Prédio histórico do Centro de SP ganha espaço de coworking

O edifício Conde Luiz Eduardo Matarazzo, da década de 1940, um patrimônio tombado da capital, recebeu investimento de R$ 3 milhões para ter o segundo andar compatível com escritórios flexíveis. Mercado de coworking no Brasil cresceu mais de 20% em 2023 e já movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano

Rebeca Ribeiro
26/Dez/2024
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Prédio histórico do Centro de SP ganha espaço de coworking

As mudanças no mercado de trabalho criaram condições favoráveis para a expansão dos espaços de coworking. Cada vez mais empresários que atuam em regime semipresencial buscam esses locais, seja para realizar reuniões de algumas horas ou para executar projetos inteiros com parceiros.

Segundo relatório divulgado pela Woba, startup que ajuda empresários a encontrar esses escritórios flexíveis, em 2023 houve um crescimento de mais de 20% no número de coworkings no país, que passaram de 2.443 para 2.989. 

O Sudeste é a região que mais possui espaços desse tipo, 58% do total, com a cidade de São Paulo concentrando 32,2% deles.

Com o bom momento do mercado, o faturamento médio anual por escritório flexível cresceu 11% entre 2022 e 2023, saindo de R$ 305 mil para R$ 338 mil. Assim, este se tornou um segmento que movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano.

Outra tendência encontrada pela pesquisa da Woba foi o aumento de seis pontos porcentuais no número de contratos de locação de longo prazo – mais de 12 meses - comparado com 2022.

Além disso, outro levantamento, este realizado pela consultora JLL Brasil, estima que até 2030 a participação dos coworkings no mercado imobiliário será de 30%. 

APOSTA NO MERCADO

Foi analisando os números positivos desse mercado que os sócios Nicolas De Feraudy e Johan De Feraudy decidiram transformar um prédio histórico do Centro de São Paulo, o edifício Conde Luiz Eduardo Matarazzo, inaugurado na década de 1940, em um espaço para coworking.

O prédio, que já abrigou grandes empresas, como o Grupo Safra, e por muito tempo foi usado como passarela pela população da região, por ligar a rua Boa Vista à XV de Novembro, tendo até algumas lojinhas em seu hall de entrada, ainda hoje mantém sua essência comercial e arquitetura neoclássica. 

As baias individuais custam em torno de R$ 450 por mês, mais o pacote de conectividade, que sai por R$ 132

 

Mas transformar o segundo andar de um prédio tombado de mais de 80 anos em um espaço moderno de escritórios, com a tecnologia e conforto necessários, não foi simples. “Tivemos um grande desafio para instalar, por exemplo, o ar-condicionado, pois não podíamos colocar as caixas dos aparelhos na fachada, para não descaracterizar um edifício tombado. Então, precisamos montar uma estrutura para que não ficasse evidente”, conta Nicolas.

Ao entrar no prédio, o visitante encontra o piso de mármore vindo da Itália e os elevadores de época. Mas, ao chegar no segundo andar, é possível perceber uma drástica mudança no ambiente. O carpete dá lugar a um piso mais moderno e aparecem baias de trabalho, móveis de escritório, salas de reuniões e mini cabines de ligações corporativas, que trazem um clima de modernidade ao local. No espaço há também uma mini copa, onde os empresários podem guardar e esquentar comida.

Segundo os sócios, as mudanças no andar exigiram um investimento de cerca de R$ 3 milhões.

As adaptações foram feitas sem mexer em nenhuma parte da arquitetura do prédio, por isso, em alguns locais, é comum encontrar uma pilastra no meio do ambiente, quase como uma decoração. Na entrada do segundo andar, por exemplo, foi feito um móvel específico para que os fios de energia passassem por dentro dele, evitando qualquer alteração no piso.

Salas de reunião grandes, como a da foto, custam R$ 119 por hora, com diária de R$ 656. Nas salas pequenas, a hora custa R$ 35

 

O negócio, em parceria com a Regus, uma das empresas de coworking mais antigas do mercado, também incorporou a proposta de revitalização do Centro de São Paulo ao atrair novos empresários à região. “É muito triste ver construções antigas serem usadas hoje como depósito. Não queremos isso”, diz Nicolas. 

O espaço busca atender a empresas que precisam passar algum tempo no Centro, como as que prestam serviços para a Prefeitura, ou pessoas jurídicas que precisam fornecer algum trabalho na região. Inaugurado há menos de um ano, o local, no momento, abriga 14 empresas.

São 33 salas de diferentes tamanhos, que podem acomodar até 170 pessoas. Os preços variam de acordo com o tamanho do espaço locado. As baias individuais, geralmente utilizadas como endereço fiscal, custam em torno de R$ 450 por mês, mais o pacote de conectividade, que sai por R$ 132 por pessoa e inclui internet e acessos.

Salas de reunião grandes custam R$ 119 por hora, com diária de R$ 656. Nas salas pequenas, a hora custa R$ 35.

Na Regus, a média de locação por m2 gira em torno de R$ 150, enquanto nas locações convencionais sai por cerca de R$ 30/m2. Porém, a este valor são adicionados condomínio, IPTU, obras de adequação etc, enquanto no coworking está tudo incluso.

Os sócios avaliam que a principal vantagem dos escritórios flexíveis é a economia. Segundo eles, os empresários só precisam se concentrar no trabalho, já que a compra de material de escritório, manutenção de equipamentos, limpeza, entre outras necessidades cotidianas das empresas, são de responsabilidade do espaço de coworking.

Além disso, o modelo não exige contratos longos de locação, permitindo ao empresário permanecer no local apenas por algumas horas ou dias. Mas, segundo Nicolas, as empresas geralmente ficam no coworking entre seis e nove meses.

 

IMAGEM: Rebeca Ribeiro/DC

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