De atum a flores, vending machines conquistam novos empreendedores
Elas chegaram ao Brasil na década de 1990, e desde então, tentam se adaptar ao público – parece que, agora, a estratégia está começando a funcionar
Mesmo sendo velhas conhecidas dos consumidores brasileiros, as vending machines estão se tornando mais comuns em São Paulo, e surgindo com propostas diferentes. No formato tradicional com salgadinhos, balas e bebidas, o equipamento surgiu no Brasil, em 1992, trazido pela Coca-Cola.
Instaladas em ambientes públicos, empresariais, e de grande movimentação, as máquinas de vendas automáticas são consideradas um canal de vendas muito comum em outros países, porém ainda ousado, no Brasil.
A incompreensão das instruções, o receio de não receber pelo que foi pago ou não poder trocar o produto, a falta de alguns itens, o medo de não obter o troco ou até mesmo a vergonha de errar são algumas das razões pelo formato ainda não ter vingado no Brasil.
Além disso, esse tipo de canal de distribuição também possui algumas desvantagens, como o alto custo do equipamento, e da assistência técnica, que podem elevar os preços dos produtos de 15 a 20%.
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No entanto, a quantidade de empresários interessados nas vending machines mostra que esse cenário está em ampla transformação no Brasil. Flores, cosméticos, lanches, sorvetes, livros, sucos, acessórios para celular, frutas, e muitos outros itens já foram incorporados a essas máquinas.
Há poucas semanas, a Calçados Bibi passou a instalar máquinas de venda automática com seis opções de calçados para recém-nascidos. A estratégia da empresa é focar em hospitais para aproximar a marca dos consumidores e disponibilizar uma opção diferenciada de presente aos bebês que saem da maternidade.
“Cada máquina tem a capacidade de armazenar 240 pares de calçados. Para efetuar a compra é muito fácil. O usuário seleciona um dos produtos em uma tela interativa e efetua o pagamento via cartão de crédito. Em seguida, o produto sai da prateleira e é entregue ao consumidor, que acaba de receber um calçado especial e não tóxico para presentear um dos recém-nascidos do hospital”, revela a diretora de marketing e produto, Camila Kohlrausch.
A Gomes da Costa, líder no segmento de atum enlatado, utilizou o equipamento como parte de uma ação para promover a marca em pontos estratégicos, como academias.
“A máquina foi distribuída pontualmente. Sua importância maior foi como marketing, reforçando a imagem da marca”, diz Luis Manglano, gerente de marketing corporativo da marca. “Com a ação, esse público pôde conhecer um de nossos lançamentos à época”.
Hoje, os produtos da Gomes da Costa estão presentes em vending machines mistas – alocadas em empresas com grande número de funcionários.
VAREJO SEM LOJA
De olho em uma novidade para o varejo, os sócios Eduardo Correa, e Fernando Damas optaram pelo modelo de negócio, após uma viagem que fizeram à França e Holanda, em 2010. “Quando voltamos, encomendei uma pesquisa de mercado, e as vending machines apareceram com o maior potencial de crescimento”, diz.
Para tirar o conceito do papel, eles apostaram no mercado de alimentação saudável, e em 2014, instalaram as primeiras máquinas em estações de metrô, academias, clínicas e hospitais, após um investimento de R$ 300 mil.
No entanto, a ação não deu o retorno esperado – a cada dez pessoas que paravam em frente à máquina, somente três finalizavam a compra. “Em academias, por exemplo, achamos que as pessoas ficam constrangidas em se alimentar logo após o treino”, diz Correa. “No restante, achamos que é o medo de gastar dinheiro e o produto não sair”.
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Foi então, que eles decidiram direcionar a atuação da Fast Good para o ambiente corporativo. Para se tornar mais atraente para esse mercado, os sócios lançaram também uma máquina de café orgânico. A mudança funcionou, e hoje, são 70 máquinas em empresas da capital, com a proposta de oferecer produtos que funcionem como um complemento alimentar no trabalho – saladas, lanches naturais, barras de cereais e iogurtes.
Após quase dois anos de seu lançamento, a marca registra um crescimento mensal de 30% e se prepara para entrar no mercado de franquias.
MÁQUINA DE FLORES
Ávidos pelo empreendedorismo, os irmãos Antonio Madaleno, e Fatima Casarini, fundaram a Ramo Urbano – uma vending machine de flores. A ideia surgiu após Fatima concluir um curso floral, e apostar na internet, no final da década de 1990, com a Flores Online – uma floricultura virtual. Em 2012, a maior parte das ações do negócio foi vendida para a BR Opportunities e para a empresa americana 1800flowers.com.
Além de decorar casamentos, jantares, eventos, e construir um espaço físico para o negócio, eles queriam estar presentes em lugares de grande fluxo, como shoppings, e oferecer agilidade.
Em busca de novas empreitadas dentro do mesmo mercado, Fatima tentou transformar seu carro em um ponto de vendas, mas viu nas vending machines, geralmente usada para refrigerantes e salgadinhos, a oportunidade para comercializar buquês de flores.
Em 2013, a dupla investiu R$ 1 milhão em máquinas italianas, e nos gastos com a adaptação do equipamento para não estragar os arranjos. No quadrimestre de 2016, a Ramo Urbano cresceu 11% comparada ao mesmo período de 2015.
Hoje, já são cinco máquinas: shoppings Higienópolis, Villa Lobos, Top Center Paulista, Casa Santa Luzia, e Condomínio Pátio Victor Malzonni (Faria Lima). Os valores variam de R$ 22 a R$ 52.
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Para incentivar a população a reciclar, a empresa Triciclo criou o Retorna Machine. Trata-se de um programa de fidelidade em máquinas de depósitos de material reciclável instaladas em estações do metrô de São Paulo, onde é possível trocar uma garrafa PET, por exemplo, por passagens no transporte público.
Latas e garrafas possuem valores diferentes e correspondem a uma determinada pontuação. A cada 100 pontos, soma-se 35 centavos em créditos no bilhete único, que são computados automaticamente.
*FOTO: Thinkstock