Inflação deve ficar abaixo do centro da meta em 2017
Para os economistas da ACSP, a perspectiva de safra recorde continuará a diminuir o preço dos alimentos
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, registrou alta de 0,33% em fevereiro, desacelerando em relação a janeiro (0,38%). Foi a menor taxa para o mês desde o ano 2000.
Esse resultado contribuiu para intensificar a redução da inflação no acumulado em 12 meses, que passou de um aumento de 5,35%, observado em janeiro, para 4,76%.
A expectativa dos economistas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) é de que a desaceleração deverá prosseguir ao longo do ano, principalmente pela perspectiva de safra recorde, que continuará diminuindo o preço dos alimentos, além do elevado grau de ociosidade e da acomodação da taxa de câmbio aos patamares atuais.
A perspectiva da ACSP é a de que o IPCA termine o ano abaixo da meta anual de inflação (4,5%), o que poderá reforçar a intensificação da redução da taxa básica de juros por parte do Banco Central durante os próximos meses, acelerando a recuperação da economia brasileira.
Essa também é a projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que entende que os preços administrados (como energia, transporte e outras tarifas públicas) subirão levemente este ano, depois de registrar deflação no ano passado, um fenômeno deverá elevar a inflação no último trimestre, mas em ritmo insuficiente para ultrapassar o centro da meta.
ALIMENTOS
Os economistas da ACSP entendem que os alimentos foram a principal causa dessa nova desaceleração do IPCA, apresentando deflação de 0,45% em fevereiro, refletindo as quedas registradas no atacado.
No caso do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre janeiro a fevereiro, também houve forte arrefecimento, ao passar de uma alta de 0,43% para elevação de 0,06%,respectivamente.
Assim, no acumulado em 12 meses, o IGP-DI recuou de 6,02% em janeiro para 5,26% em fevereiro, refletindo, novamente, a apreciável descompressão dos preços das matérias primas, medidos pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), seu principal componente, que diminuiu de 6,37% para 5,35%, respectivamente.
Segundo a ACSP, essa descompressão pode ser explicada fundamentalmente pelo comportamento dos preços das matérias primas agrícolas que, na mesma base de comparação, de acordo com o IPA AGRO, passaram de uma alta de 4,94% para 2,17%, respectivamente.
O aumento dos preços das matérias-primas industriais, medido pelo IPA IND, foi levemente menor em fevereiro (642%), em relação ao anotado no mês anterior (6,72%).
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