A inadimplência e a democracia
Vamos ver se, com essa crise, a população aprendeu a triste lição não votando mais nos falsos salvadores da pátria e castradores de sonho
O IBGE acaba de informar que, em julho, 55 milhões de brasileiros encontravam-se inadimplentes.
Isso significa que mais da metade da população economicamente ativa enfrenta algum tipo de dificuldade financeira, deixando de cumprir suas obrigações.
É um número muito grande de pessoas, entre as quais certamente se encontram os mais de 13 milhões de desempregados, com reflexo perverso na qualidade de vida dessas famílias.
Como é triste ver isso em um país rico, como o nosso, que após ter implantado o plano real em 1994, conseguiu dar a volta por cima em seu passado de subdesenvolvimento para chegar no início da década de 2000 sendo reconhecido como uma das economias mais promissoras do mundo.
Foi capa e manchete dos principais jornais e revistas do mundo e apontada como a estrela do países que compunham o BRICS., incluindo uma reserva internacional de mais de US$ 400 milhões.
Quando em 2008 a economia americana soluçou, fazendo o mundo tremer, os olhos argutos dos investidores internacionais voltaram-se para o Brasil, permitindo-nos crer que a hora da superação brasileira havia chegado e a nossa economia escaparia dos reveses passados.
Mas, aí chegou a vez do populismo assumir o governo, prometendo uma qualidade de vida melhor para todas as classes sociais e, em especial, para as classes mais pobres.
O entusiasmo passou a dominar a população de baixa renda, que via a justa possibilidade de conseguir seu sonho da casa própria e de ter um automóvel.
Programas de sucesso como “Minha Casa” e longos financiamentos para a compra de carro novo surgia como mágica, anestesiando as pessoas de boa fé.
Ardilosamente, porém, uma minoria esquerdista se aproveitou daquele momento para infiltrar ideias socialistas bolivariana, que surgia como a salvação na América Latina.
No mesmo período crescia a corrupção, como jamais se viu neste país.
Os teóricos dessa prática aproveitaram a tese romana do pão e circo. De um lado, geravam a expectativa do campeonato mundial de futebol e das Olimpíadas no Rio, para a alegria da população emergente.
Aquela minoria ardilosa percebia também que a hora era propícia para infiltrar as práticas do caos gramscista e o vandalismo cresceu nos movimentos políticos para estimular a recepção do socialismo bolivariano.
O inesperado, porém, aconteceu em nossa viçosa economia, não aguentando tanto desaforo praticado, com a corrupção endêmica de um lado e a orgia financeira para poucos privilegiados de outro lado.
A inflação de outrora, dominada pelo plano Real, agora voltava com apetite para balançar nossa economia e o sucesso das manchetes jornalísticas de recente passado, foram substituídas pelo desastre econômico promovido pelo populismo barato e a tentativa de domínio bolivariano.
O resultado dessa tentativa desastrada pela incompetência e prepotência da esquerda festiva no poder, incentivada por interesses econômicos de aventureiros travestidos de empresários acabou gerando a volta da miséria para a população de baixa renda e da classe média desempregada, diante do fechamento de empresas que não suportaram o desiquilíbrio da economia atual.
Agora chegou a hora de pagar a conta dos desmandos desse recente passado, obrigando o país a reconstruir uma economia espoliada por aventureiros e incompetentes.
O pior é que a dor maior é dos mais pobres que não conseguem sustentar suas famílias sem oferta de emprego.
Vamos ver se, com essa crise, a população aprendeu a triste lição não votando mais nos falsos salvadores da pátria e castradores de sonho.
A única vitória de toda essa confusão está no amadurecimento de nossa democracia, que permanece estável.
*As opiniões expressas em artigos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não coincidem, necessariamente, com as do Diário do Comércio