Ano novo – desafios e esperanças
Considerando que o combate à nova cepa do vírus não deverá se dar por restrições às atividades econômicas, pode-se esperar que na média a economia cresça até 2%
Chegamos ao final de 2021 e é normal que se faça um balanço do ano que termina e se projete cenários, ou, pelo menos, se alinhe expectativas ou perspectivas para 2022.
O balanço do ano que se finda é preliminar, porque muitos dados importantes ainda não são definitivos. Por isso, parece ser mais interessante uma análise qualitativa dos principais fatores que influenciaram a economia e a sociedade.
Não se pode avaliar os acontecimentos de 2021 sem considerar que, além da continuidade da pandemia, o país enfrentou a maior seca das últimas décadas, crise energética, incêndios, enchentes, forte alta no preço do petróleo e desorganização das cadeias produtivas internas e externas.
O número ainda elevado de mortos pela covid-19 é, sem dúvida, o principal aspecto negativo, quando se esperava por um arrefecimento maior da pandemia. Assim como as restrições à volta às aulas presenciais, que impactaram muito fortemente a camada mais vulnerável da população, que pouco aproveitou do ensino on-line e que registrou número muito elevado de abandono escolar.
Na economia, a inflação elevada, a instabilidade cambial, as dúvidas sobre o desempenho fiscal, o aumento dos juros, afetaram a retomada que se delineava nos primeiros meses do ano, reduzindo o ritmo das atividades econômicas nos últimos meses.
De outro lado, a safra agrícola, o alto preço das commodities e a demanda internacional beneficiaram a balança comercial e as atividades ligados ao setor agropecuário.
O avanço da vacinação propiciou a retomada de alguns segmentos do setor Serviços, o mais prejudicado pelas restrições, e a melhora do emprego, mesmo que ainda em grande parte na informalidade.
O empreendedorismo por necessidade ganhou grande impulso com as microempresas e os microempreendedores individuais (MEIs), mas, também, o empreendedorismo por oportunidade gerou centenas de startups, muitas que, inclusive, se tornaram unicórnios rapidamente.
Talvez os avanços mais importantes ainda não foram percebidos, mas a aprovação de diversas medidas no Congresso vai permitir grande expansão das Parcerias Público Privadas em áreas como saneamento, ferrovias, rodovias, transporte marítimo e outras, que somente se farão sentir no médio prazo.
Partindo desse balanço preliminar, e das características do ano de 2022, marcado por eleições para presidente, governadores e para o legislativo, o que gera incerteza, às quais se somam as adicionadas pela pandemia com o surgimento da variante “Ômicron”, o que se pode esperar para o novo ano?
Parece claro que será mais um ano difícil, pois encerramos 2021 com desaceleração da economia e, ainda, com inflação alta e juros elevados, além das incertezas.
Acredito, contudo, que as projeções extremamente pessimistas que têm circulado, de crescimento próximo de zero ou negativo, ignoram alguns fatores que poderão surpreender positivamente. Os investimentos nas PPPs e os das empresas deverão crescer, houve aumento da produtividade nas empresas com a informatização e o surgimento de novas tecnologias, e o agronegócio continua bem.
Considerando que o combate à nova cepa do vírus não deverá se dar por novas restrições às atividades econômicas - até porque a população não aceitará - mas por aumento da vacinação, pode-se esperar que na média a economia poderá crescer até 2%, embora com forte desigualdade entre setores e empresas.
O empresário, que não pode se deixar dominar pelo pessimismo, e que tem que tomar decisões todos os dias, precisa estar permanentemente informado, manter a flexibilidade para poder adaptar-se às variações dos cenários, buscar novas estratégias para seus negócios, agir com cautela, mas sem se deixar paralisar pelo medo de tomar decisões.
Se o mercado não crescer, o empresário deve olhar, sobretudo, internamente, e verificar tudo que possa melhorar na sua empresa, enquanto aguarda a melhora da economia.