O ritmo da economia em agosto

Os dados relativos à inflação sinalizam que devemos fechar o ano abaixo da meta, e que existe espaço para que o COPOM possa continuar a reduzir as taxas de juros

Marcel Solimeo
03/Set/2019
Economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo
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O ritmo da economia em agosto

Na reunião do Comitê de Avaliação de Conjuntura de Agosto, coordenada pelo conselheiro superior da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Edy Luiz Kogut, o empresário chinês Phillip Xu, executivo da empresa COFCO, teceu interessantes comentários sobre o desenvolvimento recente da China e de suas perspectivas, manifestando certo pessimismo com a possível solução, no curto prazo, do conflito comercial com os Estados Unidos.

Xu, que foi convidado pelo vice-presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Farid Murad, considerou que a questão é mais complexa e envolve disputa com relação à tecnologia de ponta, na qual os chineses se encontram bastante avançados. Ele ressaltou, no entanto, de que essa se trata de sua visão pessoal, não representando qualquer posicionamento oficial.

No tocante ao cenário doméstico, embora as estatísticas das finanças públicas e do setor externo tenham mostrado resultados menos favoráveis, diversos indicadores apontam para a melhora da economia nos próximos meses, mas em ritmo ainda bastante lento.

Os dados relativos à inflação sinalizam que devemos fechar o ano abaixo da meta, e que existe espaço para que o COPOM possa continuar a reduzir as taxas de juros. O desemprego vem se reduzindo mês a mês, embora com a criação de empregos informais, tempo parcial ou conta própria, indicando que o consumo deve melhorar nos próximos meses.

A produção industrial ainda se acha no campo negativo, mas vários setores já mostram reação, enquanto o varejo
continua a crescer de forma bastante lenta, assim como os serviços. Destacou-se que está aumentando a concentração no varejo, revelando as dificuldades de crescimento e mesmo de sobrevivência das empresas menores.

O aumento das vendas de material de construção e a redução dos estoques de imóveis abrem perspectivas favoráveis para a indústria de construção civil, no qual o programa “Minha Casa, Minha Vida” representa cerca de metade do setor, mas observa-se expansão também de apartamentos pequenos, construídos para atender um público de renda entre 5 a 7 salários mínimos.

No setor eletroeletrônico, a chamada linha branca e de materiais elétricos de uso doméstico mostram crescimento, provavelmente ocasionados pelas novas construções e reformas de residências.

Enquanto a indústria de alimentos registrou expansão da produção e estabilidade dos preços, graças às excelentes safras agrícolas, especialmente de grãos (milho e soja). Na área de energia, a liberalização do mercado de gás e os leilões do Pré-Sal abrem perspectivas bastante favoráveis para o setor, beneficiando as indústrias e os consumidores.

Em resumo, apesar de ainda termos muitos problemas, podemos esperar que os próximos meses sejam melhores e as perspectivas para 2020 sejam de crescimento maior do PIB, embora ainda muito abaixo da capacidade e necessidade do Brasil.

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