Por que é preciso ficar atento às empreendedoras
Há no Brasil 5,7 milhões de mulheres que possuem negócios próprias, de acordo com pesquisa da Serasa Experian. Falta atingir o mesmo sucesso dos homens

O empreendedorismo continua a atrair as atrair as mulheres brasileiras, apesar das dificuldades e entraves específicos do gênero feminino. Recente estudo da Serasa Experian mostra que elas representam quase metade dos donos de negócios (47%), categoria que engloba pequenos e médios empreendimentos no Brasil. Usando uma metodologia própria, a instituição chegou ao número de 5,7 milhões de mulheres empreendedoras nesta faixa, com idade média de 44 anos e concentradas na Região Sudeste (52,06%), onde passaram os homens.
Na categoria Micro Empreendedor Individual (MEI), a presença feminina chega a mais de 1,3 milhão. Segundo o sistema usado para a pesquisa, apenas 0,2% são sócias em empresas de grande porte.
TENDÊNCIA DEMOGRÁFICA
Os dados levantados pela pesquisa Serasa confirmam a tendência observada na última década pelo IBGE e Sebrae sobre a crescente participação das mulheres nos pequenos negócios. Segundo a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE de 2012, dos 23,1 milhões de pessoas que trabalhavam no comando do próprio negócio, seja como empresário(a) ou por conta própria, 31% eram mulheres (7,2 milhões). Quase 100% deste universo é constituído por micros e pequenas empresas.
Apesar de a participação feminina ser ainda inferior à masculina pelos critérios do IBGE, a análise dos dados de 2002 a 2012 mostra que a maior intensidade da expansão é das empreendedoras. O número de empresas dirigidas por mulheres nestes 10 anos cresceu 18%, passando de 6,1 milhões para 7,2 milhões. No mesmo período, a proporção do número de proprietários de negócios no país foi de apenas 8% --de 14,8 milhões para 15,9 milhões.
VAI CONTINUAR CRESCENDO
No estudo do Sebrae Os Donos de Negócios no Brasil – Análise por Sexo (2002-2012), os pesquisadores avaliaram as perspectivas de crescimento futuro do empreendedorismo feminino.
Usando uma metodologia internacional conhecida por TEA, que mensura o grau de empreendedorismo de um país a partir da taxa de empreendedorismo inicial (proporção de pessoas que está fazendo algo para ter um novo negócio e/ou que já possui um negócio próprio com até 3,5 anos), o estudo concluiu que as mulheres manterão com maio impulsividade o ritmo de crescimento de negócios.
A taxa de 42% de participação feminina no índice em 2002 aumentou para 52% em 2013, bem acima da masculina.
As conclusões de maior destaque evidenciam o interesse das mulheres na atividade empreendedora, além de maior qualificação. Por outro lado, demonstram a permanência das dificuldades para elas alcançarem o mesmo nível de sucesso dos homens, fenômeno observado em outras partes do mundo.
Leia também:
O que falta para as mulheres reinarem nos negócios
Veja alguns resultados do estudo Sebrae na comparação do perfil de mulheres e homens empreendedores:
Regionalização - Não existem diferenças expressivas na distribuição de donas e donos de negócios por região.
Comando da família – Entre as mulheres, 39% são chefes de domício. Entre os homens, 71%.
Escolaridade – Na campo de maior avanço das mulheres, 15% têm ensino superior completo ou mais, 4% têm superior incompleto, 36% têm ensino médio (completo ou incompleto). No grupo dos homens, 9% têm ensino superior completo ou mais, 3% têm superior incompleto, 26% têm ensino médio (completo ou incompleto).
Anos de estudo – Entre as mulheres, foi de 8,8 anos, 23% superior ao verificado no grupo dos homens, cuja média foi de 7,2 anos.
Idade média – As donas de negócio têm 43 anos e os donos, 44 anos.
Rendimento médio mensal - Em 2012, as mulheres conseguiram uma renda média de 2,2 salários mínimos (SM) e os homens, 3,2 SM. Elas tiveram rendimento médio 30% inferior ao dos homens nos negócio. Apenas 9% recebem acima de cinco SM contra 12% dos donos de negócios.
Acesso a telefonia – Há uma pequena superioridade das mulheres no uso de telefone: 96% têm telefone fixo e/ou celular(homens, 91%) e 84% têm celular (homens, 78%).
Recursos de informática – As donas de negócio são mais informatizadas que os donos. Entre elas, 58% possuem micro no domicílio e 52% têm internet; 42% não possuem micro em casa. Entre os homens, 47% têm micro e 41% têm internet no domicílio, e 53% não têm.
Setores de atuação - As mulheres estão mais presentes nos setores de serviços e comércio, os homens no setor agrícola e da construção. Cerca de 20% das mulheres têm atividade na indústria contra 7% dos homens.