Na moda, lingerie aparente impulsiona vendas online de produção nacional

Marcas brasileiras como Hope e DelRio disputam um mercado que deve produzir 800 milhões de peças em 2017 e movimentar R$ 2,2 bilhões com as vendas também em lojas online

Mariana Missiaggia
26/Set/2017
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Na moda, lingerie aparente impulsiona vendas online de produção nacional

Feitas para aparecer, as peças íntimas ganharam um novo status nos últimos dois anos -e colocaram a indústria de moda íntima em um novo patamar. 

CLÁUDIA, DA DELRIO: DEMANDA

Enquanto o setor têxtil perdeu fôlego em meio à crise, com queda na produção dos últimos dois anos (2015 e 2016), a categoria que confecciona lingerie e roupas para dormir irá entregar mais de 800 milhões de peças até o fim deste ano, movimentando cerca de R$ 2,2 bilhões, 3% mais que em 2016.

Outro fator que contribuiu para o fortalecimento do segmento foi a taxa de câmbio, que acabou enfraquecendo a oferta de produtos importados no último ano -o que possibilitou maior evidência aos produtos nacionais.

Dados da Inteligência de Mercado e Estudos Setoriais (IEMI) mostram que houve um grande recuo nos volumes importados em 2016. O total de 48,3 milhões de peças representa uma queda superior a 40% frente ao volume registrado no ano anterior.

O QUE ACONTECEU?

 

Assim como bolsas, sapatos e acessórios, a lingerie também virou um produto de moda e passou a ser determinante para as mulheres na hora de combinar uma roupa.

De acordo com Ana Claudia Gurgel, gerente de estilo da DelRio, há grande número de consumidoras dispostas a investir um valor maior em lingerie do que em roupa externa.

O que sucede na prática, segundo Ana Claudia, é o seguinte: sem dinheiro para trocar o carro, reformar a casa ou fazer a viagem dos sonhos, as pessoas buscam realizações mais singelas e acessíveis. Entra aí a compra de uma nova lingerie.

 

sylvio korystowski, diretor da hope
KORYSTOWSKI, DIRETOR DA HOPE: INOVAÇÃO

Nos últimos três anos, o segmento avançou muito em termos de inovação, de acordo com Sylvio Korytowski, diretor de expansão da Hope.

Diferente do que faziam no passado, as marcas deixaram de trabalhar focadas em apenas duas linhas, a básica e a sensual, e lançaram diferentes coleções para o dia a dia com novas cores e modelos fabricados com corte eletrônico e sem costura.

O uso de tecnologia trouxe sofisticação ao acabamento das peças, que começaram a ser usadas de forma aparente.

“Uma renda embaixo de uma blusa transparente ou uma alça com muito estilo. Isso é o que a mulher espera de uma grande marca”, diz Korytowski.

CRISE

Embora não divulgue dados relacionados ao faturamento ou ao volume de produção e vendas, o executivo afirma que o desempenho da marca neste ano está bem acima de 2016.

O mesmo acontece com a DelRio, que de acordo com Ana Claudia, tem se apresentado na contramão do mercado, e espera crescer acima de dois dígitos em 2017.

Korytowski também credita a expansão do mercado aos efeitos da crise. Ele recorda que em 2015, os brasileiros começaram a lidar com um cenário econômico complicado.

O elevado número de demissões somado à queda no preço de locação dos imóveis levaram a Hope a criar novos modelos de franquia –mais enxuto, mas que mantém a sofisticação do formato tradicional.

Com isso, a marca ampliou a presença no varejo e também se fortaleceu no e-commerce com a unificação dos canais. Quem compra online pode retirar o produto na loja, ou recebê-lo em casa.

VIRADA NO E-COMMERCE

A expansão da atividade se dá não somente no varejo tradicional, mas também no cenário virtual, que se tornou uma opção para pequenas confecções, além de lojas multimarcas.

Assim como o comportamento da consumidora tem mudado de acordo com as possibilidades que o mercado oferece, o perfil de quem compra pela internet também vem se transformando.

Problemas como, a falta de padronização de tamanhos e a impossibilidade de trocar as peças barravam muitos clientes que queriam comprar online.

No entanto, esses impedimentos ficaram no passado. De acordo com o estudo e-commerce radar 2017, a categoria com o maior tempo de navegação no site, no primeiro semestre de 2017, foi justamente, a de moda íntima.

Em média, os usuários gastam quatro minutos e 35 segundos pesquisando na página da marca antes de efetuar suas compras.

BIELLÍSSIMA

Em 2015, a empresária Priscila Biella, 33 anos, deixou o cargo de gerente de marketing em uma empresa de tecnologia para apostar no negócio próprio, uma loja virtual de lingerie e moda praia –a Biellíssima.

 

Com investimento de R$ 15 mil, ela oferece produtos de marcas famosas, como Hope, Valisere, Salinas e Ellus.  

PRISCILA BIELLA

Embora a ideia de comprar peças íntimas pela internet pareça estranha, Priscila encontrou uma maneira de solucionar esse incômodo.

A empreendedora adotou um sistema de provas para as clientes de São Paulo, em que elas podem experimentar algumas peças antes de comprá-las.

No entanto, a estratégia durou pouco. Como Priscila trabalha com marcas bem consolidadas no mercado, é comum que suas clientes já saibam qual tamanho escolher.

De qualquer maneira, ela oferece a possibilidade de troca, que hoje, se tornou comum nesse segmento, inexistente há poucos anos.

“Em três anos de operação, fiz menos do que dez trocas. Trabalhar com marcas tradicionais facilita muito”, diz.

Com um tíquete médio de R$ 250, Priscila diz que suas clientes preferem comprar peças com desconto.

Atentas a esse movimento, as próprias empresas passaram a produzir itens com preços mais baixos e a antecipar ofertas mesmo em peças de coleções atuais.

A expectativa é fechar este ano com faturamento superior ao de 2016, e repetir no Natal o mesmo ritmo de vendas do Dia dos Namorados e Dia das Mães. 

FOTOS: Thinkstock e Divulgação

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