Estaremos na direção do caos?
A prova maior de que vivemos certa patologia coletiva, conformismo e omissão, é que todos concordam com o que deve ser feito, mas nada é feito
Com o tamanho da crise e as dimensões do país como economia, demografia e desigualdade social e regional, se o Brasil não se tornar adulto, responsável, vai implodir e viver um destino de “pobre nação rica” muito em breve.
Todas as mazelas serão mantidas e consolidadas, desde a deficiência na educação, na saúde e na renda até na qualidade dos serviços públicos. E nos privilégios do funcionalismo público, especialmente Judiciário e o chamado “grupo duro” do poder, incluindo lideranças partidárias e sindicais.
Ao povo, o conformismo e, aos mais cultos ou abonados, o caminho do exílio. Nosso destino de sociedade violenta será consolidado, com crime organizado e milícias, fazendo desaparecer do debate grupos mais qualificados.
Como o mercado é forte, muitas empresas poderão resistir durante algum tempo, mas com os prudentes controladores e suas famílias longe. Não é um exercício de ficção nem pessimismo.
Basta assistir às televisões voltadas para jornalismo, ler jornais e observar políticos em evidência, ainda minoria no Parlamento, mas donos dos espaços nas mídias, para se verificar que não ficaremos longe do modelo bolivariano vigente em alguns países.
A atual geração da chamada burguesia age por impulsos, numa inexplicável imprudência. Este grupo que milita na política e nas atividades ditas artísticas ou intelectuais não trabalha, vive de mesada ou de empregos públicos fornecidos pelo aparelhamento ideológico que ainda prevalece. A parte preparada, hoje com grandes contingentes formados em escolas internacionais, tenderá a migrar. O que, aliás, já vem ocorrendo nas últimas décadas.
A prova maior de que vivemos certa patologia coletiva, conformismo e omissão, é que todos concordam com o que deve ser feito, mas nada é feito. Quem teria coragem de negar que o caminho do emprego e do desenvolvimento tecnológico e regime de mérito passa por uma política econômica liberal, de atração de capitais externos e estímulo à poupança interna? E a urgência de ações efetivas para melhoria da eficiência e diminuição dos custos do setor público, nos três níveis?
Quem duvida que a burocracia na gestão, complexidade fiscal e perseguição ao empreendedorismo são negativos para a sociedade e acentua a pobreza?
Haverá um brasileiro trabalhador, empreendedor, pai de família, que, sem ódio no coração, considere que não temos de acabar com a impunidade, com as regalias aos criminosos com bons e caros advogados? Do colarinho branco ao traficante poderoso, que é solto por um ministro do Supremo para fugir no dia seguinte.
Existe justificativa racional para não se considerar a delação de homem público que busca o benefício legal para pagar a sociedade pelo que fez, por envolver altos magistrados? Canalizar a irritação da burguesia na sucessão para uma opção de esquerda pode apressar este quadro. É preciso uma alternativa séria.
Termino perguntando: nesta apatia diante de um consenso, apático, mas majoritário, podemos ser otimistas?
Falta um líder de verdade. Ou união pela ordem e o progresso.
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