Uma das líderes do comércio eletrônico de produtos para animais de estimação implementou uma plataforma de análise de candidatos que utiliza inteligência artificial e digitaliza processos de recrutamento e seleção
Fundada em 1999, a Petlove foi pioneira no comércio online de produtos para animais de estimação. Vinte anos depois, a empresa continua como referência no segmento. São mais de 10 mil produtos, entre rações, artigos de higiene e limpeza e medicina e saúde.
No portfólio há de petiscos veganos para cães a substratos para terrários de pogonas (um gênero de lagartos de origem australiana conhecido popularmente como dragões-barbudos).
Quem não conhece esse mercado pode estranhar a diversidade de produtos. Mas a PetLove está num universo em expansão. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, o Brasil movimentou US$ 20,3 bilhões em produtos e serviços para pets em 2017.
Ano passado, a expectativa de crescimento em vendas era de 9,8%, de acordo com a Euromonitor. Somente o e-commerce pet movimenta R$ 2 bilhões por ano, segundo dados do Instituto Pet Brasil.
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Para acompanhar o ritmo de crescimento, é necessário contratar funcionários. Porém, até meados do ano passado, preencher uma vaga no quadro da Petlove era, digamos, estressante.
O departamento de recursos humanos da empresa era composto por apenas uma pessoa, que cuidava mais de assuntos burocráticos, como folha de pagamento.
Quando surgia uma vaga, a caixa de entrada de e-mails explodia, pois todos os currículos eram enviados para o mesmo endereço.
A empresa também não possuía um processo definido de seleção, o que muitas vezes podia causar um desalinhamento entre o perfil de candidato que o RH selecionava e a expectativa do gestor da área onde o profissional seria alocado.
QUEM É QUEM NO QUADRO DE PESSOAL
Contratar o profissional mais adequado para cada vaga na empresa é quase como achar uma agulha no palheiro. Isso devido à situação econômica do país.
Em dezembro, a taxa de desemprego ficou em 11,6%, com mais de 12,2 milhões de brasileiros sem trabalho – uma leve melhora em relação aos anos anteriores.
Ao mesmo tempo, o varejo fechou 2018 com recorde de contratações dos últimos quatro anos. Foram abertas 62 mil vagas com carteira assinada, de acordo com a CNC.
Com o leve aumento da demanda de vaga no segmento e um montante de gente atrás de emprego, peneirar os candidatos na unha se tornou um desafio ainda maior.
Bate cabeça aqui, bate cabeça lá, a solução da PetLove foi recorrer à tecnologia.
A empresa passou a utilizar uma plataforma baseada em People Analytics, metodologia que se vale de dados para recrutar e acompanhar o desempenho dos funcionários.
A ferramenta, baseada em Big Data, também digitaliza grande parte dos processos de gestão de pessoal.
Com auxílio da tecnologia, o primeiro passo foi identificar a percepção da cultura da empresa entre o pessoal.
Foi, então, elaborado um questionário interno que apontou o apreço por flexibilidade, qualidade de vida e gestão descentralizada.
Embora a PetLove seja uma grande empresa, o perfil era condizente com as raízes do negócio, que nasceu como uma startup, numa época que o termo nem era tão popular.
Depois, a empresa selecionou profissionais de alto desempenho. A ideia era entender as características dessas pessoas e chegar a um modelo de bom funcionário – o que ajudaria nas próximas contratações.
“Estamos na era do RH 4.0, em que a tecnologia oferece uma gama de ferramentas para entender e engajar os funcionários”, afirma Daniely Nicoleti, analista de recursos humanos PetLove.
Posteriormente, a PetLove desenvolveu processos. Foi criada uma página de carreira, do tipo "Trabalhe Conosco", no site da empresa.
A ideia é ter um banco de currículos atualizado e publicar vagas, já com a descrição do trabalho a ser efetuado e das competências exigidas dos candidatos.
A plataforma digital foi customizada para dar mais autonomia aos gestores das áreas. Agora, eles podem publicar vagas e acompanhar todo o processo de seleção online. Para não deixar o fluxo moroso, as etapas estão mais enxutas.
De acordo com o perfil dos funcionários modelos, a plataforma ranqueia os melhores currículos utilizando algoritmos de inteligência artificial.
Depois, o candidato passa por uma entrevista por telefone, seguido de testes, como de lógica ou técnicos, a depender da vaga. Posteriormente, é realizada uma entrevista presenciai que avalia a aderência a cultura da empresa e, por fim, uma conversa com o gestor.
“Hoje, além de aspecto técnicos, precisamos avaliar os valores do indivíduo e sua conexão a cultura da empresa”, diz Daniely.
Em média, o tempo de preenchimento de vagas na PetLove caiu 50%. Gastam-se hoje oito dias entre a identificação da demanda até a escolha de um novo funcionário.
Nos últimos seis meses, foram contratadas 30 pessoas, que se somaram aos 300 profissionais que já faziam parte da empresa.
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Um recente estudo divulgado pela revista Forbes aponta que 69% das empresas americanas estão integrando dados para gestão de pessoal. Nas edições anteriores, o número era de cerca de 15%.
Ano passado, um levantamento da consultoria Deloitte revelou que, globalmente, 84% dos executivos de RH entrevistados afirmaram que People Analytics é extremamente importante. Eles o classificaram como segundo item na lista de tendências de gestão.
A plataforma utilizada pela PetLove foi desenvolvida pela startup brasileira Gupy. A ferramenta permite identificar e medir o desempenho do funcionário, em aspectos como engajamento, produtividade, satisfação, retorno sobre treinamentos e possibilidade de promoção ou demissão.
Há outras fornecedoras similares no mercado brasileiro. A startup mineira Solides também oferece uma plataforma de People Analytics.
A tecnologia da Solides foca em reduzir custos causados pela rotatividade e baixa produtividade no trabalho. Também fornece gráficos e relatórios sobre desempenho de pessoal.
Com uma metodologia batizada de Disc, a plataforma faz analise comportamental de funcionários e mapeia competências e perfis ideais para cada cargo dentro da empresa – inclusive de candidatos em processo de seleção.
IMAGENS: Divulgação
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