Atividade industrial sinaliza tendência de contração em março
Guerra da Ucrânia e lockdown na China prejudicam o setor, que se escora em medidas internas, como a redução de IPI e o Auxílio Brasil
Em março, a atividade industrial seguiu com limitações, tanto do lado da oferta, provocadas pela guerra na Ucrânia e pelo lockdown na China, como por parte da demanda doméstica. A perspectiva para o resto do ano é de perda de fôlego do setor, cuja intensidade dependerá da evolução desses dois eventos internacionais e dos impactos da redução do Imposto sobre produtos industrializados (IPI) e do Auxílio Brasil na procura pelos produtos industriais.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em março, a produção industrial exibiu alta em relação a fevereiro de 0,3%, e quedas de 4,5% e 2,1% nas comparações com o primeiro trimestre e com o mesmo mês de 2021, respectivamente. No acumulado de 12 meses houve crescimento de 1,8%, menos intenso que aquele observado na leitura anterior.
A queda anual poderia ser explicada, em parte, pela existência de um dia útil a menos, mas, em conjunto com a “perda de fôlego” registrada nos últimos 12 meses, sinalizaria trajetória de contração da atividade do setor.
Essa tendência é decorrente, pelo lado da oferta, da falta de insumos (principalmente semicondutores) e do maior custo das matérias primas, cujo repasse aos consumidores é inibido por sua baixa demanda, fruto da menor renda e do crédito mais caro e escasso.
No comparativo anual, três das quatro categorias de uso consideradas na pesquisa do IBGE apresentaram contração, com destaque negativo para os recuos da produção de móveis e máquinas, aparelhos e materiais elétricos.
Na contramão, as maiores contribuições positivas vieram do crescimento de outros produtos químicos e bebidas. A produção de veículos também mostrou alguma expansão, mas se mantém 133,8% abaixo do período pré-pandemia (fevereiro de 2020).
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