Obra retrata as relações incestuosas de empresa com o poder
Em "Why Not", a jornalista Raquel Landim relata a trajetória dos irmãos Wesley e Joesley (na foto) Batista, da JBS. Eles ficaram meses na cadeia, e hoje respondem processo em liberdade
Trechos como esse são fruto de uma pesquisa detalhada, que começou há dois anos, no dia em que a cartada mais arriscada de Joesley foi revelada: em 17 de maio de 2017, foi divulgada a gravação que o todo-poderoso do grupo J&F - à época, dono não só da JBS, mas também da Alpargatas (dona da Havaianas) e da Eldorado Celulose, entre outros negócios - havia feito de uma conversa no Palácio do Jaburu, em visita que o então presidente Michel Temer manteve fora da agenda oficial.
A essa altura, Joesley, que ao lado do irmão Wesley, havia transformado a JBS na líder global em proteína animal, sentia-se encurralado.
A decisão dos irmãos Batista de colaborar com o MPF, disse Raquel ao Estado, partiu da observação de empreiteiros que, àquela altura, já haviam sido enredados nas investigações da Operação Lava Jato.
A ousadia dos irmãos - tanto na disposição em comprar empresas e fazê-las crescer quanto em agradar a políticos para atingir seus objetivos - é mostrada em detalhes em Why Not.
A trajetória dos irmãos Batista ainda tem final aberto - eles ficaram meses na cadeia, mas hoje respondem processo em liberdade -, por isso, a narrativa de Why Not termina em 2017, quando os dois líderes do império da carne foram presos em questão de dias.
Embora a história dos empresários ainda esteja em curso, Raquel disse que Joesley já conseguiu parte do que queria. Ao contrário da Odebrecht, que passa por dificuldades, a JBS vai bem - seu lucro foi de mais de R$ 1 bilhão no primeiro trimestre de 2019.