Partidos de centro-direita ganham terreno nas eleições municipais

O cientista político Antonio Lavareda traça um panorama das eleições municipais de 2020, que traz o DEM como maior força e o PT como principal derrotado até o momento

Renato Carbonari Ibelli
19/Out/2020
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Partidos de centro-direita ganham terreno nas eleições municipais

As pesquisas de intenção de votos para prefeito mostram avanço dos partidos de direita no país, fenômeno que ganha força desde a polarização nas eleições presidenciais de 2018, quando siglas alinhadas ao bolsonarismo, às quais se chamou de nova direita, passaram a ser protagonistas no cenário político brasileiro.

Mas agora esse avanço é diferente, segundo o cientista político Antonio Lavareda. Quem ganha espaço na atual conjuntura é a direita tradicional, que abriga partidos de centro-direita, a exemplo do Democratas (DEM), que mostra forte desempenho nessas eleições municipais.

Das sete principais capitais onde as eleições devem ser definidas já no primeiro turno, em três a prefeitura deve ir para as mãos de Democratas, de acordo com as pesquisas.

Em Salvador, Bruno Reis lidera com 42% das intenções, 32 pontos à frente do segundo colocado. Em Curitiba, Rafael Greca aparece com quase 50% e, em Florianópolis, Gean Loureiro tem 29 pontos a mais que seu principal concorrente. Além disso, Eduardo Paes aparece como favorito na disputa pela prefeitura do Rio de janeiro.

O DEM, que em 2016 conseguiu apenas uma capital, com ACM Neto em Slavador, deve levar no mínimo três agora em 2020.

Na direção contrária, o PSL, que de nanico se tornou a segunda maior bancada na Câmara carregado por Bolsonaro em 2018, então filiado à legenda, não conseguiu emplacar nenhum nome forte para as eleições municipais em 2020.

“O desempenho da direita nessas eleições é 2,5 vezes superior ao de 2016. A direita avança substancialmente no país, mas não se tratam de partidos alinhados ao bolsonarismo”, disse Lavareda durante reunião do Conselho Político e Social da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Tendo como base as pesquisas de intenção de votos, a esquerda, que elegeu 35% dos prefeitos das capitais em 2016, hoje elegeria 23%. Os partidos do centro, com MDB e PSDB, teriam 27% das capitais e a direita ficaria com 50% delas.

Nesse realinhamento político, segundo Lavareda, o único partido de esquerda que tem mostrado força é o PSB. Das nove capitais onde partidos do campo progressistas lideram as pesquisas, cinco têm candidatos do PSB na disputa.

Já o PT tende a ser o maior derrotado nas eleições municipais, segundo apontam as pesquisas. A legenda aparece competitiva em apenas uma capital, Vitoria, com João Coser.

Para Lavareda, o peso do ex-presidente Lula nas disputas municipais deste ano é pequeno.

EFEITO COVID-19 NAS ELEIÇÕES

Segundo o cientista político, a pandemia deu mais relevância às ações dos prefeitos, o que tende a aumentar as reeleições. Há 13 candidatos à reeleição nas capitais, sendo que nove lideram as disputas.

Lavareda diz ainda que a necessidade por informações confiáveis sobre a covid-19, somada ao isolamento social, fiz crescer a importância da televisão. “A audiência tem aumentado, e sua relevância para as eleições municipais também cresce”, disse.

Segundo ele, esse é um fenômeno mundial. Nos Estados Unidos, dados da consultoria Kantar mostram que dos US$ 11 bilhões gastos pelas campanhas eleitorais neste ano, R$ 4,7 bilhões foram destinados a propagandas na televisão. É mais que o dobro do valor destinado às redes sociais (US$ 1,8 bilhões).

“Depois que o horário eleitoral começou, João Campos (PSB) cresceu 10 pontos na disputa por Recife”, afirmou Lavareda.

A pandemia também deve ter impacto no aumento das abstenções, segundo o pesquisador, já que as pessoas passaram a evitar as aglomerações.

Uma pesquisa da XP realizada há duas semanas mostra que quase 30% dos brasileiros não pretendem votar este ano, ou ainda avaliam se irão comparecer às urnas.

RUSSOMANNO FICA PELO CAMINHO EM SP

Lavareda vê uma disputa acirrada na cidade de São Paulo, onde o líder das pesquisas, Celso Russomanno (Republicanos), tende a, mais uma vez, perder fôlego com o desenrolar da disputa. Para o cientista político, Bruno Covas (PSDB) deve se reeleger prefeito da capital paulista.

Russomanno vem mais forte este ano. Pela primeira vez ele tem ancoragem política, associando seu nome ao de Bolsonaro.

“Vejo um Russomanno mais consistente, que escolheu um vice forte [Marcos da Costa, ex-presidente da OAB-SP], que passa a imagem de bom administrador, e ainda é beneficiado pela escassez de debates, onde não costuma ter bom desempenho”, disse o pesquisador.

Por outro lado, quem mostra tendência de crescimento nas pesquisas é Covas, que lidera nas respostas espontâneas. “Sem fazer prognóstico, os dados técnicos das pesquisas mostram que há uma forte capacidade de o segundo ultrapassar o primeiro em São Paulo”, disse lavareda.

Ele diz que a disputa deve ficar entre o republicano e o peessedebista. A terceira força nas eleições da capital paulista é Guilherme Boulos (Psol), que aparece mais de 10 pontos atrás dos dois.

O desempenho de Boulos surpreende, diz Lavareda. “É o fenômeno da esquerda nestas eleições”. Mas muito dificilmente conseguiria passar para o segundo turno. “Ele é limitado pelos votos que vão para Jilmar Tatto (PT) e Márcio França (PSB)”.

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IMAGEM: divulgação

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