Sete em cada 10 empresários esperam alta nas vendas de Páscoa

Pesquisa da Boa Vista aponta que só 12% acreditam que vendas vão diminuir. Shoppings estão otimistas com fluxo mais alto e associações comerciais projetam melhora, mesmo com data de 'lembrancinhas'

Redação DC
15/Abr/2022
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Sete em cada 10 empresários esperam alta nas vendas de Páscoa

Para 69% dos empresários, a Páscoa deve trazer aumento nas vendas em comparação com a mesma data de 2021, de acordo com pesquisa feita pela empresa de inteligência analítica Boa Vista. Apenas 12% creem em diminuição das vendas, enquanto os 19% restantes esperam vendas no mesmo patamar do ano passado. 

A pesquisa também identificou que 46% acreditam que os consumidores irão gastar mais nesta Páscoa, 36% esperam que o consumidor gaste menos em 2022, e 18% esperam gastos iguais. Já o tíquete médio será R$ 163 e, para a maioria dos entrevistados, as vendas de Páscoa devem representar até 5% do total de vendas no ano.

Flávio Calife, economista da Boa Vista, explica que, apesar do cenário econômico atual ser bastante incerto e pouco amistoso devido à inflação, é preciso lembrar que, durante a Páscoa do ano passado, o país atravessava seu pior momento da pandemia, fato que prejudicou as vendas da data na época. "Dado o momento atual mais controlado em relação à covid, é natural que o empresário espere vendas melhores em relação ao ano passado.”

LEIA MAIS:  Por que ovos de Páscoa custam caro?

Outro recorte aponta que 73% dos empresários devem investir para aumentar as vendas nessa data. A principal ação nesse sentido será vender por meio das redes sociais (44%), seguida da criação de novas promoções (36%) e campanhas on-line de divulgação (28%).

As lojas físicas seguem como principal canal de vendas da Páscoa para 34% dos entrevistados. Porém, o e-commerce será o canal principal para 22%. Já 27% vão utilizar ambos os canais, com maior foco no físico, e 17% farão o mesmo, mas com foco nas vendas on-line. A aposta nesses canais, de acordo com os entrevistados, será estreitar relacionamento com o cliente, divulgar produtos e serviços e obter inspiração para novas criações. 

Entretanto, os empresários afirmam que ainda possuem dificuldades para alavancar os negócios no e-commerce. Entre os principais obstáculos, estão lidar com o pouco conhecimento da marca no mercado e a falta de mão de obra qualificada, além de pouco conhecimento sobre o meio digital. 

NOS SHOPPINGS 

Com a Páscoa se aproximando, o comércio tem expectativas de que o movimento das vendas de chocolates seja o maior desde o início da pandemia, mesmo com o poder de compra da população caindo a cada ajuste da inflação. 

Nesse cenário, de acordo com a Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), as vendas devem crescer até 2,5%, segundo o diretor de relações institucionais Luiz Augusto Ildefonso. Em sua avaliação, os impactos da pandemia sobre a economia mostram o que as pessoas sentem na prática: preços elevados e dificuldades na cadeia produtiva.

"Apesar dos bons indicadores como a geração de empregos formais, o comércio vem sofrendo com aumento de preços que impactam de forma negativa sobre o dia a dia, e verá melhora tímida nas vendas nesta Páscoa.”

Uma pesquisa realizada pela APAS (Associação Paulista de Supermercados) aponta que os ovos estão até 40% mais caros do que em 2021, e por isso os supermercados estão apostando em versões menores de ovos e bombons.

Mesmo com os consumidores indo até as lojas, o e-commerce é o canal de vendas que teve crescimento mais expressivo, onde o faturamento cresceu 15 vezes em comparação com 2019, destaca Ildefonso.

E ainda que as perspectivas de recuperação nas vendas estejam tímidas, o movimento dos shoppings vem crescendo bastante desde janeiro. Comparado a 2021, a alta foi de 24,2%, e o aumento das vendas de 10,6%. O tempo de permanência também aumentou para uma hora, em média, com tíquete médio de R$ 120.

