Sem clima para investir

O Brasil precisa mesmo é de uma guinada liberal. Uma orientação que pense no emprego, no aumento da arrecadação sem pressionar o contribuinte e na simplificação dos procedimentos

Aristóteles Drummond
03/Fev/2016
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Essa interminável divulgação de dados negativos de nossa economia, configurando cada vez mais que a crise tende a se agravar, tem um único e exclusivo motivo, embora este não seja mencionado pelos políticos nem pela maioria dos analistas.

Vivemos num mundo de economia globalizada, onde a falta de uma política econômica, de produtividade e de competitividade, é fatal. E hoje nem poupa os grandes produtores de matérias primas, como o petróleo e os minérios.

A economia socialista faliu. Garantia de emprego, privilégios trabalhistas, interferências sindical ou oficial na gestão empresarial, corrupção e altos impostos, leva a crise na economia, no social e, por fim, na política.

A cultura do calote e o crédito levianamente concedido criaram um montante de ativos duvidosos na rede bancária insuportável.

O valor estimado dos créditos duvidosos dos bancos é de dez por cento do PIB dos países da zona do Euro. A visita do grupo que acompanha a recuperação de Portugal reclama das dificuldades para demitir, impostos burocráticos que demandam tempo e dinheiro para serem calculados e pagos. E da crise bancária que não tem fim.

No Brasil, a carga fiscal é maior ainda, o que já provoca milhares de mudança no domícilio, fiscal de residentes no país. E mais: estimula a sonegação e a fraude, sobrecarregando os pagadores. 

Aumentar a base e simplificar a cobrança poderiam ajudar, e muito, a aumentar a arrecadação e diminuir as demandas na Justiça. Para isso, tem de ter vontade política de sentido liberal e capitalista para vencer a poderosa máquina fiscal montada nos municípios, estados e na União.

O Brasil precisa mesmo é de uma guinada liberal.  Uma orientação que pense no emprego, no aumento da arrecadação sem pressionar o contribuinte e na simplificação dos procedimentos. 

Desde detalhes, como a cota de 500  dólares nas compras dos turistas, que está há mais de 40 anos, a eterna discussão sobre a reabertura de bingos, máquinas de jogos e cassinos em pontos estratégicos, atividade que pode gerar em curto prazo mais de cem mil empregos diretos, a maior flexibilidade da Zona Franca de Manaus, congelada por interesses regionais.

Enfim, decisões que não demandam dinheiro público, mas, sim, filosofia de uma política de resultados.

Curiosamente a sociedade como um todo acredita no capitalismo, mas os políticos não abordam o tema e os analistas e técnicos ficam cheios de dedos, alimentando preconceitos contra o lucro. No entanto, sem lucro não há investimento; sem investimento não há emprego, muito menos produção e menos ainda arrecadação. 
Mas ainda tem gente que acha que a riqueza de um país reside em se  endividar ou na capacidade da Casa da Moeda de produzir notas.

Nesse caminho do intervencionismo, do crédito voltado para eleitos pelos detentores do poder, nossa crise não terá fim ou terá um desfecho triste. Quem viver verá!

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