Governo lança programa para estimular indústria 4.0
Expectativa é elevar a participação dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento na proporção do PIB de 1,28% em 2015 para 2% nos próximos anos
O governo federal lança nesta quinta-feira (14/12), um pacote de estímulo à modernização da indústria brasileira.
Chamado de "Manufatura Avançada", o plano tem o objetivo de levar ao setor o conceito 4.0, com a incorporação de tecnologias como robótica, nanotecnologia, e tecnologia de informação e internet das coisas ao processo produtivo.
O plano foi elaborado pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) após discussões com especialistas, pesquisadores e empresários em todo o País. O governo aproveitou para analisar os programas de nações como Alemanha, China e Estados Unidos.
"O Brasil precisa atender a requisitos que envolvem tecnologia para aumentar a produtividade, como é o caso da manufatura avançada, que é um desafio global. Ao colocarmos em marcha esse plano buscamos dar resposta a isso", disse o ministro do MCTIC, Gilberto Kassab.
O diagnóstico do governo é que há muita disparidade na aplicação de tecnologias pela indústria. O Brasil tem tecnologia de ponta na aviação comercial, petróleo e gás, agricultura, pecuária e tecnologia bancária.
Além disso, há setores em que o País tem potencial para desenvolvimento, como as indústrias têxtil e calçadista, que hoje tem uso baixo de técnicas de manufatura avançada.
"Podemos combinar os setores em que somos competitivos com aqueles em que podemos ser", afirmou o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTIC, Álvaro Prata. "O país que não priorizar ciência e tecnologia vai ficar à margem do desenvolvimento econômico e social", acrescentou.
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O plano estabelece algumas metas, como simplificação tributária para atração de investimentos e ampliação das possibilidades de isenção de imposto para empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento.
O programa prevê ainda ajustes na lei e em programas de financiamento públicos para permitir o enfoque em projetos com essa temática. O plano ainda precisa passar pelo crivo da área econômica do governo.
Outra preocupação é a preparação dos trabalhadores para essas mudanças nos processos industriais. A ideia é que o uso de tecnologias avançadas possa ser uma oportunidade para elevar a produtividade dos trabalhadores e reduzir as desigualdades sociais.
Com o plano de manufatura, o governo espera elevar a participação dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento na proporção do PIB de 1,28% em 2015 para 2% nos próximos anos, considerando dispêndios públicos e privados.
O objetivo é melhorar a posição do Brasil no Índice de Competitividade Global do Fórum Econômico Mundial, em que o País já chegou a ocupar o 48º lugar em 2013, mas caiu para o 81º em 2016. No ranking da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, o Brasil está atualmente na 69ª posição, também pior que em 2013, quando estava na 64ª.
ECONOMIA
A indústria brasileira poderia obter uma economia de R$ 73 bilhões por ano a partir da adoção de conceitos da indústria 4.0 segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Os melhores resultados com a introdução desses conceitos, segundo a ABDI, viriam principalmente da manutenção de equipamentos. Pelos cálculos da agência, seria possível atingir uma redução de custos de até R$ 35 bilhões ao ano apenas com reparos, de R$ 31 bilhões com ganhos de eficiência produtiva e de R$ 7 bilhões em consumo de energia.
Outro benefício da Indústria 4.0 é a produção com menores impactos ambientais. "A otimização dos processos industriais pode levar a uma redução das emissões de CO2", diz Guto Ferreira, presidente da ABDI.
Segundo ele, as empresas mais competitivas do ramo industrial já aderiram ao conceito e o Brasil está pagando caro pela sua ineficiência.
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