Facesp questiona critérios para endurecimento da quarentena no interior
A Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo reafirmou o compromisso com o plano do governo Doria de flexibilização gradual, mas vê erro no rebaixamento de regiões para fases mais rígidas
A Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) encaminhou ofício ao governador João Doria alertando que dados usados para tornar a quarentena mais rigorosa em algumas regiões do estado não se justificam.
A entidade reafirma o compromisso com o Plano São Paulo, de retomada das atividades econômicas, porém, discorda de critérios usados para demover cidades como Barretos e Presidente Prudente, que estavam na fase 3 da flexibilização - que permitia que o comércio e bares e restaurantes reabrissem - para a fase 1, na qual tudo o que não é essencial precisa fechar.
O mesmo aconteceu com Ribeirão Preto, que estava na fase 2 e regrediu para a fase inicial.
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De acordo com o documento enviado ao governador, “muitas regiões do interior foram surpreendidas com suas regressões de fase, sem que o correspondente sistema de saúde indicasse sinais evidentes para tais retrocessos”.
Dos cinco critérios analisados para a mudança de fase: ocupação de leitos, leitos para covid, variação de casos, variação de internações e variação de óbitos, apenas um deles (variação de internações) apresentou um pequeno aumento. (Veja tabelas abaixo).
Por outro lado, as três regiões possuem baixos índices de ocupação de leitos voltado à covid-19.
Na região de Ribeirão Preto, por exemplo, o indicador de “variação de internações nos últimos sete dias” ultrapassou o teto estabelecido pelo governo em apenas 0,01.
O Plano São Paulo estabelece que para uma região ser classificada como fase 2, que possibilita a reabertura do comércio de rua, precisa ter uma variação, nos últimos sete dias, entre 1 a 1,50 no número de internações. Ribeirão Preto registrou 1,51.
Após a análise dos dados, a Facesp solicitou a revisão e a consequente progressão das fases. “Reconhecermos a seriedade das decisões tomadas pelo governo estadual, mas alertamos para o fato de que pode estar havendo tratamento não adequado a estas regiões ou algum outro fator local não diagnosticado pelos indicadores governamentais”, diz a Facesp.
APOIO
No documento, assinado pelo presidente da Facesp, Alfredo Cotait Neto, a Federação, que representa 420 Associações Comerciais e cerca de 300 mil empreendedores, “reafirma o propósito de dar todo apoio ao Plano São Paulo, por meio da correta orientação para a implementação do referido Decreto neste período de retomada gradual das atividades econômicas”. E prossegue: “para tanto, a rede Facesp continuará promovendo trabalho de divulgação e acompanhamento dos protocolos em consonância com as normas estabelecidas em cada fase da flexibilização”.
“Neste particular, continua o ofício, “a equipe Facesp desenvolve um amplo trabalho a fim de que o Plano São Paulo seja contemplado em sua plenitude por nossas filiadas, seus associados e a sociedade em geral, com a necessária conscientização de todos de que, periodicamente, a região e o município serão avaliados por indicadores de saúde, os quais permitirão ou obstarão sua passagem a uma fase maior de flexibilização a cada 14 dias”.
IMAGEM: Rovena Rosa/Agência Brasil