Para atrair o público, fabricantes de chocolates apresentam categorias de diferentes tipos e tamanhos de chocolates, pensando nos diferentes perfis de consumidores, ocasiões e bolsos, incluindo além dos ovos, barras e tabletes de chocolates e caixas de bombom, fazendo os fabricantes estimarem um crescimento de 10% nas vendas.

“Essa época reacende a discussão sobre o que vale a pena comprar: ovo ou barras. Mas neste ano de 2022, com a inflação alta que elevou os preços em 8,5%, as marcas de chocolate resolveram apostar também em lembrancinhas", destaca o diretor institucional da Alshop.

PELO ESTADO DE SÃO PAULO  

A inflação em alta e a queda na renda reduziram as expectativas de vendas de ovos de chocolate, e a previsão é de queda de 6,7% ante 2021, segundo o Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo).    

Além desses fatores, o maior endividamento das famílias e o fim do auxílio emergencial também têm provocado queda de vendas dos produtos mais caros, e os consumidores têm priorizado a compra de itens mais básicos, avalia o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto de Economia da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). 

"Ovos de chocolate fabricados artesanalmente, e marcas mais baratas, serão os mais vendidos na Páscoa de 2022.” 

No universo das associações comerciais ligadas à Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), apenas algumas regiões de população mais adensada projetam expectativas para Páscoa.    

Na região metropolitana de Campinas, por exemplo, a ACIC está otimista, e espera alta de 8% nas vendas do varejo, atingindo R$ 300,2 milhões ante igual período de 2021. Já o tíquete médio tem alta prevista de 4,55%, e o e-commerce deve ter elevação de 20% nas vendas no período. 

A contratação de mão de obra temporária também deve ser melhor este ano, segundo o economista Laerte Martins, com previsão de que sejam disponibilizadas pelo menos 675 vagas temporárias - um aumento de 120,60%.

Em Mogi das Cruzes, a ACMC aguarda um avanço de 17% em relação às vendas da Páscoa de 2021, e de cerca de 23% se comparado com o período de 2020. A presidente Fádua Sleiman lembra que, nesta edição, as vendas de Páscoa começaram mais cedo em decorrência da suspensão do Carnaval de rua.

“No fim de fevereiro os comércios já estavam vendendo os ovos e produtos para produzir os chocolates. Notamos que o movimento nas lojas vem crescendo, tendência que deve ser intensificada nos próximos dias”, afirma. 

A Acisbec, em São Bernardo do Campo, por sua vez, também aposta em uma Páscoa de lembrancinhas, barras e bombons - o que trará oportunidades de alta nas vendas especialmente para micro e pequenos empreendedores. Os preços estão muito altos e, além disso, o consumidor perdeu o poder de compra, diz o presidente Valter Moura. 

O dirigente destaca que o valor de um ovo de chocolate pequeno, de 250g, custa mais do que 10% do salário mínimo, tornando a compra "impossível." Para Moura, a tendência é o consumidor esperar até os últimos dias para ver se os preços baixam. "O consumidor está incerto em relação à economia, e deve procurar opções caseiras, que são mais baratas em relação aos ovos tradicionais, que têm embutidos no preço embalagem e outros custos."

Em São José dos Campos e região, pesquisa da ACI/Nupes (Núcleo de Pesquisas Sócios-Econômicas), da Unitau, revela que 70% dos consumidores vão às compras nesta data. Os ovos de chocolate são preferidos por 54,29%, seguidos por pequenas lembranças, como coelhos de pelúcia, bolos e colomba pascais (14,29%). 

O levantamento aponta ainda que o tíquete médio desta Páscoa deve atingir até R$ 100, segundo 62,86% dos entrevistados. E tem mais: assim como na Capital e no ABC, os consumidores planejam gastar menos este ano que em 2021, e admitem trocar ovos de chocolate de marcas tradicionais por ovos caseiros (61,11%). A preferência será pelas compras à vista em dinheiro (34,29%), cartão de débito (28,57%) e pix (17,14%). 

IMAGEM: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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