Estadista Negrão de Lima

Neste momento de se votar em prefeito e vereadores, é bom lembrar que a decisão de cada um é importante e deve ser responsável

Aristóteles Drummond
17/Ago/2016
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Todo brasileiro em algum momento ouviu falar em uma obra de Negrão de Lima, que foi prefeito nomeado por JK no tempo do Distrito Federal e depois eleito governador do Estado da Guanabara, depois transformado em município do Rio de Janeiro. Vivo, completaria 115 anos esta semana.

Como os mais jovens não conhecem a dimensão de sua carreira e o que fez pela cidade, achei importante recordar o político. 

Negrão foi exemplar, austero, competente e respeitado. Contou com o sólido apoio na Câmara, sem o toma lá, dá cá.

Como prefeito, criou a moderna Superintendência de Urbanização e Saneamento (Sursan) para tocar os grandes projetos da cidade. 

Construiu o Viaduto de Madureira, que leva seu nome, iniciou o Aterro do Flamengo - cuja paternidade divide com Carlos Lacerda, que o sucedeu em 1960, e a quem ele sucedeu em 1965 - e deu início ao túnel na Barata Ribeiro. 

Ficou menos de dois anos na Prefeitura, pois foi chamado por JK para ser ministro das Relações Exteriores e depois embaixador em Portugal.

Em 1965, volta ao Brasil e é eleito governador da Guanabara. Abriu os acessos à Barra da Tijuca, removeu as favelas da orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, alargou a avenida Atlântica, sem o que a cidade hoje seria inviável, e criou o campus da Universidade do Estado, hoje UERJ, entre outras obras notáveis. 

Político hábil, diplomata de origem, foi ministro de Getulio Vargas.

Contou com maioria na Câmara, composta por nomes respeitados como Levi Neves, Álvaro Vale, Ligia Lessa Bastos, Cotrim Neto, Silbert Sobrinho, Jamil Haddad, Yara Vargas, Augusto do Amaral Peixoto, Sousa Marques, Jorge Leite e outros. 

Um dia, um deputado que insistia em fazer uma indicação inconveniente, na hora de votar projeto de importância para o governo, ligou para o governador e perguntou: 

“Vou votar daqui a um minuto e queria saber como devo votar”. 

Negrão, rápido, respondeu: “Como sempre fez deputado, pensando no bem do Estado e do povo”. 

Por essas e outras, saiu do governo com 86% de aprovação, tendo convivido muito bem com três presidentes militares, apesar de ter sido eleito pela oposição ao regime. 

Com tal dedicação ao mandato, que a MPM Propaganda mandou fazer uma publicidade na qual sua neta Adriana aparecia – hoje funcionária aposentada do Estado – dizendo que era a única pessoa feliz com o final do governo, pois ganharia o convívio maior com o avô.

Neste momento de se votar em prefeito e vereadores, é bom lembrar que a decisão de cada um é importante e deve ser responsável. 

Olhar de onde vem, o que fez e não apenas o uso e abuso do palavreado vazio das promessas que fogem a realidade da cidade e do país.

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