Após ataque a Bolsonaro, Bolsa sobe e dólar cai

Numa leitura mais pragmática e imediatista, percepção do mercado foi de que o incidente por si só pode enfraquecer a tendência de crescimento da esquerda na corrida presidencial.

Estadão Conteúdo
06/Set/2018
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Após ataque a Bolsonaro, Bolsa sobe e dólar cai

Os juros futuros ampliaram fortemente a queda a partir do meio da tarde desta quinta-feira (6/09), fechando a sessão regular nas mínimas e caindo mais na sessão estendida, em todos os pontos da curva, enquanto a bolsa reforçava os ganhos e o dólar, a queda.

A melhora generalizada dos ativos domésticos começou após a informação de que o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, tinha sido esfaqueado durante campanha nas ruas de Juiz de Fora (MG), o que levou a uma onda de especulação em torno dos impactos que o ataque pode ter na campanha eleitoral.

As taxas já mostravam recuo firme desde a manhã, a partir do IPCA de agosto, que teve deflação maior do que esperado, levando à redução das apostas de alta da Selic no Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro na curva a termo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 fechou a sessão regular em 7,410%, de 7,528% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2020 terminou na mínima de 8,67%, de 8,82% ontem no ajuste.

A taxa do DI para janeiro de 2021 caiu de 10,10% para 9,92% (mínima) e a do DI para janeiro de 2023 fechou em 11,58% (mínima), de 11,77% ontem no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,94% para 12,32% (mínima). O dólar fechou abaixo dos R$ 4,10, a R$ 4,0847.

Bolsonaro foi atingido por uma facada no abdômen e, num primeiro momento, a notícia era de que o ferimento era superficial. O candidato teve uma lesão e passava por cirurgia no fim da tarde, segundo a Santa Casa de Juiz de Fora.

Rapidamente, o mercado passou a "operar o cenário eleitoral" e, numa leitura mais pragmática e imediatista, a percepção foi de que o incidente por si só pode enfraquecer a tendência de crescimento da esquerda na corrida presidencial.

"O mercado está comprando a ideia de que ele pode virar mártir e que o ataque deve esvaziar o discurso da esquerda de que a direita é violenta", disse Breno Martins, economista da Mongeral Aegon Investimentos que, na sequência, questiona.

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O cenário eleitoral já ajudava a ponta longa a ceder na etapa inicial, tendo o mercado visto um viés positivo nos dados da pesquisa Ibope, que mostrou alguma melhora de desempenho do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, e na decisão do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), de negar pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para afastar impedimento à candidatura do petista ao Palácio do Planalto.

O IPCA de agosto teve deflação de 0,09%, mais forte do que apontava o piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast (-0,06%), o que ajudou a reduzir as apostas de alta para a Selic em setembro na curva a termo. Segundo cálculos do Haitong Banco de Investimentos, a curva precificava 14 pontos-base de aumento para a taxa básica na próxima reunião, ou 56% de possibilidade de alta de 0,25 ponto porcentual e 44% de chance de manutenção. Ontem, estava em 22 pontos, ou 88% de chance de avanço de 0,25 e 22% de probabilidade de manutenção.

Após ter sido esfaqueado em ato de campanha em Juiz de Fora (MG), o candidato do PSL à Presidência nas eleições 2018, Jair Bolsonaro, está sendo submetido a uma operação na Santa Casa da cidade.

Segundo entrevista rápida do porta-voz do hospital, Bolsonaro tem uma perfuração na altura do abdômen. O candidato passa, neste momento, por um procedimento chamado laparotomia exploratória.

Há suspeita de lesão no fígado e na alça intestinal. Se esses ferimentos forem confirmados na cirurgia, são graves e podem provocar sangramento interno. A cirurgia ainda não tem horário estimado para acabar.

A Polícia Federal prendeu Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos, o homem acusado de esfaquear o candidato Bolsonaro. A PF vai instaurar investigação para apurar a agressão sofrida pelo candidato.

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou à reportagem que o atentado a faca ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) "aumenta muito as nossas preocupações com as eleições". Villas Bôas, que tem rechaçado repetidamente a possibilidade de uma intervenção militar no País, vem se mostrando preocupado com o acirramento dos ânimos na disputa eleitoral.

O deputado Flavio Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável, disse que a pessoa que atacou seu pai agiu para matá-lo, e que a campanha "já avaliava que este tipo de violência poderia acontecer". O candidato não usava colete à prova de balas, afirmou Flávio.

O deputado estadual e candidato do PSL a senador pelo Rio, Flávio Bolsonaro, afirmou no início da noite desta sexta-feira 6, no Twitter, que o ferimento sofrido pelo presidenciável Jair Bolsonaro foi pior do que se esperava.

"Infelizmente foi mais grave que esperávamos. A perfuração atingiu parte do fígado, do pulmão e da alça do intestino. Perdeu muito sangue, chegou no hospital com pressão de 10/3, quase morto... Seu estado agora parece estabilizado. Orem, por favor!", afirmou na rede social.

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, lamentou nesta quinta-feira, 6, o ataque sofrido pelo concorrente Jair Bolsonaro (PSL), durante agenda de campanha em Juiz de Fora (MG).

"Política se faz com diálogo e convencimento, jamais com ódio. Qualquer ato de violência é deplorável. Esperamos que a investigação sobre o ataque ao deputado Jair Bolsonaro seja rápida, e a punição, exemplar. Esperamos que o candidato se recupere rapidamente", escreveu o tucano no Twitter.

O presidente em exercício da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Roberto Mateus Ordine, lamenta o ato de violência cometido contra o candidato à Presidência da República.

“O atentado contra a vida de Jair Bolsonaro é um triste percalço na história do Brasil. Em um momento em que as tensões sociais dividem a população, é preciso encontrar um denominador comum para que o País volte a prosperar. E somente por meio do diálogo é que podemos buscar as convergências necessárias para a construção de um Brasil de todos ? feito por todos, com a participação de todos. Desejamos melhoras para o candidato e rápida recuperação”.

FOTO: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

 

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