Déficit zero: metade dos recursos virá da reforma da Previdência
Em Davos, ministro da Economia também disse que pode cortar cerca de US$ 10 bilhões (R$ 37,7 bilhões pelo câmbio de hoje) de subsídios
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A reforma da Previdência, as concessões de petróleo e as privatizações permitirão ao governo zerar o déficit orçamentário neste ano, disse Paulo Guedes, ministro da Economia, no Fórum Econômico Mundial.
Ele, no entanto, ressaltou que o país precisa levar adiante reformas estruturais que reduzam o gasto público para que essa redução seja sustentável nos próximos anos.
Em entrevista à Bloomberg, emissora internacional de notícias, em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial. Na conversa, Guedes classificou a democracia brasileira como “vibrante” e disse que o país precisa romper a armadilha do baixo crescimento.
Perguntado em quanto tempo conseguiria zerar o déficit nominal do setor público, que alcançou 7,10% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos no país), Guedes respondeu sobre o déficit primário do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central), que deve terminar 2018 em torno de 2% do PIB.
O déficit primário representa o resultado negativo nas contas do governo excluindo os juros da dívida pública.
Segundo Guedes, metade dos recursos para zerar o déficit orçamentário viria da reforma da Previdência. A outra metade viria das concessões de petróleo, principalmente da camada pré-sal, e de privatizações de estatais. Ele admitiu que a meta é ousada, mas que é assim que as grandes empresas trabalham.
“Mais da metade do déficit vamos eliminar com a reforma da Previdência. Temos muitas concessões de petróleo. A outra metade disso, vamos eliminar neste ano com concessões de petróleo e uma lista imensa de privatizações. Então, em termos de dinheiro, vamos zerar o déficit este ano. Vamos trabalhar como as grandes companhias privadas, com metas ousadas”, declarou Guedes.
O ministro adiantou valores. Segundo ele, a venda de subsidiárias de duas ou três grandes estatais renderia em torno de US$ 20 bilhões, equivalente a R$ 75,3 bilhões pela cotação de venda do dólar comercial hoje. A meta de déficit primário para este ano está em R$ 159 bilhões.
Ele disse que a equipe econômica pode cortar cerca de US$ 10 bilhões (R$ 37,7 bilhões pelo câmbio de hoje) de subsídios, mas disse que o principal desafio será a reforma da Previdência.
“A coisa mais urgente são as reformas estruturais. Se conversarmos sobre cortar subsídios aqui e lá, vamos perder apoio político. Então temos de fazer a reforma mais importante, que é a da Previdência. Por que se envolver em pequenas batalhas se temos uma grande batalha adiante?”, declarou Guedes. Segundo ele, o governo não pretende congestionar o Congresso com três reformas simultâneas e pretende centrar munição para aprovar a reforma da Previdência a ser enviada ao Congresso em até 60 dias.
FOTO: Alan Santos/PR