque de peças durante a pandemia e o interesse de investidores individuais reunidos em sites como Reddit pelo setor de vestuário e nas operações de vendas.

 

IMAGEM: reprodução

O Diário do Comércio permite a cópia e republicação deste conteúdo acompanhado do link original desta página.
Para mais detalhes, nosso contato é [email protected] .

Store in Store

Carga Pesada

Vídeos

Para Ricardo Nunes, melhorar a desigualdade só com investimento em diversas frentes

Para Ricardo Nunes, melhorar a desigualdade só com investimento em diversas frentes

Entrevista com Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária

Marina Helena, candidata à Prefeitura de SP, quer devolver IPTU a comerciantes