Microfranquias crescem mais do que o franchising
Modalidade de redes com investimento até R$ 90 mil, como a Laundromat (acima), cresceram 8% em 2018, segundo a ABF. Já o setor como um todo teve alta de 7,1%, e faturou R$ 174,8 bilhões
Elas cresceram mais do que o franchising: enquanto o setor como um todo encerrou 2018 em alta de 7,1% ante 2017, a modalidade microfranquias (negócios com investimento inicial de até R$ 90 mil) cresceu 8%, segundo balanço consolidado da Associação Brasileira de Franchising (ABF) divulgado nesta segunda-feira (25/02).
Enquanto em 2017 havia 545 marcas nessa modalidade, no ano passado elas somavam 589. Os números envolvem tanto redes puras, que possuem somente operações com investimento inicial de até R$ 90 mil, quanto redes mistas, aquelas que, além dos negócios tradicionais, também contam com microfranquias em seu portfólio. A queda de 2,1% registrada entre 2016 e 2017 refletiu a diminuição do número de marcas do franchising como um todo no período.
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De acordo com Adriana Auriemo, diretora de relacionamento, microfranquias e novos formatos da ABF, mesmo com um panorama econômico desfavorável, as microfranquias se mantiveram como opção interessante para empreender.
"Do lado das franqueadoras, este modelo passou a ser uma estratégia para atrair candidatos com menos recursos e chegar a novos mercados e pontos comerciais”, afirma.
Já no ano passado, as marcas que já eram atuantes nesse mercado mostraram recuperação. “O crescimento no número de microfranquias foi impulsionado por marcas que passaram a desenvolver duas modalidades de negócios, as chamadas redes mistas”, diz Vanessa Bretas, gerente de inteligência de mercado da ABF.
Exemplo disso é a Laundromat, que franqueou o serviço de lavanderias automatizadas no formato self-service e hoje tem 14 unidades. A um investimento de R$ 55 mil, o modelo de negócio permite abrir unidades em supermercados, estacionamentos, postos de gasolina e em rodoviárias, com atendimento 24 horas e sete dias por semana.
A rede, que tem 73 lojas no formato integral, cujo investimento inicial é de R$ 253 mil, se tornou mista para dar continuidade à expansão em um cenário econômico instável, e agora foca em crescer por meio das lojas self-service (express e express plus), segundo o diretor da marca Nicola Lopez.
"O sistema 100% automatizado torna o gerenciamento do empreendimento mais simples e seguro, ao eliminar desperdício de produtos e problemas de fechamento de caixa”, completa, lembrando que a Laundromat prevê abrir pelo menos 30 novas unidades no modelo microfranquia ao longo de 2019.
O levantamento da ABF indica ainda que os três segmentos com maior número de redes com operações de microfranquias são Saúde, Beleza e Bem-Estar, Comunicação, Informática e Eletrônicos e Serviços Educacionais.
Já os segmentos com maior número de redes de microfranquias puras são Saúde, Beleza e Bem-Estar e Comunicação, Informática e Eletrônicos. Alguns nichos destes segmentos não exigem muitos recursos em estrutura física, portanto, possuem valores de investimento inicial menores.
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Os dados indicam, ainda, que os segmentos com maior número de redes de microfranquias mistas são Alimentação e Serviços Educacionais. No primeiro caso, as marcas investiram em novos formatos como quiosques e carrinhos, e no segundo, os investimentos foram direcionados a plataformas de ensino a distância e em domicílio.
Quanto à proporção entre redes puras e mistas, os dados demonstram que em 2017 mais redes adaptaram seus modelos de negócios e reduziram as taxas de investimento cobradas devido ao cenário econômico.
Eles sinalizam, ainda, que houve movimentos distintos entre as duas modalidades em 2018: as mistas somavam 75 marcas (14% do total), número que subiu para 166 redes (28% do total) no ano passado. Já entre as redes puras houve redução, passando de 470 marcas (86% do total), há dois anos, para 423 (72% do total).
De acordo com o levantamento da ABF, a maior concentração das microfranquias está entre as redes com 1 a 5 anos (224 marcas) e com 6 a 10 anos (175 marcas) de atuação no franchising.
Quanto à taxa de mortalidade, a exemplo do franchising como um todo, entre as microfranquias também houve queda do índice. No ano de 2017, a taxa foi de 7,2%, caindo para 5,7% no ano passado.
Fatores como o aumento do número de repasses e a gradativa recuperação da economia a partir de 2018 justificam essa queda, diz a ABF.
DENTRO DAS EXPECTATIVAS
A consolidação dos números apurados pela ABF mostra que o faturamento do setor em 2018 cresceu dentro da estimativa feita pela entidade, fechando o ano com alta nominal de 7,1% em relação ao ano anterior. Já a receita total do mercado de franquias saltou de R$ 163,319 bilhões, em 2017, para R$ 174,8 bi no período.
A inflação e os juros (taxa Selic) baixos, a melhora dos índices de confiança do consumidor e do empresariado, a retomada da expansão e os investimentos em inovação impulsionaram esse crescimento.
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A recuperação, ainda que lenta, da economia, especialmente no último trimestre, com os bons resultados para o varejo e o franchising na Black Friday e Natal, também alavancaram o desempenho do setor.
Dados da ABF apontam que houve uma alta de 8,2% na receita das redes de franquias no 4º trimestre de 2018 frente ao mesmo intervalo do ano anterior. O faturamento passou de R$ 47,014 bilhões para R$ 50,868 bilhões.
