Sua loja tem refil?
Medidas como reciclagem de resíduos e diminuição do uso de papel e de energia têm o poder de despertar no consumidor o desejo por um consumo mais limpo
Qual é o custo do seu estilo de vida para o nosso planeta? Essa pergunta ronda o pensamento de poucos consumidores frente ao volume de alertas que o mundo sofre em relação a oceanos que estão sendo tomados por lixo, a deterioração ambiental, e tantas outras previsões que condenam a existência humana no médio prazo.
Como lojista, essa pergunta pode gerar outros efeitos: qual é o custo das ações do seu negócio para o nosso planeta?
Medidas como reciclagem de resíduos, diminuição do uso de papel e redução no consumo de energia contribuem com uma empresa mais responsável e sustentável, além de ter o poder de despertar no consumidor o desejo por um consumo mais limpo.
Um estudo da Kantar mostra que entre 2019 e 2020 houve aumento de 11% no número de pessoas na América Latina que aderiram às sacolas reutilizáveis. Outros 5% evitaram usar plástico e 9% pararam de comprar bebidas em embalagens plásticas.
Pode parecer pouco, mas esse é o caminho. Decisões como a da Natura, por exemplo, que foi a primeira empresa brasileira a adotar produtos em refil no país, podem funcionar como gatilhos importantes para o cliente. A partir desse tipo de consumo, outras escolhas menos agressivas ao meio ambiente podem se tornar prioridade para quem compra.
Segundo a Natura, esse tipo de embalagem evita o descarte de 1,6 mil toneladas de resíduos no planeta por ano e, por essa razão, a marca encara o lixo como um problema ambiental que precisa de solução urgente.
De alguns anos para cá, surgiram dezenas de alternativas para evitar o desperdício de materiais, como a reciclagem, o upcycling e o mais recente, chamado de refillution - ou seja, a adoção de refil no varejo.
Nesse sentido, a indústria da beleza se mostra como uma das mais versadas em repensar a maneira como consumimos nossos produtos ou serviços. Solução para a indústria, especialmente de produtos de limpeza, o item vem ganhando espaço no setor da beleza, inclusive entre as marcas de luxo.
Em lojas da França, a The Body Shop instalou, no último ano, mais de 50 estações de refil e pretende levar o modelo para o mundo todo. Em suas prateleiras, potes de alumínio reciclável são vendidos por aproximadamente 2 euros e, entre os produtos disponíveis, a promessa é que o cliente poderá escolher preencher a embalagem com shampoo, condicionador, hidratante ou sabonete líquido a preços bem menores que os das embalagens convencionais.
O desenvolvimento de soluções recicláveis e o número cada vez maior de lojas de produtos sem embalagem são as duas tendências que mais se destacam na indústria mundial de embalagens em 2020, segundo a Mintel, empresa inglesa de pesquisa de mercado.
É justamente o surgimento de um número cada vez maior de lojas independentes baseadas nesse modelo que vem estimulando os varejistas a refletirem sobre como oferecer, nas lojas, soluções de refil simples e atraentes para produtos de marca.
Segundo a Mintel, o reabastecimento na loja, também conhecido como In-store Refill, é a segunda principal tendência mundial para o setor de embalagens.
Olga Kachook, gerente sênior da GreenBlue, organização ambiental americana dedicada ao uso sustentável de materiais na sociedade, diz que o reuso de uma embalagem é mais sustentável que a reciclagem e a compostagem.
Nos próximos anos, os consumidores vão inaugurar uma era de consumo consciente que substituirá a do consumo ostensivo.
Por essa razão, a especialista acredita que as empresas que agirem de forma responsável no quesito sustentabilidade serão recompensadas, com destaque para as marcas que ajudarem o público a compreender o que é realmente melhor em termos ambientais.
Em coro, os estudos da Mintel citam que as fabricantes de embalagens e varejistas mais bem-sucedidos serão aqueles que conseguirem desenvolver, comercializar e utilizar embalagens ecológicas, desenvolvidas com embasamento científico e factual, sem interferência de suposições infundadas nem medo das mídias sociais. Sua marca já começou esse trabalho?