Fipezap pode ser novo indicador para o mercado imobiliário
Há muita discrepância entre os índices atualmente usados para corrigir os preços dos alugueis

Há várias décadas o mercado de imóveis se orienta por um indicador, o IGP-M, para corrigir alugueis e contratos em geral. A falta de um indicador específico para o setor levou a esse comportamento.
Vale ressaltar que tanto o IGP-DI, como seu irmão IGP-M, que diferem apenas no tempo da coleta de dados, são médias de outros três índices: o IPA (Índice de Preços no Atacado), com 60% de peso, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), com peso de 30%, e o INCC (Índice de Preços da Construção), com peso de 10%.
Porém, o IPA tem maior influência das matérias-primas agrícolas e industriais (commodities), cujos preços são cotados em dólar e convertidos em reais pela taxa de câmbio que oscila diariamente e tem comportamento extremamente volátil.
Mesmo o IPCA, índice oficial de inflação, sofre influência de safras agrícolas que podem ter recordes, quebras ou sofrer “choques”, como o ocorrido em consequência da paralisação dos transportes em maio de 2018.
Já a ideia de aferir diretamente um índice que meça especificamente o preço dos imóveis trouxe uma grande inovação para o setor. Vale a pena comparar nos últimos cinco anos as variações desses três indicadores, como mostra a tabela a seguir.

Nota-se que, apesar de haver algumas coincidências pontuais, as variações anuais são discrepantes. Em 2018, enquanto os imóveis apresentavam ligeira queda, o IPCA subia 3,75% e o IGP-M aumentava 7,54%.
Por outro lado, cabe ressaltar que de 2009 até 2011 o preço dos imóveis subia a taxas superiores a 20% ao ano em função do chamado “boom” imobiliário.
Em síntese, o que se pode concluir é que não se trata de discutir qual índice é o melhor, mas qual índice representa melhor o comportamento da chamada “lei da oferta e da procura” para o setor.
Trata-se de mais um indicador para orientar locadores e locatários além de compradores e construtores, sem prejuízo dos outros.
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