Shoppings abrem mão de R$ 5 bilhões para ajudar lojistas

Glauco Humai, presidente da Abrasce, diz que a maioria dos comerciantes e dos centros comerciais tem relação de entendimento, não de disputa

Fátima Fernandes
28/Set/2020
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Com faturamento zerado durante meses e agora até 60% menor do que no período pré-pandemia, lojistas estão correndo atrás do corte de custos para manter o negócio em pé.

Redução de aluguel é um dos principais pleitos para os donos de imóveis. Para os shoppings, há pedidos também para descontos em condomínio e fundo de promoção.

Em alguns casos, o embate chegou à Justiça, e trouxe à tona até antigas discussões.

Transparência nas despesas de condomínio, eventuais benefícios dados às âncoras e cláusulas de exclusividade e de raio nos contratos voltaram a ser assunto.

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A tensão entre lojistas e donos de shoppings existe, mas são casos isolados, de acordo com Glauco Humai, presidente da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers).

“Se considerarmos o universo de 105 mil lojas em 577 shoppings no país, mais de 90% delas têm boa relação de construção e de entendimento com os empreendimentos”, afirma.

Durante a pandemia, de acordo com Humai, a isenção de aluguel e fundo de promoção e a redução nos condomínios somaram R$ 5 bilhões.

Isto é, este é o valor que os shoppings abriram mão para ajudar os lojistas na fase em que o comércio ficou fechado e reabriu com restrições.

“Em nenhum lugar do mundo, como Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, França, Japão, os shoppings isentaram aluguéis como no Brasil”, afirma.

Também não existe outro setor no país, de acordo com Humai, que ajudou tanto a cadeia produtiva como o de shoppings.

É injusto pegar situação de alguns lojistas ou de alguma entidade de classe que foi para a Justiça contra um ou outro shopping e generalizar para o setor como um todo.

“O setor cedeu muito durante a fase mais crítica da pandemia e agora os shoppings começam a voltar à normalidade”, afirma.

De acordo com a Abrasce, na semana de 31 de agosto a 06 de setembro, as vendas nas lojas de shoppings estavam 29,4% menores do que no período pré-pandemia.

Na semana anterior (24/08 a 30/08), essa queda era de 34,4%. Os dados, apurados em parceria com a Cielo, mostram melhora nos negócios a cada semana.

Os shoppings movimentam perto de R$ 200 bilhões no país e empregam mais de 1,1 milhão de pessoas, de acordo com a Abrasce.

E, assim como todos os outros setores da economia, também teve de rever planos. No início do ano, a expectativa era a abertura de 21 novos empreendimentos neste ano.

Até o momento, foram inaugurados quatro centros comerciais. E existe a expectativa de abertura de mais quatro até o final do ano.

Os outros empreendimentos foram suspensos, com perspectivas de término de obra em 2021 e 2022.

O movimento de saída de lojas não é tão intenso, diz ele, quando considerado o mercado como um todo. Alguns shoppings estão com dezenas de tapumes, como o Higienópolis.

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 “Há shoppings com taxa de vacância de 20% a 25%, mas têm outros com zero. Na média do setor, a vacância está em 7%, sendo que já foi maior em outras crises.”

Nos Estados Unidos, diz ele, essa taxa é maior do que a do Brasil, de 9%.

“Se os shoppings não tivessem ajudado os lojistas neste período, a taxa de vacância estaria muito maior”, afirma Humai.

LEGADO

Toda a higienização de ambiente exigida com a pandemia, de acordo com ele, deve permanecer nos shoppings, assim como a melhora na comunicação com o público.

“A pandemia revelou a força dos shoppings, que conseguiram se organizar, evitando aglomerações de pessoas e ajudando no atendimento ao consumidor.”

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Os shoppings criaram espaços para entregas de produtos pelo sistema de drive thru, sem que o consumidor tivesse de sair do carro.

“O shopping oferece facilidade e conveniência para o consumidor, melhor do que a rua. O tíquete médio em loja de shopping também é maior.”

O processo de mudança de mix de oferta em shoppings, de acordo com o presidente da Abrasce, deve continuar.

Isto é, deve crescer os espaços dedicados a lazer e entretenimento e diminuir o tamanho de lojas âncoras, por exemplo, como efeito da expansão do e-commerce.

“Mas isso não significa perda de rentabilidade para os shoppings.”

“Em plena pandemia, diz ele, a Lego e a Carter’s abriram loja no país. O Brasil tem um mercado consumidor forte e os shoppings estão sempre bem localizados.”

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Toda a tecnologia que está surgindo em relação à forma de pagamento e entrada nos estabelecimentos que evita atritos estará cada vez mais presente no mundo dos shoppings.

 

IMAGEM: Ed Danessi/Abrasce

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