Lojistas brasileiros já podem vender pelo AliExpress
Marketplace operava, até então, somente com serviços de vendas internacionais. Para atrair lojistas, a empresa irá cobrar comissões pequenas (de 5% a 8%) e terá frete grátis para compras acima de R$ 50
Conseguindo superar atrasos, impostos, logística e até as barreiras linguísticas, as empresas chinesas têm avançado na preferência dos consumidores brasileiros.
Guiados pelo preço, o marketplace AliExpress, do grupo Alibaba, conquistou presença mundial operando em mais de 200 países, conectando empresas com empresas (B2B), empresas com pessoas (B2C) e pessoas com pessoas (C2C).
O Brasil está entre os cinco maiores mercados do ecossistema, que pouco a pouco incorpora novas variações de negócios. A mais recente delas - local to local - está no ar há três semanas e foi lançada oficialmente nesta segunda-feira (23/8).
Trata-se da abertura do marketplace para vendedores brasileiros. Ou seja, agora, lojistas nacionais - micro, pequeno, médio ou grande - podem se cadastrar e anunciar pela plataforma.
Sem cobrar um custo mensal, a plataforma vai oferecer frete gratuito nas compras acima de R$ 50, caso o produto enviado não tenha peso excessivo e um valor de comissão reduzido entre 5% e 8% (os percentuais variam conforme a categoria dos produtos vendidos) de seu faturamento à plataforma.
A plataforma chinesa começou a abertura para operações locais em 2019, em países como Turquia e Espanha. O Brasil será o primeiro país das Américas a entrar na modalidade local to local.
Sem centro de distribuição próprio, o envio de produtos será coordenado pela Cainiao, empresa de logística do grupo Alibaba, que já possui operação no Brasil com serviços prestados por diversos parceiros locais. Além da Cainiao, a plataforma faz entregas via Correios, com prazos entre dois e quatro dias.
Entretanto, de acordo com Yaman Alpata, líder de Local Marketplace na América Latina do AliExpress, está nos planos a abertura de um centro de distribuição num futuro próximo.
Hoje, parte dos investimentos da companhia na expansão da marca no Brasil está direcionada para reduzir o tempo de entrega de produtos. Uma frota de quatro voos semanais foi criada para atender novas estimativas de entrega de 12 dias em São Paulo.
Segundo Alpata, a Cainiao garante repasses financeiros mais rápido que a média do mercado, além da possibilidade de saques diários sem custos.
De olho nos consumidores ainda receosos sobre vendas intermediadas por sites internacionais, o Aliexpress trabalha na popularização da imagem da marca. Exemplo disso é o patrocínio do reality show The Masked Singer, transmitido semanalmente pela TV Globo, colocando a gigante chinesa num patamar semelhante ao de concorrentes de peso, como o Magazine Luiza, maior marketplace do país.
Mais do que uma disputa por cliente, a briga se dá também pelos sellers - lojistas que vão integrar esses marketplaces - já que na última semana, a Magazine Luiza anunciou uma campanha de incentivo aos lojistas, com direito a maquininhas de cartão da empresa.
Sem revelar o número de lojistas cadastrados, o executivo afirma que nas últimas três semanas, a plataforma já ganhou milhares de vendedores locais.
Para tanto, Alpata destaca que a plataforma só registra vendedores com CNPJ e não aceita pessoas físicas para garantir a idoneidade da empresa e assim, evitar vendas sem nota fiscal.
MAIS RECURSOS DISPONÍVEIS
O avanço da Aliexpress no mercado brasileiro trouxe a disponibilidade de novos recursos. No ar há poucos meses, o Pechincha já é muito popular em países orientais.
Funciona da seguinte forma: o usuário escolhe um item disponível exclusivamente no aplicativo da empresa e compartilha o link com outras pessoas. A cada novo clique, há uma redução no preço final do produto compartilhado dentro de um limite de tempo.
Cada link é elegível para descontos por até 24 horas – após esse período, o recurso gera uma nova lista de produtos para cada usuário e os cliques em links antigos deixam de valer descontos.
MARKETPLACES COMO ALTERNATIVA PARA BRASILEIROS
Nos últimos cinco anos, o número de autônomos no Brasil cresceu 59%. Buscando empreender ou ter novas fontes de renda, esses profissionais encontram a tecnologia como uma ferramenta aliada, segundo a edição de agosto do Data Stories, conteúdo mensal produzido pela Kantar IBOPE Media, que mostra que os dez sites de varejo mais acessados no Brasil também são marketplaces.
O material também mostra que a preocupação com segurança ainda é uma barreira para a expansão do comércio eletrônico no Brasil. A reputação dos varejistas também é um destaque - enquanto 39% dos usuários definem as transações on-line como seguras, 61% afirmam que é importante comprar apenas de marcas conhecidas pela internet.
Os dados também mostram que cerca de 52% das pessoas acessaram pelo menos um marketplace no último mês. Entre as dez maiores plataformas citadas pelo levantamento, seis são completamente digitais e abrem espaço para que pequenas e médias empresas vendam seus produtos por meio delas. São elas, respectivamente: Mercado Livre, B2W (Submarino, Americanas e Shoptime), Amazon, Magazine Luiza, CNOVA (Casas Bahia, Ponto e Extra), Shopee, IFood, Alibaba, Carrefour e Wish.
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