Milon quer chegar a 100 unidades em 2023
Especializada em vestuário infanto-juvenil, a empresa produz do fio de algodão ao acabamento em uma unidade de negócio própria, a Fiação Fio Puro, inaugurada em dezembro de 2019

O mercado infantil tem se transformado nos últimos anos. As consequências de uma pandemia, o surgimento de novas tecnologias, a chegada de novas gerações e até mesmo a instabilidade política trazem novos desafios para quem disputa o poder de compra desse consumidor.
Ainda assim, os números mostram que se trata de um nicho promissor. Os dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) indicam que o segmento de varejo voltado para crianças cresce cerca de 6% ao ano.
Outro material, divulgado pelo Sebrae, mostra que o mercado infantil arrecada R$ 16 bilhões e cresce 14% anualmente no Brasil. Quando o assunto são produtos e serviços, as crianças movimentam um valor ainda maior — na faixa de R$ 50 bilhões anuais, com tendência de crescimento constante nos próximos anos.
Essa estatística positiva retrata bem o interesse crescente de algumas marcas no universo infantil. Há dez anos, a Milon, marca do Grupo Kyly, especializada em vestuário infanto-juvenil, migrou da indústria para o varejo.
Produzindo mais de 31 milhões de peças ao ano, a principal estratégia do grupo foi a verticalização da empresa - do fio de algodão ao acabamento. As peças são produzidas em uma unidade de negócio própria, a Fiação Fio Puro, inaugurada em dezembro de 2019.
Hoje, são mais de 12 mil clientes multimarcas em 3,5 mil cidades brasileiras. O grupo tem acelerado a sua expansão pelo franchising com 95 lojas físicas da Milon, que faturam mais de R$ 80 milhões.
O MODELO ESCOLHIDO
Criada em 2006, a marca Milon está ao lado de outras quatro infantis no Grupo Kily e foi pensada com foco em lojas multimarcas e exportação. Quatro anos depois, a primeira loja própria foi inaugurada em Joinville (SC) para testar o canal varejo. Seis anos mais tarde, em 2016, a companhia estruturou a rede para entrar no mercado de franquias - uma forma de chegar mais rápido ao bolso do consumidor final tendo capilaridade e crescimento escalável.
O investimento inicial para se tornar um franqueado é de R$ 350 mil, com retorno estimado em até 24 meses. Hoje, o canal franchising representa 40% das vendas totais da marca, e 25% do faturamento de todo o grupo. No último ano, a marca catarinense cresceu 65% só com a rede de lojas, e projeta chegar a 100 unidades em 2023.
Para direcionar esse crescimento, Claudinei Martins, diretor executivo comercial e de marketing da Milon, diz que a marca aposta em pesquisas, tecnologia e inovação em materiais e equipamentos para otimização de processos.
Para os próximos meses, a previsão, segundo o executivo, é de investir cerca de R$ 30 milhões para a modernização do maquinário da fábrica e na variedade de matérias-primas. Martins explica que pesquisas nacionais e internacionais são realizadas a cada coleção para buscar tendências e inovações que o mercado e o mundo da moda incorporam.
Sobre o cenário global nos últimos tempos, o diretor destaca que especialmente a pandemia e a instabilidade política acabaram trazendo desafios para sustentação da marca. A chegada da pandemia trouxe um momento de transição, segundo Martins. Os produtos, por exemplo, precisaram se enquadrar no perfil de busca do consumidor.
Ainda assim, a pandemia não foi um fator prejudicial, segundo o executivo. Isso porque um novo público passou a frequentar as lojas da Milon nos últimos dois anos - pais das classes A e B, que costumavam comprar roupas para crianças no exterior.
Atentos a isso, os produtos da marca têm uma inspiração europeia para crianças e pré-adolescentes, e as lojas franqueadas oferecem coleções exclusivas de acessórios e outros itens, que não são encontradas nos mais de 11 mil clientes multimarca da empresa.
Outra área que a Milon deve expandir neste ano é a exportação de produtos. Mesmo com a queda do câmbio, já são mais de 30 países, e a projeção é atingir R$ 10 milhões nessa frente.
IMAGEM: Milon/divulgação