Maduro cairá!
O que se passou nesta terça-feira (30/04) em Caracas definiu um ponto na sequência dos acontecimentos do qual não se volta mais
As cenas passadas nesta terça-feira, 30 de abril, em Caracas, dizem muito do que está por vir na Venezuela.
Inicialmente, para surpresa de quem acompanha a crise no país vizinho, surgiram militares armados em meio às manifestações, em nítido conluio com a população.
Depois, o líder oposicionista Leopoldo López, que estava sob a guarda do regime chavista, apareceu livre nas ruas, ao lado do presidente da Venezuela reconhecido por Estados Unidos, União Europeia, Brasil e a maioria do países da América do Sul.
Em seguida, não necessariamente uma surpresa, blindados chavistas se lançaram sobre os populares, atropelando alguns e confirmando a brutalidade do regime de Maduro.
Surpresa haveria se a maioria de nossa imprensa condenasse esse ato de selvageria e deixasse de tentar justificá-lo, apontando que os manifestantes lançavam pedras sobre os veículos ou tentavam invadir uma instalação militar. Surpresa alguma haveria, no entanto, com o que aconteceria se uma viatura policial atropelasse aqui algum manifestante.
Mas isto é apenas a confirmação de que há no Brasil e no mundo, por incrível que pareça, simpatizantes e apoiadores da ditadura venezuelana, mais ou menos enrustidos, que pensam poder comemorar a “vitória sobre os golpistas”.
Uns nem tão enrustidos assim, como o patético Partido dos Trabalhadores que deu mais um passo para a cova política indo à tribuna da Câmara dos Deputados defender um regime assassino, sem qualquer interpelação por quem de direito e dever.
O que realmente se passou na luta pelo controle das forças militares venezuelanas é matéria para um enredo à altura de Operação Valquíria (Valquyrie, 2008), o filme estrelado por Tom Cruise que reconstituiu o golpe dos militares alemães contra Hitler em 1944.
Mas, independentemente do que sabemos ou especulemos, o que se passou ontem em Caracas definiu um ponto na sequência dos acontecimentos do qual não se volta mais.
Maduro pode não ter caído, sustentado, dizem as notícias, pelo ex-agente da KGB hoje autocrata de uma potência renegada.
Mas as armas e soldados que estavam ontem nas ruas com a população não vão voltar para os quartéis.
Tampouco os líderes da oposição voltarão pacificamente para a cadeia.
E os Estados Unidos não vão voltar à mesma convivência com Rússia e Cuba.
Maduro não caiu, mas cairá.
IMAGEM: YouTube/Reprodução
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