Millennials são maioria entre os empreendedores de vendas diretas
Em 2017, 48,3% dos revendedores do setor tinham entre 18 e 29 anos, segundo a ABEVD. Setor faturou R$ 45,2 bilhões e vendeu quase 2 bilhões de itens no período.
Eles trabalham melhor se o objetivo final for uma causa. Mas também querem flexibilidade de horário, não desejam ficar fechados dentro de um escritório, querem fazer parte de um grupo com o qual se identifiquem e, o principal, serem donos do seu próprio negócio. E com baixo custo inicial.
Esse é o novo perfil dos empreendedores do setor de vendas diretas: os millennials. Em 2017, dos 4,1 milhões de revendedores, 48,3% tinham entre 18 e 29 anos, segundo dados divulgados nesta terça-feira (10/04) pela Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD).
Antes, esse revendedor era especialmente focado na complementação da renda familiar. Mas com os smartphones, as redes sociais e até os blogueiros de moda esse jovens acabaram se interessando em revender essas marcas não só pelos produtos diferenciados, mas pela chance de ganhar seu próprio dinheiro através das vendas por relacionamento.
“O setor foi criado, sim, com esse intuito de complementar renda”, confirma Adriana Colloca, presidente executiva da ABEVD. “Mas isso vem mudando, e ele se tornou atrativo para esses jovens no sentido de fazer carreira empreendedora na atividade”, completa.
Na Avon Brasil, por exemplo, 60% da força de vendas têm menos de 35 anos, segundo David Legher, presidente da companhia, que considera "um mito" dizer que o setor é composto por poucos jovens. Desse total, 40% se encaixam no perfil primeiro emprego.
“A venda direta tem sido a primeira oportunidade para eles gerarem renda própria”, reforça. “Atualmente, nosso foco tem sido ajudar essa geração a ter sucesso através de uma marca relevante, moderna e lançadora de tendências”, completa.
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João Paulo Ferreira, presidente da Natura, tem opinião semelhante. Para ele, os jovens são mais afeitos a novidades, principalmente se o trabalho realizado tiver um propósito – caso da própria companhia, que tem a inovação como pilar de crescimento sustentável.
“É algo que vai além da transação de benefícios financeiros e imediatos, mas que tem o propósito de transformação social”, acredita Ferreira.
Legher também reforça esse conceito. Para ele, o ecossistema da marca Avon, com grande foco na diversidade e democratização da beleza atrai esse público.
"Iniciativas como as promovidas pelo Instituto Avon, com foco na valorização das causas femininas, são admiradas por esse público."
DIGITALIZAÇÃO
Além de profissionalizar ainda mais o modelo empreendedor de vendas diretas, o grande desafio do setor é a digitalização, ou seja, a integração de canais.
A Natura, por exemplo, que no ano passado rebatizou o modelo como “venda por relações”, criou um aplicativo baseado em inteligência artificial e Big Data para impulsionar a comunicação entre as consultoras.
O modelo, inclusive, não será abandonado no processo de internacionalização da Natura, que também não tem poupado esforços para revitalizar a marca – movimento que já começa a ser puxado com a aproximação do público mais jovem, segundo João Paulo Ferreira.
Com isso, o objetivo é chegar a 1 milhão de consultoras que usam a plataforma digital até o final do ano, ante 500 mil no fim de 2017. “Nossa crença é que todos os formatos se conectam, por isso estamos evoluindo para amplificar essa relação no on e no offline”, afirma.
Em 2017, o setor de vendas diretas movimentou R$ 45,2 bilhões em negócios, e vendeu quase 2 bilhões de itens - uma queda de 1,1% ante 2016.
Ao afirmar que ainda é cedo para falar em números, Adriana diz que, com a melhora dos indicadores econômicos, a expectativa para 2018 é de otimismo.
Hoje, o Brasil ocupa o 6º lugar no ranking da World Federation of Direct Selling Associations (WFDSA), atrás do Japão, Alemanha, Coreia do Sul, China e Estados Unidos.
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