App dá passe livre a 16 mil academias por preço único
De zumba a natação, a brasileira Gympass oferece planos de R$ 69,90 a R$ 749,90 para usuários em 13 países. Novidade já é oferecida como benefício pelas empresas

Entre as variadas justificativas para abandonar a academia, uma das mais comuns é a falta de tempo. Trânsito, viagens, longas jornadas de trabalho, tarefas domésticas. Tudo isso contribui para que muitos desistam de malhar.
Tentar driblar essas dificuldades foi a grande sacada de César Carvalho, 34 anos, fundador da GymPass.
Depois de perder as contas de quantas vezes pagou multa por descumprir contratos, ele se inspirou no modelo de compartilhamento e criou a GymPass, uma espécie de Netflix das academias.
A ideia por trás do negócio é permitir aos usuários do aplicativo que eles tenham acesso a diferentes academias onde quer que estejam por um preço único. As mensalidades partem de R$ 69,90 e podem custar até R$ 749,90.

Na prática, funciona da seguinte maneira: o assinante seleciona o valor do plano que deseja e a partir dessa mensalidade pode usar sempre a mesma academia ou academias diferentes todos os dias.
Com o plano escolhido, o aluno pode frequentar os estabelecimentos que fazem parte do programa que cobram uma mensalidade correspondente ao seu plano.
Ou seja, quem tem um plano de R$ 199 poderá frequentar qualquer academia que cobre uma mensalidade menor ou igual a esse valor.
É possível malhar todos os dias no mesmo endereço ou alternar entre estabelecimentos perto de casa, da faculdade, do trabalho, ou ainda optar por atividades diferentes a cada dia em outros espaços. A única limitação é a utilização de uma academia por dia.
Das 36 mil academias que operam no Brasil, 16,2 mil podem ser utilizadas pelos clientes da GymPass. Há também estabelecimentos cadastrados no exterior, como, por exemplo, no Chile, Estados Unidos e países da Europa.
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A opção de se exercitar onde, como e quando quiser atraiu também o interesse de algumas empresas, de acordo com Leandro Caldeira, diretor da GymPass no Brasil.
A adesão corporativa já representa 80% das assinaturas do negócio. Neste formato, as empresas subsidiam seus planos aos funcionários como um benefício, assim como o vale refeição.
Cada funcionário decide qual é o melhor plano e o desconto é feito na folha de pagamento. Quem tem uma redução de R$ 30 no salário, por exemplo, tem acesso à academias de R$ 100. Quem tem descontos de R$ 350 pode frequentar locais com mensalidade de R$ 750.
É a empresa que arca o restante do valor e que paga uma taxa de administração para a GymPass de acordo com o número de funcionários e do perfil das academias que serão usadas. Unilever, PWC e McDonald´s são algumas das empresas que aderiram ao aplicativo.
Os dois lados saem ganhando, de acordo com Caldeira. O empregador promove bem-estar na companhia, e o empregado recebe um desconto.
De acordo com o executivo, as empresas que adotaram o aplicativo reduziram os índices de faltas e afastamentos, assim como os gastos com planos de saúde.
Em um dos exemplos citados, Caldeira comenta que, em dois anos de uso, uma empresa com quatro mil funcionários conseguiu diminuir de 42% para 15%, o número de funcionários obesos ou com sobrepeso.
No mesmo período, a quantidade de colaboradores com colesterol alto caiu de 28% para 13%. (veja na arte abaixo)

Outras estatísticas colhidas pela empresa mostram que 80% das pessoas que aderem ao Gympass não eram membros de nenhuma academia e os funcionários que deixaram de ser sedentários estão gastando 27% a menos com exames e consultas médicas.
COMEÇO DIFÍCIL
Em sua primeira concepção, a GymPass trabalhava apenas com diárias de academias para pessoas físicas e tentava se destacar num segmento que movimenta US$ 3 bilhões por mês no mundo.
No entanto, o negócio encontrava algumas dificuldades. Tornar o aplicativo conhecido, captar usuários e atrair novas academias para o portfólio eram algumas delas.
Após alguns meses na ativa, os fundadores perceberam que as diárias eram bastante utilizadas por funcionários da PWC. A maioria pedia reembolso porque estava viajando e utilizava o serviço da GymPass por ter preços mais baratos.
Carvalho procurou a companhia e sugeriu que eles fechassem um pacote de diárias para distribuir aos funcionários em vez de ficarem realizando semanalmente tantos reembolsos. "Foi aí que saímos da lama", diz Caldeira.
Os fundadores do aplicativo entenderam, então, que tinham em mãos um produto que poderia interessar bem mais às empresas do que aos consumidores finais.
Fundada há cinco anos, a startup, que começou com um investimento de R$ 350 mil feito por três sócios, já passou por cinco rodadas de investimento. A última, em setembro de 2017, veio da General Atlantic, que também já injetou capital na rede de farmácias Pague Menos.
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