Quem é Sam Altman, que gerou um pedido de demissão coletivo na OpenAI
Criador do ChatGPT e comparado a Steve Jobs, o programador foi protagonista da mais recente polêmica do mundo corporativo ao ser demitido da OpenAI e assumir novamente o cargo de CEO após quatro dias
Algumas alcunhas definem bem Samuel Altman ou, como é chamado normalmente, Sam Altman. Gênio da programação, CEO da OpenAI, criador do ChatGPT, Ex-CEO da OpenAI, novo Steve Jobs e a mais recente, "agitador" da OpenAI.
Nascido em 1985 no Missouri, nos Estados Unidos, deu seus primeiros passos na informática aos 8 anos, quando aprendeu a programar e desmontar o Macintosh, um dos primeiros computadores da Apple. Estudou ciência da computação na Universidade de Stanford, mas abandonou o curso antes de se formar e, assim, começou uma jornada curiosa.
Com apenas 19 anos, Altman fez parte da criação da Loopt, uma rede social baseada em localização que, apesar de ter sido finalizada em 2012 por supostamente não ter alcançado o grande público, foi vendida por US$ 43 milhões.
Foi durante esse trabalho que sua carreira de programador tomou forma. Enquanto trabalhava na plataforma, o programador se tornou parceiro na aceleradora de startups Y Combinator, em 2011, e três anos depois, foi nomeado presidente da companhia.
Durante o tempo em que geriu a YC Group, que inclui a Y Combinator no portfólio, o plano do programador era financiar mil novas empresas por ano. E foi nesse período que a Forbes o nomeou como um dos melhores jovens empreendedores de tecnologia.
Em paralelo à carreira corporativa, ele investe em empresas de tecnologia, como Airbnb, Reddit, Pinterest, FarmLogs e tantas outras. O executivo ainda faz parte do conselho de diretores da Helion e da Oklo, duas companhias de energia nuclear. Para Altman, a energia nuclear é uma das áreas mais importantes do desenvolvimento tecnológico.
Apocalipse - Uma das curiosidades sobre Altman é a sua crença em um iminente apocalipse. Por conta disso, ele está sempre preparado para lidar com as consequências do fim do mundo: estoca armas, ouro, substâncias químicas, baterias, antibióticos, água e outros artigos que seriam de utilidade para enfrentar situações extremas.
Há um ano, Altman estava envolvido na descoberta mais importante de sua carreira até então, o lançamento do ChatGPT, um chatbot on-line de inteligência artificial (IA) desenvolvido pela OpenAI, após anos de trabalho e estudos.
Com simples comandos, a tecnologia é capaz de escrever textos, fazer resumos, resolver problemas matemáticos e até mesmo responder perguntas cotidianas de forma natural, como se houvesse outro ser humano atrás da tela. São mais de cem milhões de usuários semanais.
Na época, a empresa não esperava que o chatbot ganhasse tanta atenção do público, já que a tecnologia ainda se encontra no estágio de pesquisa e ainda precisa ser regulada. Entretanto, enquanto os debates sobre a tecnologia aconteciam (e acontecem) em todo o mundo, Altman foi se tornando a face do momento da inteligência artificial.
A força de Sam Altman - Sempre muito reverenciado, foi na última semana que Altman mostrou seu verdadeiro poder no meio em que está. Em uma conversa de poucos minutos, o executivo foi demitido da OpenAI com poucas explicações.
“A saída de Altman segue-se a um processo de revisão deliberativa por parte do conselho, que concluiu que ele não foi consistentemente sincero nas suas comunicações com o conselho, dificultando a sua capacidade de exercer as suas responsabilidades”, dizia o comunicado da OpenAI.
Só que ao deixar o cargo de presidente-executivo da empresa, Altman desencadeou uma agitação imediata na OpenAI, com o presidente Greg Brockman se demitindo em protesto. Assim que teve a saída anunciada, o presidente-executivo da Microsoft disse que Altman poderia liderar uma nova equipe de pesquisa na companhia ao lado de outros pares que estavam saindo da OpenAI.
Pouco tempo depois, cerca de 740 funcionários (95% da empresa) - da diretoria ao estagiário - publicaram uma carta aberta e assinaram um pedido de demissão em massa à empresa, dizendo também que se juntariam ao esforço da Microsoft, a menos que o conselho renunciasse e readmitisse Altman.
Em uma das matérias publicadas pela agência de notícias britânica Reuters, pessoas ligadas ao executivo relataram o poder de Altman em conquistar pessoas, angariar apoio, moldar narrativas e buscar melhores situações que o favoreçam, além de ser profundamente competitivo.
A resposta da OpenAI foi positiva: "Alcançamos um acordo de princípio para que Sam retorne à OpenAI como CEO com um novo conselho, formado por Bret Taylor (presidente), Larry Summers e Adam D'Angelo", anunciou a empresa na rede social X, antigo Twitter.
Altman também se manifestou nas redes sociais, afirmando que "ama a OpenAI" e que tudo o que fez nos últimos dias serviu para manter a sua equipe unida.
Sob a liderança de Altman, em oito anos, a OpenAI foi transformada de uma organização de pesquisa sem fins lucrativos em uma empresa que gera US$ 1 bilhão de receita anual.
Após ser readmitido, a polêmica de Altman teve sua história comparada à de Steve Jobs, fundador da Apple, que após ser demitido pelo conselho diretor, foi readmitido após piora no desempenho da organização. •