Telhanorte quer concorrer com varejo formalizado e eficiente

Para o diretor-geral da rede, Manuel Corrêa (foto), a tecnologia pode ser a resposta para o varejo alcançar a total profissionalização e melhor gestão dos processos

Inês Godinho
18/Jul/2016
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Telhanorte quer concorrer com varejo formalizado e eficiente

Duas características do comércio de material de construção -a pulverização e a profissionalização tardia em relação a outros segmentos -estão por trás da aspiração de Manuel Corrêa, diretor-geral da rede Telhanorte, para um melhor desempenho do varejo e do seu segmento.  

“Desejo uma maior formalização do varejo e uma melhor gestão dos processos.”

O principal executivo da marca, pertencente desde 2000 ao grupo francês Saint-Gobain, participa deste mercado há quase 30 anos, sempre na Telhanorte, onde fez carreira.

Com a experiência de quem viveu passo a passo a transformação do varejo, Corrêa aponta porque a profissionalização tem um papel essencial na qualificação do setor:

“O varejo representa 12% do PIB brasileiro e 19% dos empregos formais, sendo o maior empregador privado do mercado. Como consequência, é também um dos primeiros a sentir os impactos causados por mudanças na conjuntura econômica, como renda, emprego e crédito. Por isso, a profissionalização do setor é tão importante. Trata-se hoje de uma cadeia que detém alta tecnologia implementada, longe do modelo de varejo da década de 80.”

Além da adequação aos avanços da tecnologia, o diretor geral da Telhanorte considera fundamental para o negócio que os profissionais do setor se mantenham atentos ao mundo da informação.

“As novas tecnologias levam à transformação constante das informações. Uma das mais importantes é a mudança do comportamento do cliente, que hoje tem voz ativa na comunicação, por meio das redes sociais. O profissional precisa ser ágil, de forma estratégica e tática ao mesmo tempo, identificar o problema, solucioná-lo e mudar o processo.”

 

TECNOLOGIA ACELERA FORMALIZAÇÃO    

A combinação de acesso facilitado à tecnologia e maior acompanhamento das autoridades reguladoras, de acordo com Thiago Carvalho, assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Serviços do Estado de São Paulo (Fecomércio/SP), tem contribuído para a formalização crescente dos diversos segmentos do varejo.

Não se trata de um movimento uniforme. “Em São Paulo, o controle regulatório é mais rigoroso do que no interior paulista e em outras regiões do país.”
 
A informatização do fisco, que levou, por exemplo, à obrigatoriedade de emissão de nota fiscal eletrônica, tem sido um divisor de águas nesse fenômeno. Outro papel importante vem sendo desempenhado pelo estímulo à adesão a um regime tributário, como o Simples.

Para Carvalho, o mesmo acontece com o avanço nas práticas de boa gestão. “Atualmente, há um arsenal de ferramentas para o lojista melhorar processos e a produtividade”, afirma.

Atividades que tomavam horas e até dias da equipe de venda, como o controle de estoques, “hoje se faz em minutos, usando uma etiqueta com chip. Cada vez mais, o varejo se apropria dessas tecnologias”.

Alguns segmentos permanecem à margem, por terem um comércio ainda muito pulverizado, com pouca profissionalização, o que acaba provocando uma concorrência desleal, apesar de involuntária, entre lojas de bairro e varejistas estruturados e com práticas corretas.

Mesmo assim, considera o assessor da Fecomércio/SP, há uma transformação ocorrendo. “Se lembrarmos de como era o comércio há 20 anos, vemos uma nítida evolução.” 

Portanto, a resposta para o pedido de presente de Manuel Corrêa é: pode estar difícil prever o prazo correto para que a maior parte do varejo esteja no mesmo nível de formalização e processos. Mas, a seu ver, a informalidade está com os dias contados.

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