Para André Friedheim, presidente da ABF, os números revelam a forte relevância dos princípios fundamentais que norteiam o trabalho do franchising, especialmente em períodos de retração econômica: 2018, marcado inclusive pela greve dos caminhoneiros e grande instabilidade política, foi um ano ainda desafiador para a economia brasileira.
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"E não foi diferente para o franchising. Para manter resultados positivos, as franqueadoras fizeram valer ainda mais o trabalho em rede, que possibilita ganhos em escala, buscaram inovar, investindo em novos formatos, produtos e serviços, trabalharam duro e puderam colher os frutos com o encerramento do ano”, completa.
EMPREGOS
A retomada do movimento de expansão das redes e a reforma trabalhista, implementada pelo governo federal em 2018, favoreceram o aumento das contratações no franchising. O setor registrou alta de 8,8% no número de vagas abertas em relação a 2017. Esse resultado fez com que o número de trabalhadores diretos no setor chegasse a aproximadamente 1,3 milhão de pessoas.
“Acreditamos que, se implementadas as reformas da previdência e tributária e houver a desoneração da folha, diversos setores da economia, e especificamente o franchising, acelerarão ainda mais suas contratações”, diz Friedheim.
Segundo Vanessa Bretas, gerente de inteligência de mercado da ABF, “no final do ano, constatamos que houve um aumento da contratação de trabalhadores pelo regime temporário e intermitente para atender à demanda do comércio e de serviços, o que refletiu positivamente na geração de empregos no setor de franquias.”
REDES E UNIDADES EM EXPANSÃO
O balanço da ABF informou que, em 2018, o total de unidades do setor cresceu 5,2%, com um saldo de 7.570 novas operações, totalizando 153.704 unidades de franquias ativas no País. Esse ritmo foi mais do que o dobro da variação registrada entre 2016 e 2017.
O desenvolvimento de novos formatos e modelos de negócios, a expansão para fora das grandes capitais e a maior disponibilidade de pontos comerciais a um custo mais competitivo alavancaram essa expansão.
Outro dado relevante apurado no levantamento da ABF foi o aumento do número médio de unidades por rede. O crescimento foi de 3,9% no ano passado ante 2017, cuja média passou de 51,4 para 53,4 unidades por marca no período. De acordo com o presidente da ABF, “esses números indicam a consolidação e o amadurecimento do setor de franquias brasileiro, com redes mais fortes e maior capilaridade”.
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O estudo indica, ainda, que a taxa de mortalidade das operações caiu. Em 2017, o índice medido foi de 5% e em 2018, baixou para 3,9%. “Este é mais um sinal de resiliência e retomada do setor. Além disso, o repasse continua a ter um papel importante na preservação de unidades de franquia, assim como a participação crescente de franqueados multiunidade”, completa Vanessa Bretas.
Já em número de redes, o ano passado encerrou com um incremento de 1,1%, totalizando 2.877 marcas atuantes no mercado brasileiro de franquias. Destaque para novas marcas nacionais, grandes empresas aderindo ao sistema e a redes franqueadoras lançando novas marcas, como Água Doce Express, Camelo, House of Samsonite, Nhô Sorvetes, OpenLaser e Snoopy Café.
DESEMPENHO POR SEGMENTOS
O balanço do desempenho do franchising brasileiro em 2018 indicou aumento na receita de todos os 11 segmentos identificados pela ABF. Demonstrando recuperação, Entretenimento e Lazer foi o segmento que mais cresceu, com variação de 12,7% comparado ao ano anterior.
O bom resultado se deve especialmente à maior procura por jogos virtuais e novos nichos explorados por buffets de festas e eventos, com serviços delivery. São exemplos desse crescimento as franquias Escape 60 e Viva Eventos.
Em segundo lugar e também em ritmo de recuperação destacou-se Hotelaria e Turismo. O segmento teve faturamento 12,3% maior no período pesquisado. Entre os principais motivos, o resultado positivo se deve ao reaquecimento do turismo no mercado interno, principalmente no 4º trimestre do ano, e o uso intensivo de canais digitais. As redes CVC Brasil, HOTEL 10 e TAM Viagens refletem esse crescimento.
Serviços e Outros negócios ficou em terceiro, com variação positiva de 8,7%. O aumento da demanda por serviços no mercado pet, B2B (de empresa para empresa) e de back office, incluindo logística, justificam esse crescimento. As marcas Flash Courier, Petland e Roval Pet – Manipulação Veterinária demonstram o resultado.
Seguindo de perto, Casa e Construção teve o quarto melhor desempenho em termos de faturamento, com alta de 8,6% no período. O segmento também prossegue em recuperação, com a retomada do setor de construção civil, especialmente pequenas reformas, tendo como exemplo as redes Astral Saúde Ambiental, Casa do Construtor e Portobello Shop.
Comunicação, Informática e Eletrônicos vem em quinto lugar, com receita 7,5% maior no período pesquisado. O reaquecimento do consumo em datas comemorativas, como o Natal, e a própria Black Friday, impulsionado pela retomada das vendas de produtos eletrônicos e a maior procura por serviços de reparos são fatores que contribuíram para esse crescimento - como as redes Arquivar – Gestão de documentos, Gigatron e Varejonline, por exemplo.
FOTO: Tiago Pitta - Divulgação / Infos: ABF