Precauções cabíveis?
Ânimos mais exaltados estão, pela força das chamadas mídias sociais, promovendo verdadeiras caça às bruxas
Houve um tempo, e não vai longe, em que se dizia que no Brasil a pessoa era otimista ou mal informada. Atualmente pode-se dizer que tanto faz. A manipulação sobre as informações e a criação de notícias falsas (fake news) são tão intensas que a realidade dos fatos (e estes importam) parece algo distante.
Basta olhar para a vida nacional dos últimos tempos para observar que cada grupo político, ideológico, interessado no poder (sempre o objetivo são os cofres públicos) tem a sua verdade, a sua realidade e atua como se fosse a única.
Não é novidade que desde a criação do “nós” e “eles” pelo até hoje ainda candidato a voltar ao Planalto, detentor do controle hegemônico do lulopetismo, essa divisão se acentuou no país de tal forma que salta aos olhos a dificuldade de surgimento de uma “terceira via”, ou uma alternativa que não seja a bipolarização entre o atual presidente da República e o criador do poste Dilma.
Deve-se observar que nesta divisão há duas realidades também paralelas. Uma mostra a mobilização popular onde quer que se apresente o presidente da República em qualquer canto do país, e a outra, que cita pesquisas onde o ex-presidente condenado e libertado por seus companheiros do Supremo, aparece liderando, mas não sai nas ruas.
Outro fenômeno é a forma como as pessoas agora se posicionam diante do quadro político nacional. Antes havia o analista, o comentarista e o cidadão que tomava partido, muitas vezes apaixonadamente, pelas virtudes de seu preferido (se as há) somente vendo defeitos no seu opositor (e todos as têm).
Por mil motivos que um dia a sociologia, psicologia, a antropologia, seja o que for, (até a psiquiatria) vão explicar, porque hoje até os comentaristas, analistas, que deveriam ser isentos, analisando os fatos e não torcendo por um dos lados, passaram a ser parte dos que misturam seus desejos com a avaliação que fazem.
O leitor, perspicaz, entende bem o que estou dizendo e ele lendo.
Como são polos opostos, começa a surgir nos chamados meios de comunicação das empresas, organizações empresariais, da sociedade, a preocupação com as posições públicas a serem assumidas. Ânimos mais exaltados estão, pela força das chamadas mídias sociais, promovendo verdadeiras caça às bruxas, quando algum ente se posiciona ou faz algo contrário a um dos lados polarizados.
Se fulano, que defende um dos polos, diz algo ou sua empresa faz algo a favor do seu candidato, o outro lado se mobiliza imediatamente e o boicote vem com força. E vice-versa.
Neste quadro, e diante das informações e contrainformações que predominam, onde instituições do Estado tomam posição a favor de seu preferido, onde prevalece hoje uma insegurança jurídica no mínimo estranha para não dizer absurda, poucos, e são poucos mesmos, os que se atrevem a dizer como devem se manifestar em público, com medo de queimar seu nome ou sua marca.
Se houve um tempo em que se dizia que a pessoa era otimista ou mal informada, agora, com certeza, pode-se dizer que todos são mal informados e pessimistas, com o país pisando na tênue linha do abismo, que separa a falsidade, a mentira, da verdade.
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