Na Black Friday, 43% dos clientes vão pesquisar desconto
Desconfiança, constata levantamento, é reflexo de edições anteriores, em que parte das lojas simulava descontos e, na verdade, cobrava os mesmos preços de antes, ou oferecia reduções muito pequenas
A oitava edição da Black Friday, que ocorrerá na próxima sexta-feira (24/11), deve consolidar o evento como uma das principais datas de vendas do comércio brasileiro.
As estimativas apontam um volume de negócios próximo de R$ 2,2 bilhões, 20% a mais que em 2016. No entanto, o consumidor brasileiro ainda demonstra desconfiança com a Black Friday, como revela pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL).
Segundo o levantamento, que ouviu 1.616 pessoas nas 27 capitais brasileiras, 39% dos consultados planejam fazer compras durante a promoção, enquanto 43% também querem comprar, mas vão analisar os preços antes.
O índice reflete a dúvida surgida nas edições anteriores de que parte das lojas simulava descontos e, na verdade, cobrava os mesmos preços de antes, ou oferecia reduções muito pequenas.
Esse receio provou reações de instituições de defesa do consumidor. No ano passado, por exemplo, ação do Ministério Público da Paraíba levou à prisão de quatro gerentes de lojas pela suspeita de fraude.
Em São Paulo, desde 2013 o Procon faz levantamento prévio de preços dois meses antes do evento para combater fraudes.
“O tamanho do desconto depende de que se faça pesquisa desde já, anotando e comparando os resultados da busca. É um exercício que exige paciência e certa disciplina”, diz a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo neste domingo (19/11) constatou que antes mesmo da Black Friday, uma parcela dos descontos que os consumidores encontram nos sites das grandes lojas não representa reduções de fato, apesar de exibirem descontos.
O jornal relata ter monitorado o preço de 6.875 itens, por 15 dias (desde o dia 31), espalhados por nove das maiores lojas de varejo do país que comercializam eletroeletrônicos.
A análise dos dados, de acordo com a Folha, mostrou que as empresas fazem constantes alterações nos valores. O que chamou a atenção é que essa oscilação ocorre não apenas no preço final dos produtos –o "por" escrito nos cartazes de promoção. Há variações também no "de", o preço original.
Um exemplo se deu com o celular Galaxy J5, com 16GB. De um dia para o outro, o "de", o valor que seria o ponto de partida, foi alterado. Passou de R$ 863 para R$ 1.699, crescimento de 97%. O "por" também subiu, indo de R$ 799 para R$ 972, uma alta de 22%.
Resultado: o desconto final cresceu de 7% para 42%, mas, na prática, o celular ficou mais caro.
Ainda segundo a Folha foram detectados casos em que o valor final do item não mudou, mas o "de" subiu. Assim, o desconto cresceu sem que o preço real nem sequer fosse alterado.
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Apesar da desconfiança, em geral, o consumidor gosta da promoção. Numa escala de 1 a 10, a satisfação com a Black Friday do ano passado foi de 7,3. Em 2015, havia sido 8,5. E 85% dos consultados consideram que valeu a pena comprar na liquidação.
A pesquisa revela também que os consumidores consideram gastar cerca de R$ 1 mil este ano. Smartphones (29%), roupas (28%) e eletrodomésticos (25%) lideram o desejo de compra.
Os ambientes preferidos são os sites de lojas nacionais (56%) e os shopping centers (23%). Os consumidores que pretendem comprar apenas no dia da Black Friday somam 40%, enquanto 26% calculam que vão adquirir produtos ao longo de novembro.
*Com Redação DC
FOTO: Rovena Rosa/Agência Brasil