Indústria deverá puxar para baixo o PIB
O desempenho do setor em abril ficou aquém das expectativas dos analistas
Segundo a Pesquisa Mensal da Indústria (PMI) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em abril, a produção industrial voltou a apresentar queda em relação a igual mês do ano passado (-3,9%), apesar de não ter havido diferença de dias úteis (ver tabela abaixo), surpreendendo negativamente os analistas de mercado, e confirmando a perda de vigor da recuperação do setor.
O quadro de desaceleração fica mais evidente no acumulado em 12 meses, período em que a contração foi mais intensa (-1,1%) do que aquela registrada em março (-0,1%).
No contraste anual, três das quatro categorias de uso recuaram, especialmente a dos bens intermediários, afetada fortemente pela redução da extração mineral.
Esses resultados se explicam de forma importante pela diminuição da produção de minério de ferro por parte da Vale após o rompimento de sua barragem em Brumadinho (MG), além da existência de uma base de comparação maior em 2018.
Porém, a perda de dinamismo como um todo da atividade industrial também está associada à baixa demanda interna, ao elevado grau de endividamento das empresas, à perda de confiança por parte dos empresários do setor e à contração das exportações de manufaturados, em decorrência da crise argentina e do menor crescimento da economia mundial.
Em síntese, a produção industrial intensificou sua queda nos primeiros quatro meses do ano, reforçando a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) inferior ao observado no ano passado.
A aprovação de uma reforma da Previdência que seja capaz de efetuar a maior economia possível de recursos públicos, somada à perspectiva de realização de outras reformas estruturais, capazes de aumentar a competitividade da produção nacional, aumentariam a chance de recuperação do setor ao longo dos próximos meses.
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