Amazon quer revolucionar o mercado da saúde

Amazon Care, clínica virtual da varejista, começou como um negócio totalmente dedicado aos próprios funcionários, e este ano deve ser disponibilizado também para outras empresas

Mariana Missiaggia
16/Abr/2021
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Amazon quer revolucionar o mercado da saúde

Nas últimas semanas, a Amazon anunciou seu plano de lançar um serviço de saúde para empresas dos Estados Unidos. A novidade seria uma evolução do programa Amazon Care, uma espécie de convênio próprio que até então, funcionava exclusivamente, para alguns colaboradores da varejista e seus familiares.

Além disso, a partir de agora, o programa de telemedicina que era restrito a funcionários de apenas alguns estados, ficará disponível para todo o quadro de colaboradores da gigante do e-commerce.

Essa e outras ações relacionadas à indústria da saúde mostram que a Amazon está na vanguarda, especialmente num cenário pós-pandemia com particularidades, como a entrega de medicamentos com prescrição médica.

Com sua vasta infraestrutura, integração de informática e pool de dados de consumidores e usuários, a Amazon está pronta para avançar na área da saúde.

AMAZON CARE COMO PORTA DE ENTRADA

Em 2019, o Amazon Care foi lançado como um programa piloto para oferecer atendimento remoto para funcionários da Amazon em casos de emergência.

Inicialmente, o benefício foi estendido apenas aos trabalhadores do estado de Washington, onde está localizada a sede da empresa. Entre os serviços oferecidos, estão consultas virtuais gratuitas e visitas domiciliares feitas por enfermeiras para testes e vacinas.

A partir daí, a plataforma foi evoluindo para outros tipos de atendimentos, como o Care Chat, que consiste em um bate-papo por texto no aplicativo que conecta o usuário a uma enfermeira para obter orientações sobre qualquer tópico de saúde.

Há também o Video Care, em que o funcionário da Amazon (ou os familiares, dependendo do plano) pode conversar em vídeo com um médico ou enfermeiro por meio do aplicativo para obter diagnósticos, tratamento ou referências. No Mobile Care, uma enfermeira pode ser enviada para a casa ou escritório do paciente para realizar exames, testes ou tratamentos presenciais, e o Care Courier entrega medicamentos prescritos para o usuário em questão no endereço desejado.

Em entrevista a veículos de imprensa locais, como CNBC e a Bussiness Insider, executivos justificaram dizendo que a Amazon Benefits (serviço de benefícios voltado aos funcionários da Amazon) serviu de inspiração para que a varejista entendesse as necessidades de outras empresas nesse assunto antes de se lançar no mercado.

A expectativa é de que o Amazon Care comece a ser comercializado, exclusivamente para pessoas físicas, ainda esse ano, mas contemplando apenas a oferta do atendimento virtual. Os serviços presenciais adicionais continuam apenas para alguns estados em que a varejista atua. 

OPORTUNIDADES NO MERCADO DE SAÚDE

De olho em um setor que representa U$ 3,5 trilhões, a Amazon planeja usar toda a sua tecnologia para desenvolver novos serviços de saúde.

Com seus recursos globais de distribuição e uma vasta rede on-line de consumidores, a empresa se mostra pronta para otimizar esse mercado. 

Nesses últimos anos, a Amazon desenvolveu e lançou a sua própria farmácia on-line, após ter comprado a PillPack, em 2018 - dona de uma licença que permite comercializar medicamentos em todos os estados norte-americanos e com bons relacionamentos na indústria que garantiam descontos especiais.

Além disso, a PillPack vende algo que se assemelha aos princípios da Amazon: conveniência. Fundada em 2013 por um farmacêutico, o empreendimento nasceu com a premissa de resolver um problema comum entre idosos e doentes crônicos, que demandam doses diárias de medicamentos.

Ao receber as receitas enviadas pelos pacientes, a PillPack organizava e separava as pílulas em embalagens individuais de acordo com dias e horários e todas as instruções para ingestão.

Outra atenção a mais da companhia era avaliar se a interação entre os medicamentos pedidos poderiam causar algum tipo de efeito colateral ou reação adversa.  

Aprofundando-se um pouco mais nesse universo, no último ano, a Amazon criou uma parceria com o provedor de saúde Crossover Health para aumentar o número de clínicas de saúde presenciais para seus funcionários. Desde então, a iniciativa atende trabalhadores da Amazon em 17 locais nos estados do Texas, Arizona, Kentucky, Califórnia e Michigan.

Todas essas iniciativas - farmácia PillPack, Crossover Health e Amazon Care são administradas como iniciativas independentes de assistência à saúde na Amazon - operações que têm evoluído muito por meio da telemedicina impulsionada pela pandemia de coranavírus. 

A movimentação em direção a esse mercado de telemedicina tem sido bem expressiva nos Estados Unidos desde o ano passado. Em outubro, a Teladoc, multinacional de telemedicina, pagou U$ 18 bilhões para adquirir a Livongo, empresa de gerenciamento de diabetes.

Há pouco mais de um mês, a Evernorth, uma das divisões da multinacional de serviços de saúde Cigna, anunciou que compraria a plataforma de atendimento virtual MDLive. A aquisição foi confirmada esta semana.

Na mesma época, o provedor de telemedicina Doctor on Demand anunciou sua fusão com a Grand Rounds, que fornece serviços de navegação para cuidados de saúde.

Os três negócios se concentraram em fornecer serviços de saúde digital mais integrados aos empregadores, à medida que as grandes empresas buscam, cada vez mais, tornar os serviços médicos e de saúde mental mais acessíveis virtualmente, além do presencial.

Fato é que a intervenção da tecnologia no mercado de saúde pode revolucionar não só a maneira de comprar medicamentos ou o acesso a melhores condições de atendimento, mas principalmente, abrir novas possibilidades de prevenção que reduziriam drasticamente os custos das empresas desse setor e das que as contratam.

Além de vender e faturar, a ideia principal por trás desses empreendimentos é que esse verdadeiro banco de dados possibilite análises mais aprofundadas sobre pessoas doentes, podendo antecipar anos de pesquisas, esclarecendo, por exemplo, como uma doença se manifesta em seus estágios iniciais, auxiliando na prevenção.

Há ainda quem vá mais longe, algumas empresas estão dispostas a encontrar nos dados dos pacientes a própria cura das doenças.

 

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