Startups fundadas por mulheres levantam menos investimentos

Embora o setor tenha batido recordes neste ano, dados da plataforma mundial Crunchbase mostram que investimentos em negócios comandados por empreendedoras caíram 27%

Mariana Missiaggia
23/Dez/2020
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Startups fundadas por mulheres levantam menos investimentos

Tem dinheiro, mas não é pra todo mundo. No ano em que as fintechs atingiram um recorde de investimento de 16,9  milhões de dólares nos três primeiros trimestres - aumento de 20% em relação ao ano anterior -, os investimentos em negócios fundados por mulheres cairam 27%.

O bom desempenho do setor destaca ainda mais a desigualdade entre os gêneros. Dados da plataforma mundial Crunchbase mostram que as empresas fundadas exclusivamente por empreendedoras representaram 3,8% das fintechs que atraíram capital este ano até outubro, nos Estados Unidos. 

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De acordo com o material, cerca de 800 startups fundadas por mulheres receberam U$ 4,9 bilhões, em todo o mundo, até novembro. No ano passado, esse montante era de pouco mais de U$ 6,2 bilhões.

A comparação com o ano anterior ainda mostra que em 2019, dez empresas fundadas por mulheres viraram unicórnios (startups que passam a valer um bilhão de dólares). Já neste ano, apenas uma conseguiu o título. 

Em entrevista à Bloomberg, Alaina Sparks, líder de Fintech da Deloitte norte-americana, afirmou que as fintechs fundadas por empreendedoras continuam a enfrentar preconceitos difíceis de serem superados - especialmente quando inseridas no universo financeiro ou de tecnologia, setores ainda sub-representados por mulheres.

O material também revela que, após atingir um pico entre 2017 e 2018, as fintechs com fundadores mistos (homens e mulheres) arrecadaram menos em rodadas de financiamento. A percentagem que era de aproximadamente 11% caiu para 6,9%, neste ano. 

Cerca de 800 startups fundadas por mulheres receberam 4,9 bilhões de dólares, em todo o mundo, até novembro. No ano passado, foram mais de 6,2 bilhões de dólares. Se em 2019, 10 empresas fundadas por mulheres viraram unicórnios — startups que passam a valer um bilhão de dólares. Neste ano, foi apenas uma. 

STARTUPS QUE NUNCA RECEBERAM INVESTIMENTOS

Outro estudo sobre o setor, levando em consideração o mercado brasileiro, mostra que um grupo restrito de startups recebeu um aporte de capital de volume maior parte de fundos de investimento, conhecidos no jargão da área como série A, B ou C, que representam apenas 2% do total.

Os dados fazem parte do Mapeamento de Comunidades 2020 feito pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), e revelam que 73,8% das startups nunca receberam nenhum tipo de investimento.

Das startups que tiveram aportes, a maior parte foi aportada por investidores anjo (41,5%), seguido por seed (28,4%) e aceleradoras (21,6%) e 8,5%, os famosos aportes indicados por letras, como série A, B ou C, indicando no caso se o valor é o primeiro, segundo ou terceiro colocado numa empresa por fundos.

Quanto à origem dos investimentos, 43,6% vieram de investidores locais; 26,8% de outro estado; 21,9% do mesmo estado e apenas 7,7% do exterior.

A maioria (51,5%) dos negócios de inovação no Brasil também não foi incubada, acelerada ou pré acelerada. As cifras apontam uma dose de sobriedade em relação ao noticiário de tecnologia, que tem trazido nos últimos meses muitas notícias de aportes milionários de fundos de investimento, muitas vezes internacionais.

Quanto à faixa de faturamento das pesquisadas, a maioria (41,9%) ainda não tem faturamento; 13,5% faturam entre R$ 50 a R$ 250 mil, e 11,8% têm faturamento entre R$ 10 e R$ 50 mil.

De janeiro a outubro de 2020, o volume investido em empresas de inovação no país foi de U$ 2,49 bilhões, 3% a mais do que no mesmo período de 2019.

Durante todo o ano passado, as startups brasileiras receberam U$ 2,95 bilhões em aportes. Somente o Softbank investiu US$ 1,3 bilhão em Gympass, QuintoAndar, Loggi, VTEX e Olist. 

Em 2020, as fintechs receberam a maior quantidade de aportes, com 70 rodadas e mais de U$ 1 bilhão em investimentos, como nos bancos digitais Neon e Nubank. Cada um recebeu investimentos de U$ 300 milhões. 

FOTO: Thinkstock

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