Produtos orgânicos a caminho da maioridade

Em palestra na ACSP, especialista apresentou o novo cenário do segmento, que vem se consolidando nos grandes centros urbanos. Ao fortalecer os canais de venda, os pequenos produtores encontraram o caminho da profissionalização

Inês Godinho
03/Ago/2016
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Produtos orgânicos a caminho da maioridade

Visão de negócios, ação coletiva e plano estruturado mostraram ser a fórmula indispensável também para o setor de produtos orgânicos. Depois de anos trabalhando de forma isolada e sem planejamento, com resultados incertos, os pequenos produtores dedicados à agricultura orgânica (também chamada de biodinâmica) passaram a contar com uma estratégia certeira, formulada por especialistas no assunto.

“Em sete anos, o segmento de orgânicos de São Paulo conseguiu resolver seu principal gargalo, os canais de comercialização”, disse Raquel Soraggi, consultora da área e uma das autoras do plano de negócios que indicou um caminho viável para os produtores. 

Hoje, além de mercadinhos e sites de vendas, há feiras especializadas em todas as regiões da cidade e empresas de distribuição de cestas de produtos que possibilitam o contato direto do produtor com o consumidor, fator essencial para esse mercado.

SETOR EM PROFISSIONALIZAÇÃO

Em palestra apresentada durante reunião do Conselho Socioambiental da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a consultora e ex-presidente da Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica (ABD) ressaltou o processo de profissionalização pelo qual passa o segmento, sem deixar de lado a forte característica de pequeno empreendimento e agricultura familiar.
 
A este processo, segue o amadurecimento do consumidor, que já consegue distinguir o diferencial de valor desses produtos em relação aos da agricultura convencional. Com escoamento praticamente total da produção, o mercado vem crescendo à média de 15% a 20% ao ano, informou a consultora.

Parte da palestra foi dedicada a esclarecer algumas desinformações sobre os produtos orgânicos, como uma aparente informalidade e a falta de controle. 

Para participar da cadeia de produção, explica Raquel, existe uma rígida regulação que vem desde o Ministério da Agricultura e passa pelos órgãos municipais, no caso da produção para consumo interno, ou o atendimento das regras internacionais para quem exporta. 

Contar com certificações se tornou prática comum nesse meio, além da autoregulação promovida pelos próprios produtores entre si.

Além de serem produzidos sem uso de agrotóxicos e respeitando as condições de solo e climáticas, pelas regras legais brasileiras, a produção de alimentos orgânicos deve atender a legislação ambiental, trabalhista e fiscal e garantir o cumprimento dos direitos humanos. 

PEQUENOS GIGANTES

Embora ainda restritos às áreas metropolitanas, com maior mercado consumidor, a tendência de expansão do segmento já tem um modelo para seguir e começa a ser replicado em outras regiões do país.

O segmento segue a forma de organização do setor agrícola que abastece o mercado interno, formado majoritariamente por pequenos produtores rurais. 

“O protagonismo do agronegócio exportador, com seus volumes gigantescos”, disse Raquel, “nos faz esquecer que a comida que chega na mesa dos brasileiros vem 90% de pequenas propriedades ou da agricultura familiar, muito bem desenvolvidas no país.” 

VOZ DA SOCIEDADE

O Conselho Socioambiental, sob coordenação da empresária Maria José Ribeiro, integra a estrutura de órgãos consultivos da ACSP. Foi criado com a finalidade de ser uma plataforma de debates e propostas da sociedade sobre as questões de meio ambiente.
 
Além de fórum de discussão, as reuniões mensais do conselho abrem as portas para apresentações de experiências bem sucedidas na área socioambiental, escolhidas entre cases que inspirem novas atitudes frente a esses problemas e oportunidades.  

 Imagem: ThinkStock

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