Produtos funcionais conquistam novos nichos de mercado

Em um processo exploratório, marcas testam produtos conectados a benefícios físicos e emocionais com a ajuda da ciência, natureza e tecnologia

Mariana Missiaggia
12/Set/2023
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Produtos funcionais conquistam novos nichos de mercado

Há pouco mais de uma década, a indústria alimentícia reconheceu uma oportunidade que existia no mercado e passou a lançar produtos que além de sabor e calorias tinham outras preocupações: as propriedades funcionais. Agora, outros setores olham para esse nicho como potencial e testam novidades junto aos consumidores.

Mais próxima de alavancar opções nesse sentido, a categoria de beleza tem trabalhado para atingir não apenas o corpo, mas também a mente. A partir de uma combinação de aromas e conceitos da neurociência, algumas marcas trazem inovações técnicas ao criar fragrâncias que proporcionam benefícios para a saúde mental, como deixar alguém mais relaxado, autoconfiante, entre outras sensações por meio do uso de um cosmético.

O movimento já é reconhecido pela consultoria europeia The Future Laboratory, especializada em antecipar tendências globais. De acordo com o material divulgado, há uma nova geração de produtos sendo construída - das chamadas “fragrâncias funcionais” - que deve revolucionar a maneira como os perfumes serão compostos, vendidos e vivenciados daqui para frente.

E isso envolve desde startups até grandes marcas internacionais - todas com o objetivo de desenvolver não apenas algo "cheiroso", mas que também faça o consumidor sentir-se bem. Pensando em efeitos físicos e psicológicos, essas marcas estão investigando plantas e seus cheiros, e como elas podem afetar a temperatura do corpo, pressão arterial, o humor e assim por diante, detalha Fiona Harkin, porta-voz da The Future Laboratory.

Responsável pelo primeiro perfume funcional do mundo, a inglesa The Nue Co. investiu na conexão entre função cognitiva e sensação de aroma e patenteou um produto funcional à base de cardamomo verde, bergamota, palo santo e coentro. Tudo para aliviar o estresse e proporcionar outras benesses comprovadas por ressonância magnética, encefalograma e eletrocardiograma.

Nessa mesma linha, a inglesa Audrey Semeraro transformou a bagagem que acumulou como filha de um cientista nuclear e fundou sua marca de fragrâncias, a Edeniste.

Com o slogan active wellbeing (em português, bem-estar ativo), ela tem ao seu lado dois neurocientistas para interpretar resultados de testes de saliva e biossensores. É a partir disso que a marca sabe quais moléculas e notas olfativas têm a capacidade de estimular as partes do cérebro associadas ao aumento da felicidade, energia, bem-estar, relaxamento e outras sensações.

Tanta pesquisa, segundo Tayla Pinotti, especialista em marketing de conteúdo da Manipulaê, resulta numa mudança significativa de percepção do consumidor, que está com rotinas cada vez mais cheias e com menos tempo para investir em cuidados básicos.

"A busca (dos consumidores) por produtos funcionais é real, pois se torna uma ótima alternativa para se cuidar sem muito esforço. E é natural que a indústria passe a olhar cada vez mais para isso", diz. 

Na visão de Tayla, a categoria de beleza já é uma das mais buscadas pelos consumidores que dão preferência aos produtos funcionais. A especialista recorda que depois de muito tempo exaltando a rotina k-beauty (método coreano com diversos passos para cuidar da pele), os brasileiros perceberam que não seria necessário “tudo isso” para uma pele saudável.

Pioneira, a cadeia alimentícia também deve potencializar seus lançamentos. Vale lembrar que em 2004, quando foi lançada, a marca Activia praticamente inaugurou a categoria de iogurtes funcionais no Brasil, destacando a presença de probióticos e com uma visão mais holística da saúde.

Ainda líder no mercado, há cinco anos, a Danone apostou na renovação do Activia ao adicionar cinco fermentos exclusivos na linha. Na época, segundo dados da Nielsen Retail Index, a marca liderava a categoria com 87% de share em volume.

Para além das invenções da indústria, Tayla aposta em um crescimento cada vez mais agressivo da categoria de manipulação, justamente pelos benefícios da personalização e da multifuncionalidade.

O mercado global de wellness (bem-estar) já passa de US$ 1,5 trilhão, com crescimento anual entre 5% a 10%. No Brasil, esse tipo de economia é avaliada em R$ 400 bilhões, figurando entre os onze mercados mais relevantes do segmento no mundo, segundo um estudo de 2022 feito pela AG7 em parceria com a Global Wellness Institute (GWI).

SETOR TÊXTIL

Também nesta direção, a Indústria têxtil mostra as suas primeiras inovações. Uma delas vem do Japão. A Xenoma produz o e-skin, tecido inteligente com dispositivo IoT, ou seja, baseado na Internet das Coisas, que é confortável e pode ser lavado normalmente.

Vendidas como calças, blusas e pijamas, as roupas analisam em tempo real a saúde de quem a veste. O pijama monitora o nível cardíaco, respiratório e os sinais vitais do usuário.

Além disso, a peça detecta se quem a está utilizando caiu e se machucou, alertando pessoas previamente cadastradas em um sistema, como os familiares. Os dados do pijama também podem ser transmitidos para uma casa inteligente, por exemplo, podendo adequar a temperatura para deixar o clima mais agradável sem nenhuma interferência do usuário.

Para ganhar o título de funcional e ser diferenciado dos demais, os produtos funcionais possuem um registro específico que só é obtido após uma análise técnica que pode demorar até dois anos.

No Brasil, esse processo passa pelo Ministério da Saúde e, uma vez aprovado, recebe um registro próprio e uma rotulagem diferente, com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que atesta que o produto é detentor de propriedades reconhecidas como promotoras de saúde.

 

IMAGEM: Freepik

 

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