Sexta sem Carro, empresas sem clientes

Empresários do Centro da cidade de São Paulo organizam um abaixo-assinado pedindo a suspensão do bloqueio de ruas da região. A ACSP tem dialogado com a prefeitura para apontar o impacto da medida nos negócios

Redação DC
27/Abr/2018
  • btn-whatsapp
Sexta sem Carro, empresas sem clientes

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) irá formalizar ofício junto à Prefeitura pedindo a suspensão definitiva do fechamento das ruas do centro de São Paulo para a Sexta sem Carro, de acordo com Marcel Solimeo, superintendente institucional da entidade.

A ACSP já havia conversado de maneira informal com o pré-candidato ao governo estadual João Doria, ainda quando prefeito, e com Sérgio Avelleda, ex-secretário de Mobilidade e Transporte, sobre o impacto dessa ação municipal sobre as empresas da região. Mas até agora não houve resposta aos apelos dos empresários.

A Sexta sem Carro bloqueia, toda última sexta-feira do mês, das 6 h às 18 h, ruas do Centro histórico da capital paulista. São fechadas para carros e motos a Rua Boa Vista, Ladeira Porto Geral, Largo de São Bento, Rua Líbero Badaró, Viaduto do Chá e em trecho da Rua Florêncio de Abreu. Apenas taxis e ônibus são liberados nessa data.

Segundo Solimeo, embora exista mérito no objetivo de estimular o uso de transporte público e reduzir a poluição, há uma parcela dos contribuintes, os empresários, que estão sendo prejudicados.

“Em um período de dificuldades da economia, em que o poder público deveria estimular o empreendedorismo e o fortalecimento das empresas, não tem sentido que sejam impostas medidas que prejudicam suas atividades”, diz o superintendente da ACSP.

Solimeo lembra ainda que medidas como a adotada pela prefeitura de São Paulo fariam mais sentido se acompanhadas do aumento da oferta de transporte público alternativo, uma vez que o bloqueio das vias tem como efeito colateral congestionamentos provocados nas imediações.

Uma das ruas que costuma ser fechada na ação municipal, a Boa Vista, sofre com outros bloqueios frequentes por causa de manifestações. A via é estratégica para dar vazão ao trânsito do Centro. Rota, por exemplo, para quem precisa acessar o corredor Norte-Sul.

O superintendente institucional da ACSP vê uma incongruência entre o fechamento de algumas ruas do Centro e a implantação de Zona Azul em outras. “Parece que a preocupação do poder municipal é simplesmente arrecadar mais”, diz Solimeo.

ABAIXO-ASSINADO

José Carlos de Pontes, 52 anos, é gerente do Tamar Park, o maior estacionamento da Rua Boa Vista. Há nove anos no cargo, é com ele que os clientes reclamam a cada edição do Sexta sem Carro.

“Os que mais reclamam são os comerciantes que têm estabelecimentos na própria Rua Boa Vista, Ladeira Porto Geral e 25 de março. É um inferno”, diz ele.

NO ESTACIONAMENTO ONDE JOSÉ CARLOS
TRABALHA, O PREJUÍZO É DE R$ 5 MIL POR
DIA DE BLOQUEIO

Não são apenas os empresários que criticam a ação da prefeitura. Os donos de carros se irritam a cada sexta-feira que não podem utilizar seus veículos em algumas ruas do centro de São Paulo. Os motoqueiros que são obrigados a fazer entregas nas ruas centrais, também são atingidos pela restrição.

O transtorno mensal uniu os prejudicados, que decidiram fazer um abaixo-assinado que será entregue às autoridades responsáveis pelo trânsito da Capital.

“Já temos mais de 500 assinaturas. São comerciantes da região indignados com esta proibição absurda”, afirma José Carlos.

A Sexta sem Carro provoca protestos e prejuízos. O gerente contabiliza R$ 5 mil a cada dia de restrição.

“Só aqui no nosso estacionamento, com a proibição, deixam de estacionar de 190 a 200 carros neste dia”, diz ele. 

IMAGEM:Willian Chausse e Wladimir Miranda/DC

O Diário do Comércio permite a cópia e republicação deste conteúdo acompanhado do link original desta página.
Para mais detalhes, nosso contato é [email protected] .

 

Store in Store

Carga Pesada

Vídeos

Alessandra Andrade é o novo rosto da SP Negócios

Alessandra Andrade é o novo rosto da SP Negócios

Rodrigo Garcia, da Petina, explica a digitalização do comércio popular de São Paulo

Alexandra Casoni, da Flormel, detalha o mercado de doces saudáveis