Boeing pretende assumir o controle da Embraer
As empresas informam que estão em negociação, mas não quiseram detalhar o possível acordo
Em comunicado conjunto publicado pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (Securities and Exchange Commission), a Embraer e Boeing informaram nesta quinta-feira (21/12) que estão em negociação. É cogitada a possibilidade de a empresa brasileira ser comprada pela Boeing.
Segundo o comunicado, “não há garantias de que estas discussões resultarão em uma transação. Boeing e Embraer não pretendem fazer comentários adicionais a respeito das discussões”, diz o texto.
O comunicado informa ainda que a transação estaria sujeita à aprovação do governo e agências reguladoras do Brasil, bem como dos respectivos conselhos e dos acionistas da Embraer.
De acordo com notícia do The Wall Street Journal, publicada nesta quinta, a companhia americana pretende assumir o controle da Embraer. Segundo a reportagem, a Embraer receberia um ágio relativamente alto pelo negócio.
A Embraer emprega hoje cerca de 16 mil trabalhadores no Brasil.
IMPACTO
A notícia levou a fabricante aeronáutica ao topo das negociações da bolsa brasileira B3. O papel ON da Embraer subia 17,04% por volta das 16h30.
Antes, entrara em leilão por uma hora e meia, após chegar a subir mais de 20% no início da tarde. Em Nova York, as ADRs (recibos de ações) da companhia também chegaram a subir mais de 20%, cotados acima de US$ 26.
A aprovação do governo do Brasil seria necessária, já que o Estado é dono de parte da Embraer, o que daria poder de veto sobre a negociação.
A Embraer é considerada a "joia da coroa" da indústria brasileira, e nada garante que o governo brasileiro vá concordar com a operação; por isso, há uma probabilidade muito grande, maior do que em uma negociação de fusão comum, de que não haverá nenhum tipo de acordo.
Além disso, algumas das fontes que conversaram com a reportagem do The Wall Street Journal alertaram que é muito improvável que as negociações voltem a ocorrer.
Para ajudar a atrair o governo brasileiro, a Boeing está disposta a tomar medidas para proteger a marca da Embraer, sua gestão e empregos, segundo uma das fontes.
A Boeing também estaria disposta a estruturar um acordo de uma forma que protegeria os interesses do governo em relação aos negócios ligados ao setor de defesa.
Especulações de que as duas empresas poderiam se associar de alguma forma começaram a circular em outubro, após suas principais concorrentes - a europeia Airbus e a canadense Bombardier - terem fechado uma parceria no programa de jatos CSeries.
A Boeing e a Embraer já trabalham em projetos, incluindo segurança de pistas de decolagem e combustíveis alternativos para jatos.
A parceria se intensificou nos últimos anos para incluir o compromisso da Boeing com vendas conjuntas e a apoio à aeronave militar KC-390 da Embraer.
*Com Estadão Conteúdo
IMAGEM: Embraer/divulgação