No franchising, se é para crescer, que seja na crise

Ao isentar taxas e criar modelos mais enxutos, redes como a Mr.Fit triplicaram o total de unidades nos meses de pandemia, atraindo franqueados como Carlos Córdoba (acima), do Park Shopping São Caetano

Karina Lignelli
11/Set/2020
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A Mr.Fit, franquia especializada em alimentação saudável, iniciou 2020 com 120 lojas e a meta de chegar a 200 até o fim do ano. Mesmo com a inesperada pandemia, a rede bateu essa meta e hoje está com 362 unidades.

Outras 36 estão em implantação, diz a presidente Camila Miglhorini. Milagre? Não. Assim como em outros cenários recessivos, a crise provocada pela pandemia tem sinalizado oportunidades para empreender.  

"Criei um modelo mais enxuto e achei que ia vender, mas não tanto: desde o começo da pandemia, a rede cresceu o triplo do que tinha crescido nos últimos cinco anos", destaca.  

Assim como outros setores, o franchising sofreu os impactos da crise, sendo que segmentos como lazer e entretenimento, hotelaria e turismo, moda e alimentação foram os mais afetados pelo isolamento social. 

Para manter a operação ativa, a Mr.Fit passou a isentar ou reduzir taxas e royalties e criou formatos menores, como o home based (cujo investimento inicial caiu de R$ 17 mil para R$ 6.250).

A rede ainda intermedia a negociação de pontos comerciais, tem dado suporte na implantação de delivery e até fez parceria com bancos para liberar crédito para os novos entrantes. 

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Essas facilidades despertaram o interesse de potenciais franqueados, caso do chef de cozinha Carlos Fernandez Córdoba, que passou a operar uma unidade da Mr.Fit no ABC Paulista. 

A loja, segundo Córdoba, foi aberta em meados de julho último, no Park Shopping São Caetano, nas condições pré-estabelecidas pelo governo, pela prefeitura e pela administração do centro de compras. 

"É lógico que a pandemia pegou a todos de surpresa, mas as vendas vêm evoluindo a cada semana", afirma ele, que planeja, a partir desta loja, e com o apoio da rede, ampliar os negócios na região. 

MARTINS, DA PINTA MUNDI: VENDAS DO MÊS 115% ACIMA DA META

Ao criar um modelo mais enxuto e adaptado para a crise, Camila Miglhorini pensou em atrair empreendedores com o perfil home based ou pequenos comércios potencialmente afetados pela pandemia, como pastelarias e pizzarias, mas que teriam outra fonte de renda implantando um delivery da Mr.Fit. E deu certo. 

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"Tenho franqueados com esse perfil em cidade pequena que já faturam R$ 4 mil limpos por mês", diz.

Mas a rede não tem crescido só com o modelo enxuto: Camila diz que tem aberto pelo menos uma loja física por semana desde o início da crise. E algumas em shoppings - como a de Córdoba, em São Caetano do Sul. 

"Quem souber observar, vai encontrar muita coisa para investir, muito comércio fechando... Porque agora dá para negociar o ponto ou o próprio negócio. Para quem é centrado, a crise é uma baita oportunidade."

FRANCHISING DA CONSTRUÇÃO

O setor que apresentou 15 semanas seguidas de crescimento desde maio - o da construção civil - não poderia fazer diferente no franchising. Exemplo que ilustra bem esse avanço é a Pinta Mundi Tintas. 

Há 30 anos na ativa, a rede não só tem dobrado o número de unidades na pandemia - de 20 para 40 -, como tem batido recordes de faturamento. Só em julho, a alta ficou 122% acima da meta projetada para o mês. 

A operação enxuta, com alto controle de gastos, boa negociação de preços com fornecedores, estoque
dimensionado para alto giro e lucratividade puxaram a alta, segundo o fundador Nassim Katri. 

Os novos hábitos criados pelo isolamento e pelo home office, que favoreceram o mercado de obras e reformas residenciais, também ajudaram na expansão da rede. 

"Foi uma mudança cultural forte: a pandemia criou a tendência de valorizar o lar, a casa... Então, realmente conquistamos recordes de faturamento, baseados em uma comunicação simples e mostrando o beneficio de que, com pouco dinheiro, as pessoas podem melhorar sua qualidade de vida", afirma. 

CLÁUDIA BITTENCOURT: OLHAR PARA O FRANCHISING POTENCIALIZADO NO PÓS-PANDEMIA

Outros fatores também colaboraram para atrair novos franqueados, diz Katri, como a loja compacta e o custo de investimento acessível (a partir de R$ 159 mil), além dos muitos imóveis vazios, que facilitam negociar os pontos.

E a disponibilidade de mão de obra, que abriu caminho para investidores como o ex-bancário Klaus Martins, que já planejava entrar para o franchising após 15 anos no setor financeiro.

Avaliando marcas, riscos e oportunidades de empreender desde 2018, optou por se tornar franqueado da Pinta Mundi. E inaugurou sua loja em julho último, na Vila Maria (Zona Norte da capital paulista). 

A escolha foi feita por observar que a rede vem crescendo e abrindo lojas todos os meses, mesmo com a crise, afirma. "Isso mostra que ela está bem posicionada no mercado de tintas.” 

Outros diferenciais que o levaram a investir em uma franquia nesse momento, segundo Martins, são a simplicidade da operação, o volume negociado pelo franqueador, e a composição de mix de produtos da loja. 

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"Como loja individual, eu não teria condições e preço que tenho sendo franqueado. Além disso, os treinamentos são fundamentais para conquistar conhecimento técnico”, afirma ele, que diz que, no primeiro mês, bateu em 115% a meta da franqueadora, e espera um aumento de 50% nas vendas até dezembro. 

Mas negócios como a Pinta Mundi e a Mr.Fit manterão o crescimento sustentável no pós-crise? Para Cláudia Bittencourt, sócia-fundadora e diretora geral do Grupo Bittencourt, se bem estruturados, vão continuar sim.

Porém, os potenciais franqueados devem ficar atentos nesse momento, pois devem avaliar a consistência e a estrutura do negócio, de acordo com critérios técnicos e pesquisas que devem ser realizadas antes de assinar qualquer compromisso ou efetuar qualquer taxa.

"Tanto para empresários que passarão a expandir seus negócios, como o empreendedor que pretende abrir o seu negócio próprio, o olhar para o franchising vai ser potencializado pós-pandemia", sinaliza. 

FOTOS: Arquivo pessoal e Divulgação

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